domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ventos do Destino


Em agosto de 2010 fiz um cruzeiro de uma semana no Liberty of the Sea. Um navio de quinze andares que nos proporcionou dias de grande entretenimento. Cerca de cinco mil pessoas estavam literalmente no mesmo barco. Gente de vários países compartilhando das delícias oferecidas aos viajantes. Diversas raças, culturas, língua, posição social, mas um só objetivo; descansar e divertir.
Saindo de Miami viajamos à noite inteira até aportarmos numa praia do Haiti. Precisamos fazer um desvio por causa do furacão que passava pelo Caribe. O vento era forte e, apesar daquela embarcação ser bastante estável, sentíamos o vai e vem delineado pelo conluio entre as ondas e o vento. Tudo era calmo na manhã seguinte. Fomos a uma bela praia, onde a água era quente e os peixes pareciam nos saudar de tão perto que chegavam. Duas horas depois o tempo virou de repente, o céu enegreceu, o vento carregava os objetos deixados na areia. Saímos imediatamente da água e procuramos abrigo. Chuva intensa e vento forte por cerca de trinta minutos. Vento este que chegou a derrubar dois arbustos à nossa frente.

Passada a tempestade, o sol raiou majestoso sem fazer muito esforço e todos voltaram a divertir-se. Parecia que nada de grave havia acontecido. Meus amigos e eu comentamos que agora tínhamos história para contar, estivemos num furacão.
Pensando sobre a força do vento e o destino da embarcação, lembrei do pequeno poema que me fora enviado por alguém no Orkut, que me ensinou uma grande verdade.

VENTOS DO DESTINO
                                                               Ella Wheeler Wilcox

Um barco sai para leste e outro para oeste
Levados pelos mesmos ventos que sopram:
É a posição das velas,
E não os temporais,
Que lhes dita o curso a seguir.
Como os ventos do mar são os ventos do destino
Quando navegamos ao longo da vida:
É a posição da alma
Que determina a meta,
E não a calmaria ou a borrasca.

Se esperarmos apenas calmarias para nos lançar com segurança no navegar da embarcação da vida é porque somos inaptos para atravessar situações adversas que se apresentam. Os temporais existem, eles chegam inesperadamente na vida de qualquer um, causando tumulto, levando preciosidades que conquistamos, arrancando pela raiz aquilo que plantamos, acabando com a festa e nos deixando acuados entre quatro paredes. Quando se está em alto mar lutando com o vento e as grandes ondas que parecem tragar a embarcação, é o leme que não deixa a embarcação à deriva. Ele norteia afastando o barco dos lugares perigosos e conduzindo-o em segurança até o lugar da bonança.

Somos como uma embarcação que navega nos mares da vida e dia após dia enfrenta desde a calmaria onde é fácil navegar e desfrutar de toda a beleza e prazer oferecidos, até as intempéries, que rouba o brilho do sol trazendo nuvens gigantescas que desabam em tempestade e o esforço para manter o leme na posição correta é quase impossível. Os perigosos recifes podem trazer danos irreversíveis ou nos levar à pique, por isso a total atenção com o leme deve ser mantida.

De acordo com o poema, é o posicionamento da alma diante das tormentas que vai direcionar o rumo que toma a vida. Ao longo dos meus cinquenta e dois anos procurei aprender um pouco com cada pessoa que passou por mim e alguns fizeram grande diferença. Em casa, com os pais, aprendi o básico que me deu subsídios para ser uma pessoa equilibrada. Porém, quando me vi fora da redoma passando por situações que chegaram para me fazer amadurecer ou apodrecer soube que precisava tomar atitudes corretas.

Então passei a me observar mais, redirecionei meus sentimentos que andavam confusos, parei de me sentir coitadinha e encarei a vida de frente, numa atitude de bravura que descobri dentro de mim. A coragem estava lá. A maturidade precisa ser conquistada, pois ela não cai do céu e não vem de mão beijada. É no enfrentamento diário que forjamos a estrutura de ferro tão necessária a alma. Com o aprendizado eu decidi que quero ser uma pessoa forte, que toma atitudes sensatas diante de situações catastróficas.

Quem conhece a minha vida e sabe das grandes dificuldades que passei e ainda passo, não entende como consigo manter este sorriso constante nos lábios. O exercício diário para manter os sentimentos equilibrados aliados a fé, me fizeram esta pessoa forte de hoje, bem diferente da Denise de trinta anos atrás, frágil, medrosa, pequena no interior, que não conseguia olhar além das dificuldades, vivendo o meu mundo pequeno sem grandes perspectivas. Hoje um novo mundo se descortinou para mim, e vou conquistá-lo, pois “a alegria do Senhor é a minha força”.

Aprendi com a experiência que nós damos dimensão a certas coisas. Se eu tenho um problema, posso me preocupar dentro da normalidade, porque sou um ser humano, ou posso passar noites sem dormir e adoecer buscando uma solução. Se uma grande tristeza me atingir, eu posso sofrer muito, desesperadamente ou de forma normal como todo mundo. Se perdermos o ponto de equilíbrio nas situações, ficamos à deriva como a embarcação cujas velas se rasgam e o leme avaria. O posicionamento correto da alma diante da vida pode e deve ser controlado por nós.

Afinal, a vida é bela apesar dos pesares e, para se manter desta forma, eu e você precisamos nos esforçar. Eu posso vir a ser o meu pior inimigo se me acomodar diante das situações, se der ouvidos a voz dos pensamentos negativos, que uma vez instalados corroem tudo de positivo na estrutura do ser. O leme que direciona as velas foi dado em nossas mãos. Que posição tomar? Avançar ou retroceder? Cruzar os braços ou arregaçar as mangas? Ser corajoso ou coitadinho? Estas são indagações impostas pelo desafio diário precisam ser bem decididas por mim e por você, para que a vida dentro de nós continue sendo simplesmente BELA.

Grande abraço.

