domingo, 30 de janeiro de 2011

Ela me ensinou a amar a Deus


     Em algumas matérias postadas no meu blog, falei sobre minha mãe, como uma espécie de agradecimento por todo o cuidado que ela teve com meus irmãos e comigo. Um forte desejo de escrever sobre ela, de falar sobre as suas virtudes, não me saia da mente. O que eu não sabia é que ela seria levada de mim tão cedo.
     Aliás, no fundo nós sabíamos, pois, fomos avisados. Deus cuida dos seus em todos os momentos e ajuda a ser menos dolorida a nossa dor, que vai se tornando menor dia após dia. Minha mãe teve muitas limitações, pouco estudo, mas, era dotada de inteligência e força de vontade. Eu e meus irmãos fomos para a escola primária, já sabendo ler e escrever, e contar até 1000, do que ela se orgulhava muito e nós também. Ela me ensinou a declamar poesia, que comecei aos quatro anos de idade e hoje declamo poesia com cinco páginas. E todas eram de Mário Barreto França, nosso poeta predileto. Ela se orgulhava dos filhos, da educação rígida que deu. Ela e meu pai nos ensinaram a ser pessoas honestas e de bom caráter. Nada passava despercebido. Boa esposa e mãe. Além de cuidar da família, sempre teve os agregados que de uma forma ou outra ajudava, alguns até chegaram a ser hospedados em nossa pequena casa.
     Ela gostava de brincar conosco. As brincadeiras de criança da minha época eram excelentes. Lembro-me de um dia que nós brincamos de pique esconde lá em casa. Meu pai pulou a janela e se escondeu no quintal, foi logo achado por mim, mas, a minha mãe, ninguém achou. Não sei como, mas, ela entrou no guarda roupa e colocou as cobertas na frente e ninguém a achou. Tivemos grandes momentos em família. Nosso café da manhã dos sábados foi marcante. Era o dia que o meu pai estava em casa, então se tornava festa, tínhamos tempo de comer à vontade e jogar conversa fora. Até hoje eu gosto de café da manhã em família.
     Porém, o maior legado que meu pai e ela nos deixaram, foi o fato de terem nos ensinado a amar a Deus sobre todas as coisas. Meu pai foi pastor da mesma igreja por mais de 30 anos e ali, eu e meus irmãos crescemos, vendo a minha mãe como preciosa auxiliadora no ministério dele. Grande parte do que ele foi como pastor, deve-se a ela. Eu, a filha mais velha, fui companheira dos dois e aprendi dos dois lados. Com papai fiz meu primeiro curso de Teologia, aos 14 anos de idade, eu o acompanhava as visitas, aos cultos ao ar livre, e as convenções de ministros, além de algumas vezes ir ao rancho na Marinha onde ele trabalhava, só para filar a bóia. Nós perdemos as contas de quantos pastores ele formou e que hoje estão espalhados pelo mundo. Com minha mãe aprendi a lidar com a parte social da igreja, a ver a necessidade das pessoas e de alguma forma supri-la. Desenvolvi o talento de trabalhar com mulheres na igreja, dando estudos e pregações. Também foi com ela que aprendi a cantar, a recitar e a ser uma mulher de grande fé, que vence as batalhas em oração. Um grande legado. Esta é a melhor herança que eu e meus irmãos podemos ter.
     Além da grande saudade que ficou e vai perdurar enquanto viver, lamento o fato de que, daqui por diante, não terei ninguém que ore por mim com tanto amor, como minha querida mãe orava. A oração das mães move o coração de Deus. Regada com amor e desprendimento, além de uma grande renúncia.
Ilma de Almeida Figueiredo 27/10/1933 a 25/01/2011
Obrigado pelo carinho de todos.
Denise Figueiredo Passos
    

     
   

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tributo as grandes mulheres como Alicia Nesh