Denise Figueiredo Passos

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O NASCER DO SOL


Alguns dias atrás, por simples curiosidade, fui à praia em pleno inverno para ver como ficava a areia do mar coberta pela neve, pois a paisagem muda completamente quando neva. Muito frio e vento forte, mas eu estava lá aproveitando aquele raro visual.
Lembrei-me então do dia em que fomos ver o nascer do sol numa praia semelhante aquela, onde a temperatura estava mais agradável, em pleno verão.  Ao chegarmos lá, ao desligamos os faróis do carro, tudo era escuridão, então foi necessário usar as pequenas lanternas para iluminar a trilha até o mar. Caminhei pela faixa de areia fria por causa da brisa noturna e, no silêncio, comecei a ouvir os sons da noite que não se sabe bem de onde procedia; aliado ao barulho alvoroçado das aves marinhas que ensaiavam o canto de alegria para receber um novo dia. Enquanto podíamos enxergar apenas alguns metros a frente, as estrelas que cintilavam no imenso céu rompiam a escuridão para trazer um pouco de luz a tímida lua em quarto crescente. De repente um tom de rosa, que foi se intensificando até se transformar num forte alaranjado, pinta o horizonte, e o azul do céu se revela em contraste com o forte azul esverdeado do oceano.
Eu estava lá, sentada na areia, quase sem piscar, desfrutando da beleza inigualável daquele quadro maravilhoso, que Deus pinta todas as manhãs para alegrar e aquecer a vida do homem - o nascer do sol. O sol finalmente rompeu a escuridão e ela se foi. Simplesmente deixou de existir. Tudo se tornou claro. Aonde a luz chega, a escuridão se vai. Não pode haver trevas e luz num mesmo lugar. As duas são antônimas em causa e efeito. Podem até ocupar o mesmo lugar, mas nunca ao mesmo tempo. Aos poucos o sol imponente foi tomando seu lugar de destaque no céu, constatando que chegou para brilhar, subindo a cada minuto até ser dia perfeito.
A vida começou a encher aquele lugar; agora havia bandos de pássaros. As gaivotas bailavam ao sabor das ondas, indo e vindo, enquanto saboreavam o delicioso café da manhã oferecido pelo imenso mar os pequenos crustáceos que faziam a areia borbulhar. Ao longe surgiam pequenas embarcações coloridas que pontilhavam em tamanhos diferentes o oceano. Para pescar ou simplesmente navegar, aproveitando o belo dia ensolarado daquela manhã de verão, diversas pessoas se divertiam ao sabor do vento favorável.
Engraçado, que a primeira coisa que acontece quando a luz chega é a noção de espaço, de amplidão. Enquanto reina a escuridão, pouco se vê e pouco se sabe do que se passa ao redor. A visão é turva e limitada. Na luz, a linha do horizonte é tão vasta que parece não ter fim. Podemos olhar nas quatro direções e ver diferentes caminhos a tomar e daí entender que a luz é boa para nos fazer enxergar as diferentes opções que a vida nos oferece. Quando pensamos que há apenas o caminho do mar que pode nos afogar de tão imenso, olhamos no mínimo mais três, nos lados e na retaguarda.
Outra coisa que a luz do sol me revelou naquele lugar foi o lixo deixado pelos usuários. Ao sabor das ondas também estavam copos e latas de refrigerante. O branco da areia competia com o forte colorido das embalagens de biscoitos e picolés, cujos palitos estavam enfiados no que restou dos castelos de areia construídos no dia anterior.
A luz revela todo o lixo acumulado, ao longo do tempo, tudo aquilo que não foi devidamente limpo e reciclado na oportunidade de fazê-lo. Às vezes acumula tanto que é necessário um mutirão para poder levar o lixo para o lugar que lhe cabe, a lixeira. O perigo da escuridão é que ela não deixa ver o que é agradável de ser visto e aproveitado e ainda encobre a danosa sujeira.
Lembrei-me do texto de Mateus 4.16:

O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz, e os que estavam assentados na região da sombra da morte, a luz raiou”.

Este texto nos traz uma percepção da universalidade do Reino de Deus. Assim como o sol com sua luminosidade intensa nasce para irradiar luz para todos, da mesma forma Jesus, o Filho unigênito do Deus Altíssimo, veio para trazer luz a todos os homens. Assim como o sol nasce para todos, quer sejam bons ou maus, a luz de Cristo alcança a todos, sem preconceito algum.
O texto parece fazer distinção entre dois grupos de pessoas. Sem conhecer profundamente, eu ouso dizer que o povo que estava assentado em trevas é aquele tipo de pessoa que leva a vida de forma normal, sem prejudicar a ninguém, pessoas de bom caráter, boa índole, cumpridores do dever, porém, não têm a vida iluminada por Jesus. Quer dizer, não basta ser um bom ser humano; precisa voltar a ser parte da essência divina, em Jesus. Só através dEle o homem volta ao estado de imagem e semelhança do Criador.

     “e os que estavam assentados na região da sombra da morte, a luz raiou”.

Esta frase qualifica outra classe de pessoas em estado pior que o primeiro grupo. Este segundo grupo está assentado, em estado de prostração, passando a idéia de conformação com a situação em que se encontra. Inerte, sem perspectiva, este grupo não quer ou não consegue, com esforço próprio, o recurso necessário para sair desta condição. Este grupo é bastante abrangente. Além de conter os que vivem todo tipo de marginalidade, os que maquinam e praticam o mal; os que se emaranham nas vias do péssimo caráter, os manipuladores de vidas, os opressores e, aí podemos citar uma lista enorme no desvio de conduta, porém, na pior parte deste grupo estão os que conhecem a luz e não querem andar nela, preferem viver em trevas; temos os que ouviram falar da luz, mas preferem as densas trevas, os que já conheceram e andaram na luz e hoje estão distantes e nem por telescópio conseguem enxergá-la, os que fingem andar na luz, mas, a sua vida é escuridão, os que falam da luz como se nela andassem e enganam a muitos. Todos estes vivem como mortos, na região onde paira a sombra da morte, pois desprezam a luz e a vida. Muitos até travestidos de santidade, conhecedores, mas não cumpridores da Escritura. A estes e a muitos outros também raiou a LUZ. A luz que revela onde mudar, onde é necessário limpar, onde precisa adornar, a fim de que vivamos na Luz como viveu Jesus.
Quer seja no contexto daquela época ou no atual, o certo é que Jesus ainda é a luz que ilumina a escuridão da nossa vida, é ele que ilumina o caminho no qual devemos andar, ele é quem irradia verdade em nosso coração e assim liberta o homem de si mesmo e de todo jugo dos opressores.

Sejam abençoados.

Denise F. Passos

domingo, 30 de janeiro de 2011

Ela me ensinou a amar a Deus


     Em algumas matérias postadas no meu blog, falei sobre minha mãe, como uma espécie de agradecimento por todo o cuidado que ela teve com meus irmãos e comigo. Um forte desejo de escrever sobre ela, de falar sobre as suas virtudes, não me saia da mente. O que eu não sabia é que ela seria levada de mim tão cedo.
     Aliás, no fundo nós sabíamos, pois, fomos avisados. Deus cuida dos seus em todos os momentos e ajuda a ser menos dolorida a nossa dor, que vai se tornando menor dia após dia. Minha mãe teve muitas limitações, pouco estudo, mas, era dotada de inteligência e força de vontade. Eu e meus irmãos fomos para a escola primária, já sabendo ler e escrever, e contar até 1000, do que ela se orgulhava muito e nós também. Ela me ensinou a declamar poesia, que comecei aos quatro anos de idade e hoje declamo poesia com cinco páginas. E todas eram de Mário Barreto França, nosso poeta predileto. Ela se orgulhava dos filhos, da educação rígida que deu. Ela e meu pai nos ensinaram a ser pessoas honestas e de bom caráter. Nada passava despercebido. Boa esposa e mãe. Além de cuidar da família, sempre teve os agregados que de uma forma ou outra ajudava, alguns até chegaram a ser hospedados em nossa pequena casa.
     Ela gostava de brincar conosco. As brincadeiras de criança da minha época eram excelentes. Lembro-me de um dia que nós brincamos de pique esconde lá em casa. Meu pai pulou a janela e se escondeu no quintal, foi logo achado por mim, mas, a minha mãe, ninguém achou. Não sei como, mas, ela entrou no guarda roupa e colocou as cobertas na frente e ninguém a achou. Tivemos grandes momentos em família. Nosso café da manhã dos sábados foi marcante. Era o dia que o meu pai estava em casa, então se tornava festa, tínhamos tempo de comer à vontade e jogar conversa fora. Até hoje eu gosto de café da manhã em família.
     Porém, o maior legado que meu pai e ela nos deixaram, foi o fato de terem nos ensinado a amar a Deus sobre todas as coisas. Meu pai foi pastor da mesma igreja por mais de 30 anos e ali, eu e meus irmãos crescemos, vendo a minha mãe como preciosa auxiliadora no ministério dele. Grande parte do que ele foi como pastor, deve-se a ela. Eu, a filha mais velha, fui companheira dos dois e aprendi dos dois lados. Com papai fiz meu primeiro curso de Teologia, aos 14 anos de idade, eu o acompanhava as visitas, aos cultos ao ar livre, e as convenções de ministros, além de algumas vezes ir ao rancho na Marinha onde ele trabalhava, só para filar a bóia. Nós perdemos as contas de quantos pastores ele formou e que hoje estão espalhados pelo mundo. Com minha mãe aprendi a lidar com a parte social da igreja, a ver a necessidade das pessoas e de alguma forma supri-la. Desenvolvi o talento de trabalhar com mulheres na igreja, dando estudos e pregações. Também foi com ela que aprendi a cantar, a recitar e a ser uma mulher de grande fé, que vence as batalhas em oração. Um grande legado. Esta é a melhor herança que eu e meus irmãos podemos ter.
     Além da grande saudade que ficou e vai perdurar enquanto viver, lamento o fato de que, daqui por diante, não terei ninguém que ore por mim com tanto amor, como minha querida mãe orava. A oração das mães move o coração de Deus. Regada com amor e desprendimento, além de uma grande renúncia.
Ilma de Almeida Figueiredo 27/10/1933 a 25/01/2011
Obrigado pelo carinho de todos.
Denise Figueiredo Passos
    

     
   

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tributo as grandes mulheres como Alicia Nesh

                  A idéia de fazer este blog começou a partir dos estudos para mulheres da minha igreja e pregações que escrevia. Um pequeno acervo que adquiri com a experiência, ao longo dos anos. Um desafio a que me proponho; cada dia produzir mais e melhor. Instruindo-me e cooperando para o crescimento de outros. Aprendendo com a simplicidade da vida, que é linda de ser vivida, apesar das tantas dificuldades. Até que possa destilar esperança e todos os benefícios que a acompanham. Escrever, para mim, é conhecer a mim mesma, é exteriorizar um pouco do que sou. De forma simples, como eu, uma pessoa amante da vida.
A vida é um presente que poucos sabem valorizar. Uma jóia preciosa que deve ser bem cuidada para não se deteriorar.
Hoje assisti a um filme, narrativa de uma linda história de vida. É engraçado como muita coisa boa de assistir passa despercebido, enquanto assimilamos tantas porcarias filmadas. “A beautifil mind”...”A mente brilhante”, é a biografia de John Nash. Mestre em matemática, dono de uma mente brilhante, decifrador de incógnitas e teoremas complicadíssimos, venturoso em tudo que fazia, desenvolveu um quadro de esquizofrenia ainda enquanto estudava e mesmo assim foi chamado para pós-graduação em Harvard, o que recusou. Preferiu estudar e contribuir para o engrandecimento da Universidade de Princeton em New Jersey, que lhe ofereceu mais vantagens, acreditando em seu potencial.
Casou com Alicia Nash e teve um filho. As muitas entradas no hospital psiquiátrico com tratamento prolongado, a base de choque elétrico e os fortes psicotrópicos o deixavam meio que fora do ar, apático, inábil para o trabalho, incapaz de interagir com os poucos amigos e a família, de participar da criação do seu filho e de amar a sua mulher. O mundo imaginário criado pelo quadro esquizofrênico, o fazia ouvir vozes e visualizar pessoas que interagiam com ele deixando-o perturbado, até que tomou a decisão de não mais tomar os remédios e administrar as imagens do seu mundo particular, mantendo-os controlados. Fantasmas que o atormentavam dia a dia, incitando-o a fazer coisas fora da realidade.
Os caminhos da mente são tênues. Uma linha muito frágil, separa a realidade da loucura que sempre estão presentes na vida de qualquer um, basta sair do equilíbrio por muito tempo. John, conseguiu administrar esta loucura com a ajuda de Alicia. Numa parte do filme que muito me chamou atenção ela diz: “...desistir de Nash é como desistir de Deus e de mim mesma”. Esta mulher, soube amar. Amor é uma palavra que anda na boca de muita gente, que pouco sabe amar. Pessoas que vivem um amor de aparência, mas, quando este sentimento é provado pelas dificuldades que a vida impõe, o suposto amor é o primeiro que corre.
     Não basta amar, precisamos saber amar. Conhecendo as deficiências e necessidades do ser amado, pois, quem ama, não pensa em si mesmo, antes no objeto do amor, sua prioridade. Alicia, tanto quanto as mulheres dos grandes idealistas que teceram a história, estão correndo junto, lado a lado, dando suporte, conduzindo seus gênios ao brilho. Enquanto eles recebem os louros, elas estão na platéia, fazendo parte do coro de palmas, sabedoras que se eles estão no pódio, um grande percentual deve-se a elas, enquanto a sensação de dever cumprido é demonstrado na lágrima que rola pela face e o largo sorriso nos lábios. As grandiosas mulheres em cujo seio eles descansam, cujos ouvidos estão atentos para as novidades e de onde parte as excelentes idéias para seus gênios desenvolverem suas brilhantes teses, os mais sábios conselhos que os mantém à salvo, cujas mãos sempre afagam em suaves cafunés e os ombros firmes em apoio, quando nem tudo dá certo, leais quando todos os abandonam. As mulheres que sabem amar são frágeis e fortes, doces e cítricas quando necessário, iluminam como lâmpada a escuridão diária de seus gênios. E os guiam pelos caminhos do amor quando eles não encontram tempo para perder com estas tolices fugazes que tanto os enchem de vida e de esperança.
     Particularmente quero parabenizar as mulheres que sustentam a sua casa em oração. São estas, as grandes responsáveis pelo êxito de filhos e maridos. Os prêmios e todos os troféus, pertencem a estas guerreiras. Mulheres que oferecem a própria vida em sacrifício e que só descansam quando a resposta chega. Mulheres como a minha mãe, que me ensinou a lutar pelo bem-estar do meu lar.  
     Grande abraço
     Denise Figueiredo Passos
    

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A grandeza de Deus


Desde crianças ouvimos falar na grandeza de Deus, nos seus grandes feitos, tanto na criação, quanto através dos heróis da fé, nas grandes vitórias das guerras travadas e nos estupendos milagres realizados. Assim crescemos tendo noção de quão grande e poderoso é Deus. Um Deus que apenas e simplesmente É; onde o macro e o micro lhes são a mesma coisa. Tão imensurável que no céu está o seu trono, mas, a terra é o estrado dos seus pés. 

Da minha geração até por volta dos anos 80, Deus ainda era o super-herói da garotada. Com o passar dos anos e com toda esta tecnologia galopante, nossos filhos e netos tendem a não ter este referencial. A geração vídeo-game aperta botões e tudo acontece. E Deus, parece demorar muito em suas decisões para ter controle sobre todas as coisas. Que mudança é esta que tira de um lado e acrescenta de outro, de forma tão superficial? Se Deus não muda, o que mudou então? Que forma de crer estamos ensinando a esta nova geração; a de um Deus virtual?
Nasci num lar cheio de amor e tive uma infância emocionalmente saudável, com os altos e baixos de uma família normal. Mamãe tinha pouco estudo, porém, eu e meus irmãos fomos para a escola sabendo ler e escrever e contar até mil (do que ela se orgulhava muito e nós também). Papai mudou-se de Angra dos Reis e ingressou na Marinha, onde fez carreira. Ele foi criado em um lar evangélico, enquanto que minha mãe teve formação católica e em quatro meses após o casamento, foram recebidos por Jesus na Assembléia de Deus em Madureira, RJ. Nesta igreja vivi toda a minha infância e cresci nos ensinamentos bíblicos que me deram estrutura para viver uma vida cristã equilibrada.
Aos seis anos de idade, fui acometida de difteria e na época muitas crianças morriam desta fatídica doença. O médico queria me internar no isolamento do Hospital S. Sebastião, mas, minha mãe pediu permissão para me cuidar em casa, pois, tinha quem aplicasse as muitas injeções que eu deveria tomar. Isto ocorreu numa segunda-feira, mas, desde a sexta da semana anterior, já havia febre alta e dor na garganta, o que mamãe estava tratando como gripe. A doença piorava a cada dia e na quinta-feira meus olhos começaram a revirar e meu corpo gelou. Eu era pele e ossos, apenas.

 Lembro-me de que no torpor da morte, eu estava voando num lugar, onde a luz do dia se apagava e de forma sombria olhava o solo com muitas covas abertas. Voando comigo, havia um Ser cuja face ainda não podia ver e, que de forma silenciosa acompanhava a minha mortal aventura e eu me msentia segura, sem medo algum daquele lugar. O vale de sombra e morte é real, eu estive lá. Naquele exato momento, meus pais estavam ajoelhados com o rosto em terra intercedendo pela minha vida, acompanhados por irmãos de nossa igreja. Minha mãe prometeu ao Senhor que se Ele me tornasse a vida e curasse a doença a primeira vez que fosse à igreja eu recitaria uma poesia que, ela mesma compôs.

“Jesus Cristo é o mesmo. Ontem, hoje e para sempre,
Radicalmente curada, hoje canto alegremente.
Num leito de enfermidade, meus pais chorando de dor
Ao verem sua filha amada, clamam e rogam ao seu Senhor.
Hoje digo esta poesia, cumprido um voto a meu Deus,
Para que eu nunca me esqueça da benção que Ele me deu.”
                                                         Ilma de Almeida Figueiredo
     
Não sei como, mas, retornei daquele horrendo lugar e a recuperação foi gradativa. Na mesma semana, meu pai estava me alimentando com um caldo de legumes e, milagrosamente as placas soltaram da garganta e vieram para a colher, exatamente ao meio dia, enquanto a minha mãe orava. Sou imensamente grata ao Senhor pela cura e a oportunidade que me deu de viver, por isso, sou alegre da forma que as pessoas não entendem, acho que a vida é bela, e boa de ser vivida apesar dos pesares. Só quem já viu a morte de frente, entende o que estou dizendo.
     Por esta, e por tantas outras situações, creio que Deus pode fazer o que Ele quiser, da forma que quiser, quando quiser e com quem quiser. A Bíblia é um livro maravilhoso, que nos traz revelação de Deus, com diversas figuras de linguagem, mesclando história, poesia e revelação e aprendemos que não deve ser interpretada ao pé da letra. Isto, sabemos, aprendemos no curso teológico, mas, aliada a minha experiência pessoal, ela revela a existência de um Deus real e atuante, um Deus poderoso, que me trouxe da morte para a vida e me deu oportunidade  de  hoje escrever este texto, para falar do poder que Ele  demonstrou no que fez por mim. Tenho certeza absoluta de que este Deus que me deu vida, trazendo-me de volta de outra dimensão, tem poder para ter realizado os feitos contidos neste livro. Não duvido de nada quando se refere ao Seu poder.
Não levamos em conta que Deus deixa algumas interrogações para que tenhamos liberdade de escolher que rumo tomar na fé. Fé que transforma a morte em vida, a doença em saúde, fé que derruba muralhas e desconhece o não posso, o não consigo. Esta é a fé que agrada a Deus. Que tipo de Deus nós estamos ensinando a esta nova geração a amar e temer? Nossos filhos precisam aprender a viver uma fé sólida e genuína, sem infantilidade, porém firme; uma fé crescente, não estagnada.

Deixo este texto em homenagem a  minha mãe, que me ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas. Foi uma honra tê-la como mãe e ter aprendido com ela a lutar com as armas da fé. Não com base em uma fé fundamentalista e medíocre, mas uma fé viva e real; de um Deus presente, participante e atuante, cujo poder não se altera, jamais.



Feliz dia das  mães a todas vocês que tiveram a grata oportunidade de trazer dar a luz a outro ser! No mesmo pacote, vem todas as responsabilidades de amar e criar no temor do Senhor; para fazer dos filhos, mais do que simples membros de igrejas, e sim discípulos do Mestre.
      
Deus nos abençoe.
Denise F. Passos

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Você alguma vez já colocou Deus no banco dos réus?


          Deus nunca deixa o homem sem opções, nas várias situações da vida, elas estão lá, às vezes em um leque de oportunidades que se abre, em outras situações, duas, ou mais um pouco delas se apresentam, mas, sempre estão lá, nas encruzilhadas da vida. A começar do Paraíso quando Deus plantou um jardim e ofereceu ao homem, lugar onde viveria feliz e em paz, suprido de tudo o que precisava, inclusive da árvore da vida. Porém, este homem escolheu justamente a árvore da qual Deus disse: “Não coma dela, pois, no dia em que comerdes, certamente morrerás”. Ao comer, o mal que já existia, mas, estava sem raio de ação, se instalou e ao longo dos séculos veio crescendo na raça humana, galopantemente.
Deus poderia impedir que o homem o desobedecesse, quando deu tantas opções de escolha, confiando à decisão ao próprio homem? Deus queria que o mal se instalasse no coração humano perpetuando-se na espécie?  Muitas indagacões até hoje confundem homens que estão sem resposta. Há quem ainda pergunte: Onde estava Deus quando tanta maldade ocorreu no mundo? Onde estava Deus enquanto seis milhões de judeus foram mortos? Onde estava Deus enquanto escravos estavam sendo exterminados na África e no Brasil? Onde estava Deus quando Roma matou muitos milhões? Onde estava Deus quando os Césares mataram milhões de cristãos?
É fácil apontar o dedo e acusar a Deus pelo próprio erro. O homem faz isto desde que o mundo é mundo. Lá no Édem, quando foi inquirido a respeito da desobediência, o homem acusou a mulher, a mulher acusou a serpente, e a serpente olhou de um lado e para o outro e não achou mais ninguém, então decidiu até hoje tentar jogar a culpa que é do homem, em Deus. Foi o próprio homem quem abriu a porta de entrada para o mal, com a sua escolha.
Certamente o que a maioria destes acusadores de Deus quer, é um deus bonzinho, que só faça acontecer o bem apesar do homem escolher o mal, um deus que passe a mão pela cabeça dos culpados como se inocentes fossem. Estes, não sabem que é o próprio homem com sua mente pecaminosa que faz escolhas erradas, sua mente distorcida pelo pecado sempre quer o mal, sempre quer fora da vontade de Deus. Só através da regeneração em Jesus Cristo, o homem é capaz de rejeitar o mal, porque passa a enxergá-lo.
Morei num lugar onde vi um pouco de tudo acontecer. Certo dia, ouvi um burburinho na porta de casa, e a notícia a boca miúda era de que arrombaram uma loja de doces na avenida principal e que entre os arrombadores estavam mãe e filhos. Mais tarde quando cresceram estes jovens tornaram-se criminosos e foram assassinados. Triste, é que estes moços ouviram do amor de Deus e até algumas vezes freqüentaram nossos cultos domésticos. Posso eu colocar a culpa deste fato em Deus? Porque Deus deixou o mal dominá-los até a morte?  Eles traçaram o destino da vida com a escolha que fizeram.
Há homens que se afastam tanto de Deus no caminho inverso escolhido, que acabam afastando-se também da sua humanidade. Já que fomos criados a partir de Deus, a Sua imagem e semelhança, o afastamento rompe laços espirituais, tornando os homens orgulhosos, irracionais e malignos em sua alma, destilam mal sobre tudo e todos. E como tudo que foi criado tem um ciclo, o mal também o tem. Ele nasce quando a mente dá vazão a pensamentos perversos,  que se transformam em sentimentos mais perversos ainda, que desencadeiam em ações. E isto vai passando de pai para filho através das gerações. Pais que ensinam a seus filhos a odiar o coleguinha desenvolvem uma mente psicopata. O engraçado é que pensamos que o mal é coisa de hoje. Começou lá traz, no início, acompanha o homem de perto e cresce assustadoramente até causar os terrores da história humana como os fatos que lemos nas perguntas citadas acima. Afinal homens como Sargão II, Hitler os Césares e tantos contados na história, foram o que foram porque outros homens apoiaram suas idéias malignamente dominadoras.
     É bastante cômodo para nós colocarmos Deus no banco dos réus, acusando-o de ser conivente com o mal, permitindo que tanta coisa ruim aconteça com a humanidade. Assim também agiu Jonas quando não quis pregar para arrependimento do povo de Nínive. Um povo bárbaro que segundo ele não merecia perdão. Zangou com Deus, fugiu e chegou puxado pelo divino anzol, por livre e espontânea pressão, e em vez de proclamar misericórdia, pregou juízo.
     Deus não precisa da minha defesa, mas, se posso, quero fazê-lo por amor. Por entender que nada foge ao seu controle e que foi o próprio homem que derrubou o primeiro dominó que causou o efeito em cadeia. Deus apenas o colocou lá. Como Deus daria a liberdade de escolha se não houvesse uma segunda opção? O homem não é obrigado, mas, sempre tem a opção de seguir o BEM.
          Denise Passos

sábado, 1 de janeiro de 2011

                 Noção de perigo
Todos nós gostamos de ouvir os pais contarem nossas proezas realizadas na infância. Uma peraltice aqui, uma frase engraçada ali, um ato de bravura meio desengonçado e, outros tantos que fazem parte da grande lista dos pais corujas. Lembro-me sempre de ouvir a minha mãe contar que eu tinha por volta de dois anos de idade quando fomos ao porto do Rio de Janeiro, esperar meu tio que havia estado na Holanda por dois anos. Toda a família reunida para este encontro emocionante e enquanto avistávamos o imenso mar na chegada do grande navio, a única coisa que eu pronunciava era “quanta água, quanta água” e, fazia uma forca enorme para me jogar no mar, pelo que a minha mãe não deixou ninguém me segurar, com receio de que eu fosse mais rápida de que quem estivesse comigo nos braços. Sem noção alguma do perigo do oceano, sem entender a grandeza do mar e a profundidade que tem, eu apenas querida me jogar na água, sem me dar conta que aquela água era diferente em tamanho e em profundidade da poça de água que se formava no quintal nos fundos de nossa casa, onde eu mergulhava nos dias chuvosos, quando alguém esquecia a porta da cozinha aberta.
Hoje entendo que a única coisa que minha mãe queria, era me proteger, mas, talvez eu tivesse ficado com muito brava no momento. Ela não me permitiu deliciar naquela água tão convidativa. Eu teria saltado, nadado, batido na água até fazer muitas bolhas, mas, certamente, teria morrido. Assim também, é o cuidado de Deus, quando queremos brincar com o perigo. E se vocês pensam que temos total noção do risco que corremos, ledo engano. Todo perigo que nos cerca, vem disfarçado com beleza, cultura, entretenimento, etc. Nossos olhos só querem enxergar a parte boa, a parte do prazer. A morte que bate a porta, não vemos, é ruim demais para ser visualizada. Não temos controle da situação depois de enredados.
Quem nasceu nos anos 50 lembra do seriado, “Perdidos no espaço”, onde uma família de cientistas mais o doutor Smith e, um robô desengonçado viajavam pelo espaço sideral na tentativa de voltar ao nosso planeta. Este robô tinha síndrome de cão de guarda, pois, quando algo estava errado, ou algum inimigo se aproximava, acendia luzes, rodava os braços rodava da cintura para cima e começava a berrar “perigo, perigo, perigo...”
Da mesma forma o sensor que em nós foi implantado, chamado consciência, está alerta para os grandes perigos que se apresentam em nosso caminho, reagindo como alarme por causa da nossa percepção ofuscada pelo deslumbre ilusório, porém, todos nós sabemos muito bem o que é certo e errado e devemos dar atenção a este alarme natural.  A barreira de recalque funciona perfeitamente em nós. O que não entendemos é o tamanho da consequência avassaladora que corre desembestada como avalanche, capaz de prender e sufocar a vida. Por isso, eu sou adepta do ditado popular “É melhor prevenir do que remediar”.
No livro do Gênesis, capítulo 4, antes de acontecer o primeiro homicídio, um alerta foi dado a Caim, devido à inveja que nutriu por Abel, seu irmão.   “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta e sobre ti será o seu desejo, mas, sobre ele deves dominar.”
O perigo que estava à porta, permanecia do lado de fora. Só Caim poderia abrir esta porta cuja maçaneta só existe do lado dentro, com o mau procedimento. Enquanto permanece do lado de fora, temos o domínio, quando consumado, torna-se realidade e domina o homem, algemando-o a situações que só Deus pode reverter. E pela imensurável graça em que somos envolvidos, encontramos força necessária para dominar e estar outra vez acima das situações difíceis da vida.
Desejo a todos um feliz 2011. Que as bênçãos e o cuidado do Senhor estejam sobre a nossa vida!




Denise Passos

domingo, 26 de dezembro de 2010

Não perca a sua chance

                  
     Na semana passada andei pelas ruas de Nova Iorque, e visitei uma feirinha de artesanato em frente ao Central park, então, lembrei de uma reportagem que assisti a alguns anos passados. Num programa de bate papo com imigrantes que foram bem sucedidos na América, o repórter pediu ao homem elegante sentado a sua frente que (cujo nome não me lembro) que contasse sua história de vida. Ele começou tímido narrando o tempo de dificuldades que passou; tempo difícil, onde não tinha onde morar, o céu estrelado que cintilava sobre ele no banco do Central Park, onde dormia, era a única riqueza que vislumbrava. E quando o dia raiava trazia esperança de que talvez pudesse encontrar um lugar ao sol naquela grande cidade. Uma chance era o que ele precisava. Apenas uma.
Barriga vazia, roupas enxovalhadas, tomar um banho? Nem pensar. Mochila transformada em travesseiro ajeitava o corpo esguio ao formato do banco para outra noite dormir ao relento, embalado pela lua e as estrelas. Um pensamento, como uma pequena oração, um pedido pela misericórdia divina passou ligeiro na mente, enquanto a lágrima quente rolava no canto do olho. “Deus, muda a minha sorte”. Dormiu e, sonhou que estava confeccionando bolsas artesanais feitas de couro. Algo bem rústico.
Quando o dia raiou, brilhou uma nova luz, aquele sonho foi uma orientação de Deus para a mudança radical da sua vida, trazendo a certeza de que o futuro seria bem melhor que o presente. Juntou tudo que possuía, pediu alguma ajuda e partiu à compra de material para confeccionar as primeiras bolsas da sua grife. Não sabia por onde começar, nunca havia feito algo semelhante. Estendeu uma lona no chão onde depositou meia dúzia de esperança confeccionada em forma de bolsa.
Uma repórter famosa que transitava por ali, gostou do que viu, comprou as bolsas e pediu que desse uma entrevista, precisava compor uma matéria e era justamente o que ela estava procurando. Da noite para o dia a sua vida mudou. Além de vender seu material, ficou famoso em um só dia. Começou a produzir cada vez mais e depois de certo tempo, comprou o prédio em frente ao banco onde dormia no Central Park, para quando olhar lá de cima, disse ele, me lembrar de onde vim, a fim de que o sucesso não me suba à cabeça e mantenha um coração agradecido pelo favor alcançado.
Dizem que certas chances na vida ocorrem poucas vezes e as grandes oportunidades talvez apenas uma vez, portanto, deixá-las passar é uma temeridade. Perder oportunidade é o mesmo que ter direito a uma herança e não se fazer presente para requerê-la. As chances sempre aparecem na vida de qualquer pessoa, de forma e em proporções diferentes, porém, as escolhas que fazemos e, as iniciativas que tomamos, faz toda a diferença no resultado. Infelizmente deixamos o tempo correr adiando para amanhã o que precisamos fazer hoje. As chances passam e vão embora, talvez para nunca mais voltarem.
A história acima parece o conto de um filme, ficção deslumbrada, onde Alice sai do País das Maravilhas, da terra do faz de conta e encontra o caminho de volta para casa. Pelo contrário, é história real  e acontece na vida de muita gente pelo mundo a fora. Gente que crê gente que busca gente que é otimista e não desiste até que seu objetivo se complete. O contentamento de cada um é que vai determinar a plena satisfação no objeto desejado. Uns se contentam com pouco e logo se sentem realizados, outros querem mais e melhor, em busca de superar a si mesmos a cada dia descobrem o potencial inato inserido por Deus em Sua criação.
A narrativa das gerações descrita no livro das Crônicas, na Bíblia Sagrada, decanta a genealogia desde Adão e, entre tantos nomes e ocupações, faz uma pausa para destacar a vida de um homem que numa grande e breve história de fé, obteve mudança radical. Jabez, homem de fé, que numa simples oração alcançou o coração de Deus e Seu favor, para viver uma vida visivelmente abençoada em sua comunidade, de tal forma que entrou na história do povo hebreu, servindo como exemplo de confiança e dependência do poder divino; é o que nos relata 1Crônicas 4:9e10.
 “E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe deu-lhe o nome de Jabez, dizendo: Porquanto com dores dei a luz. Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo e meus termos ampliares, e tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que tinha pedido.”
Um dia eu fiz pedido semelhante e estou a caminho da realização. Já tive muitas conquistas, inúmeras perdas, mas, nada relevante se comparado ao brilhante final que Deus preparou minha história de vida. Ainda tenho muito a conquistar. Não desisto facilmente de um objetivo, principalmente se tenho um bom motivo para lutar. Ao cair, levanto, sacudo a poeira e ando outra vez, quantas milhas forem necessárias a fim de conquistar todas as bênçãos que Deus tem reservado para minha vida, no que o Seu nome sempre é glorificado.
Um novo ano se aproxima e é tempo de repensar os objetivos. Fazer uma lista que inclua agradecimentos e pedidos, novas metas a serem alcançadas e apresentadas a Deus e, trabalhar com afinco para que se realizem é um bom pontapé inicial. Queira mais da vida, afinal, “você vai até onde a sua fé alcança.

Feliz Natal e um Ano Novo repleto de bênçãos.
Denise Passos

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

INDEPENDE DE ESTATURA


Num determinado dia, a vizinha do terceiro andar, do prédio onde moravamos, no bairro de Irajá, na cidade do Rio de Janeiro, bateu à minha porta a fim de contar que ficou perplexa com a Sueni, minha filha do meio. Contou-me que ela subiu até o seu apartamento, bateu à porta e quando avistou o toquinho de gente, disse que a Bianca, sua filha estava brincando em frente ao prédio, ao que ela respondeu: Não tia, eu vim falar com você. Já que é assim, entra e senta um pouco. Sentou-se na cadeira estofada que de tão grande deixou as perninhas balançando, já que na época tinha apenas cinco anos de idade.  Parou um momento e olhou os detalhes da sala de estar e gesticulando para dar ênfase as suas palavras começou a falar: “Sabe tia, Deus é tão bom, dá tanta coisa pra a gente, dá roupa, comida, brinquedo, etc. Ele não quer que a gente fique triste, porque Ele sempre tá com a gente, todo dia, toda hora. Ele fica triste, quando a gente tá triste”. Deus um salto da cadeira e disse: Acabei, vou brincar. Correu em direção a porta e com um beijo agradecido na face rosada daquele anjinho, ela se despediu.

Minha vizinha, bela por dentro e por fora, foi casada com um jogador de futebol bastante inconseqüente. Namorados desde a adolescência; fase onde tudo é belo; foi marcada pela dura realidade da vida que a deixou totalmente deprimida. Deus falou comigo através da sua filha, disse ela. Depois da nossa conversa eu comecei a analisar a minha vida e vi que eu não tinha motivos para cultivar aquela tristeza, porque apesar dos dissabores que a vida me trouxe, Deus está comigo. Eu é que preciso me aproximar mais dEle.

Naquela época, realizávamos culto doméstico em nosso lar uma vez por semana e muitos vizinhos passaram a freqüentar, de forma que a sala de estar lotava e ainda ficava gente de pé. Muitos passaram e ter vida cristã, outros foram curados, outros aconselhados, e nos dez anos em que lá vivemos, conseguimos contribuir para o crescimento da vida cristã e pessoal de muitos vizinhos. Nosso lar era refúgio de muitos que não tinham alento e o mais engraçado é que tudo isto conseguimos graças à bondade de Deus, pois, vivíamos envolvidos numa série de problemas pessoais que quase nos sufocavam, mas, que só o Senhor e nós sabíamos. Para àquelas pessoas tão carentes que esperavam receber algo, nossa vida era perfeita, sem grandes problemas. É sempre assim com os que depositam total confiança em Deus, a alegria se renova a cada manhã e a vida se torna mais fácil, de modo que o sorriso não se perde dos lábios.

Esta pequena história de vida nos faz pensar que, se esperarmos estar prontos e capacitados, sem impedimentos, ou seja, totalmente disponíveis para realizar o que é esperado de nós, nunca realizaremos nada. Marcaremos passo a vida inteira, sem sair do lugar, sem expandir, sem crescer. Lembro-me de quando minhas filhas estavam em fase de crescimento e em alguns momentos queixavam-se de dores nos ossos, eu pensava que era devido às peraltices e a energia acumulada, mas, na realidade estavam em crescimento acelerado.

Muitos não suportam a dor que o crescimento traz e preferem atrofiar-se anulando toda possibilidade de desenvolvimento, ou talvez desenvolvendo apenas aquilo que é mais fácil, o que óbvio e a parte que todo mundo faz, sem buscar inovações. Pela preguiça de pensar e idealizar novos horizontes na conquista da gama enorme de atribuições projetadas por Deus para nós, em sua diversidade; perdemos oportunidade de nos projetar, multiplicando algum talento concedido por Deus. E esta preguiça vai muito além do que imaginamos, pois, já de início começamos com preguiça de conhecermos a nós mesmos para saber onde precisamos melhorar, onde temos em excesso, em que área há escassez, onde precisa de polimento, de adorno, onde precisa reconstruir, onde precisa derrubar, onde precisa tirar o entulho, o lixo que o tempo acumulou. E isto em várias áreas do nosso homem interior. É mais fácil fazer de conta que tudo está bem, tapando o sol com a peneira.

Cada pessoa tem o seu tempo de despertar e Deus espera pacientemente por nós, mas, enquanto isto, muito se perde, muito do que deveria ser feito, não se faz. E quem enxerga isto, torna-se responsável em ajudar a quem precisa acordar para a vida. Um imã de geladeira que ganhei da amiga Loide, dizia o seguinte: “Seja paciente comigo, Deus ainda não terminou a Sua obra em mim”.
Tomara que este despertar logo aconteça. Que o Ide para nós seja imediato como na história narrada acima. Onde uma criança obedece sem questionar, por não conhecer o verbete "limitação", move-se impulsionada pelo Espírito Santo e, com palavras e gestos simples, contribui para a mudança de vida do seu próximo. Não espere estar pronto para o "realizar" da obra de Deus. Você nunca estará. Não espere o tempo passar. O tempo de fazer algo significante para o Reino de Deus é agora, enquanto você tem vida. Comece primeiro disponibilizando-se e vai descobrir seus talentos e dons para servir mais e melhor.
Deus nos abençoe.
Denise Passos

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Captar imagem

Captar Imagens

No ano de 2002 minhas filhas estudavam no John F. Kennedy High School em Maryland, USA onde a caçula resolveu fazer pintura em tela como matéria opcional de Artes Plásticas.
Na época Suelaine estava com 16 anos, quando começou a desenvolver sua veia artística. Um dia ao conversarmos expressei meu desejo frustrado de também pintar em tela. Secretamente ela conversou com a professora que me deixou participar de algumas aulas, já que estas eram realizadas aos sábados, fora do horário das aulas regulares.
Na sala, havia diversos ambientes, que forneciam diferentes opções de estilo e inspiração, onde os alunos retratavam em seus desenhos e pinturas, a expressão da alma. Uma delas me chamou bastante atenção. A mesa posta para o café da manhã trazia uma bela toalha quadriculada, em vermelho e branco, xícaras com seus respectivos pires, bule e leiteira, manteigueira e talheres a postos. No centro, o destaque era um lindo vaso de “flores do campo” cujo colorido vibrante, disputava espaço com a exuberante cesta de frutas. Os pães dispostos na travessa aguardavam silenciosamente ao lado dos sortidos biscoitos, enquanto o majestoso bolo de chocolate completava o banquete.
Os alunos iam sentando-se a frente da mesa fazendo um semi-círculo, ávidos em retratar tão belo modelo. Grafite nas mãos, papel ou tela, muito trabalho à frente para aqueles alunos. Neste meu primeiro dia, fui apenas observar e captar detalhes da aula.
Num dado momento, levantei para ir ao banheiro e, no caminho de volta antes ir para o meu lugar, avistei a mesa de longe e a observei de outro ângulo. Sem chamar atenção caminhei lentamente até a outra ponta e percebi que a cada passo dado, a disposição dos elementos inertes mudava na ótica do observador. Todos estavam pintando os mesmos elementos em ótica diferente. Até o facho de luz que incidia da grande janela contribuía para esta diferença.Também passei por traz da mesa e a observei de onde não se tem um visual completo de todos os utensílios e guloseimas. Apenas o imponente vaso de flores continuava exibindo seu charme e mantendo o mesmo visual em 360 graus.
Um artista aprende a observar, a ver os detalhes quando estuda o futuro objeto de arte. Parte de sua alma, no que tange aos sentimentos e a personalidade estão embutidos no conjunto de coisas que tornam o produto final apreciado por todos.
Certa vez fui a casa onde uma amiga morava a trabalhava. Linda casa com piscina, um belo jardim, um salão de jogos e academia para ginástica de fazer inveja. Seu patrão havia falecido há pouco tempo e a esposa estava vendendo algumas coisas a fim de mudar-se para um apartamento menor.
No tour de visita, parei no atelier, onde inúmeras telas de variados tamanhos estavam expostas e observei as pinturas, principalmente as de grande porte que foram pintadas pouco tempo antes da sua morte. Os tons eram sempre escuros, pesados, bem sombrios, numa mistura de cores e objetos indefinidos que demonstravam a alma aflita e deprimida daquele homem, que infelizmente captava imagens de um ângulo totalmente lúgubre.
Em qualquer situação da vida, como na sala de pintura citada, as pessoas olham de diferentes ângulos dependendo do posicionamento e, é justamente a posição da mente e do coração que vai determinar o resultado final, como também ocorre no trabalho do artista.
Em tudo isto há um grande aprendizado no que tange ao respeito que se deve ter com as diferentes opiniões. A tendência das pessoas a ter opinião própria e, isto é bom, porém, excluir outras por causa da diferente forma de pensar, é uma tremenda “falta de respeito”.
A tendência do possessivo é impor sua vontade, e normalmente não se abre sequer para ouvir opinião alheia. Não observadora, a pessoa fecha-se em torno de si mesma no radicalismo, autoritarismo e outros “ismos” da vida, tornando-se indigesta.
Respeitar as diferentes opiniões é: abrir-se as possibilidades, ter a mente aberta para descobrir caminhos jamais percorridos, manter viva a versatilidade do universo humano, dar oportunidade de crescimento intelectual as pessoas com menor expressão, mas, que são inteligentes e tem muito a oferecer como contribuição à sociedade.
Enfim, respeitar as diversas opiniões é expandir-se, na consciência de que não se é o único, e principalmente, de que não se é “dono da verdade”. E que a “verdade” pode ser contemplada por vários ângulos sem deixar de ser VERDADE. O objeto em foco não se altera por causa da posição do observador, mas, aguarda silencioso: a captação da sua essência, dos seus detalhes, das cores, da luz, do relevo, da sobreposição; ávido a ser retratado pela sensibilidade do artista, ansioso por adornar ambientes antes descaracterizados e paredes nuas de beleza.
Deus, no anseio de ser retratado por nós revelou-se aos homens que o retrataram na forma do posicionamento da sua cultura, entendendo-o como possessão particular e não universal. Jesus saiu do seu lugar, dispôs todos os elementos necessários, captou todos os detalhes, e ensinou ao homem como manter um relacionamento sólido com o Pai, porém, como a tendência da história é se repetir; acabamos fazendo o mesmo que nossos antepassados. Na ânsia de acertar, erramos e o pior de tudo; erramos em nome de Deus.
Denise F. Passos

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Happy Thanksgiving



Happy thanksgiving -- Feliz Dia de Ações de Graça



Desde que minha família e eu viemos morar nos Estados Unidos, em janeiro de 1999, conhecemos novos costumes da cultura deste país, passando a assimilar um pouco da cultura americana. Cresci assistindo aos filmes da sessão da tarde e os seriados que são chamados de enlatados, por muitos, mas, para bons observadores trazem muito da história e cultura local. Bastante observadora, passei a conhecer lugares, parte da história, estações do ano, celebrações, política e religião. Sem imaginar que um dia viria parar aqui. Graças aos chamados enlatados, vim conhecendo em parte o que vivo hoje, ao vivo e em cores.

A adaptação a um novo lugar sempre requer boa vontade. Eu mergulhei de cabeça no meu objetivo de aprender inglês e trabalhar para me sentir útil. Tudo era novidade e os amigos se incumbiam de nos ensinar a viver da melhor forma e aproveitar as benesses da terra que, ainda mana, leite e mel. No final do ano, mais especificamente no início de novembro, começamos a decorar a casa para celebrar o dia ação de graças. Amigos e famílias se reúnem para agradecerem as bênçãos recebidas.

Lembro-me como hoje, em nosso primeiro thanksgiving. Fomos a igreja num culto matutino, onde cada um levou um prato diferente, para o delicioso café da manhã. Logo após, subimos ao templo para cultuarmos ao Senhor, agradecidos pelas inúmeras bênçãos alcançadas. Terminado o culto fomos para casa, era hora de preparar o tradicional almoço de Thanksgivem. Celebramos este dia em casa de amigos que nos ensinaram a história e como comemorar este feriado.

Em 1621, os colonos ingleses que também chamados de peregrinos, antes do inverno chegar, instituíram um dia de agradecimento pela colheita anual. Na colônia Plymouth em Massachusetts, reuniram as famílias e os índios da tribo Wanpanoag, num dia de agradecimento pela fartura de alimento, que aos poucos foi se tornando uma tradição. Porém, em 1789 o então presidente, George Washington, tornou feriado nacional à quarta quinta-feira do mês de novembro para esta celebração.

No Brasil, esta celebração também faz parte do nosso calendário, mas, talvez por não ser decretado feriado, ou pelo fato do povo não entender o espírito desta comemoração, ela passa batida como um dia comum. Na Lei de número 781 de 17 de agosto de 1949, no governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra, o congresso estipulou que a última quinta-feira do mês de novembro seria o dia Nacional de Ações de Graças. Só em 1966 o então presidente Marechal Humberto Castelo Branco mudou a data para a quarta quinta-feira do mês de novembro, a fim coincidir com o resto do mundo na celebração.

Muitos no Brasil, nem sequer tem conhecimento desta data comemorativa. As igrejas perdem a oportunidade de mostrar ao mundo que, as pequenas diferenças que nos separam, são tão ínfimas quando comparadas Aquele que nos une, no espírito de gratidão que habita em nós. Unidade vai além do que imaginamos. Semear gratidão é exercício familiar. Eu aprendi isto desde criança, com meus pais, em nosso lar. Porém, as famílias; que são a base da nossa sociedade, e portanto da Igreja, vive uma troca absurda de valores. Mas, você e eu podemos começar a mudar o curso desta história, fazendo a nossa parte em formar a consciência de outros. No Brasil já existe um movimento que divulga e promove a celebração de ação de graças em várias regiões.

Dois anos atrás, eu estava no Brasil e no mês de outubro, comecei a perceber a movimentação do comércio e de algumas pessoas na comemoração do Holloween. A festa das bruxas comemorada no dia 31 de outubro, finalmente chegou ao nosso país. Chegou atrasada, porém, ganhou espaço cativo, pois, em pouco tempo conquistou mais fama do que o “Dia Nacional de Ação de Graças”. Até algumas escolas já tem esta festa em seu calendário.

Isto nos serve de alerta. Enquanto não revermos nosso conceito de cristianismo, fazendo com que o mundo veja a integridade da verdadeira luz brilhando em nossa face, refletindo o existente no interior, continuaremos a ser enxergados como um povinho; que relega o imprescindível pelo importante. Se algo tão sublime como a gratidão não estiver em nosso coração, seremos como o sino que retine, fazendo muito barulho, mas completamente ocos.

Happy Thanksgiving!!!

Feliz dia de Ação de graças!!!

Denise F Passos