                  A idéia de fazer este blog começou a partir dos estudos para mulheres da minha igreja e pregações que escrevia. Um pequeno acervo que adquiri com a experiência, ao longo dos anos. Um desafio a que me proponho; cada dia produzir mais e melhor. Instruindo-me e cooperando para o crescimento de outros. Aprendendo com a simplicidade da vida, que é linda de ser vivida, apesar das tantas dificuldades. Até que possa destilar esperança e todos os benefícios que a acompanham. Escrever, para mim, é conhecer a mim mesma, é exteriorizar um pouco do que sou. De forma simples, como eu, uma pessoa amante da vida.
A vida é um presente que poucos sabem valorizar. Uma jóia preciosa que deve ser bem cuidada para não se deteriorar.
Hoje assisti a um filme, narrativa de uma linda história de vida. É engraçado como muita coisa boa de assistir passa despercebido, enquanto assimilamos tantas porcarias filmadas. “A beautifil mind”...”A mente brilhante”, é a biografia de John Nash. Mestre em matemática, dono de uma mente brilhante, decifrador de incógnitas e teoremas complicadíssimos, venturoso em tudo que fazia, desenvolveu um quadro de esquizofrenia ainda enquanto estudava e mesmo assim foi chamado para pós-graduação em Harvard, o que recusou. Preferiu estudar e contribuir para o engrandecimento da Universidade de Princeton em New Jersey, que lhe ofereceu mais vantagens, acreditando em seu potencial.
Casou com Alicia Nash e teve um filho. As muitas entradas no hospital psiquiátrico com tratamento prolongado, a base de choque elétrico e os fortes psicotrópicos o deixavam meio que fora do ar, apático, inábil para o trabalho, incapaz de interagir com os poucos amigos e a família, de participar da criação do seu filho e de amar a sua mulher. O mundo imaginário criado pelo quadro esquizofrênico, o fazia ouvir vozes e visualizar pessoas que interagiam com ele deixando-o perturbado, até que tomou a decisão de não mais tomar os remédios e administrar as imagens do seu mundo particular, mantendo-os controlados. Fantasmas que o atormentavam dia a dia, incitando-o a fazer coisas fora da realidade.
Os caminhos da mente são tênues. Uma linha muito frágil, separa a realidade da loucura que sempre estão presentes na vida de qualquer um, basta sair do equilíbrio por muito tempo. John, conseguiu administrar esta loucura com a ajuda de Alicia. Numa parte do filme que muito me chamou atenção ela diz: “...desistir de Nash é como desistir de Deus e de mim mesma”. Esta mulher, soube amar. Amor é uma palavra que anda na boca de muita gente, que pouco sabe amar. Pessoas que vivem um amor de aparência, mas, quando este sentimento é provado pelas dificuldades que a vida impõe, o suposto amor é o primeiro que corre.
     Não basta amar, precisamos saber amar. Conhecendo as deficiências e necessidades do ser amado, pois, quem ama, não pensa em si mesmo, antes no objeto do amor, sua prioridade. Alicia, tanto quanto as mulheres dos grandes idealistas que teceram a história, estão correndo junto, lado a lado, dando suporte, conduzindo seus gênios ao brilho. Enquanto eles recebem os louros, elas estão na platéia, fazendo parte do coro de palmas, sabedoras que se eles estão no pódio, um grande percentual deve-se a elas, enquanto a sensação de dever cumprido é demonstrado na lágrima que rola pela face e o largo sorriso nos lábios. As grandiosas mulheres em cujo seio eles descansam, cujos ouvidos estão atentos para as novidades e de onde parte as excelentes idéias para seus gênios desenvolverem suas brilhantes teses, os mais sábios conselhos que os mantém à salvo, cujas mãos sempre afagam em suaves cafunés e os ombros firmes em apoio, quando nem tudo dá certo, leais quando todos os abandonam. As mulheres que sabem amar são frágeis e fortes, doces e cítricas quando necessário, iluminam como lâmpada a escuridão diária de seus gênios. E os guiam pelos caminhos do amor quando eles não encontram tempo para perder com estas tolices fugazes que tanto os enchem de vida e de esperança.
     Particularmente quero parabenizar as mulheres que sustentam a sua casa em oração. São estas, as grandes responsáveis pelo êxito de filhos e maridos. Os prêmios e todos os troféus, pertencem a estas guerreiras. Mulheres que oferecem a própria vida em sacrifício e que só descansam quando a resposta chega. Mulheres como a minha mãe, que me ensinou a lutar pelo bem-estar do meu lar.  
     Grande abraço
     Denise Figueiredo Passos
    

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A grandeza de Deus


Desde crianças ouvimos falar na grandeza de Deus, nos seus grandes feitos, tanto na criação, quanto através dos heróis da fé, nas grandes vitórias das guerras travadas e nos estupendos milagres realizados. Assim crescemos tendo noção de quão grande e poderoso é Deus. Um Deus que apenas e simplesmente É; onde o macro e o micro lhes são a mesma coisa. Tão imensurável que no céu está o seu trono, mas, a terra é o estrado dos seus pés. 

Da minha geração até por volta dos anos 80, Deus ainda era o super-herói da garotada. Com o passar dos anos e com toda esta tecnologia galopante, nossos filhos e netos tendem a não ter este referencial. A geração vídeo-game aperta botões e tudo acontece. E Deus, parece demorar muito em suas decisões para ter controle sobre todas as coisas. Que mudança é esta que tira de um lado e acrescenta de outro, de forma tão superficial? Se Deus não muda, o que mudou então? Que forma de crer estamos ensinando a esta nova geração; a de um Deus virtual?
Nasci num lar cheio de amor e tive uma infância emocionalmente saudável, com os altos e baixos de uma família normal. Mamãe tinha pouco estudo, porém, eu e meus irmãos fomos para a escola sabendo ler e escrever e contar até mil (do que ela se orgulhava muito e nós também). Papai mudou-se de Angra dos Reis e ingressou na Marinha, onde fez carreira. Ele foi criado em um lar evangélico, enquanto que minha mãe teve formação católica e em quatro meses após o casamento, foram recebidos por Jesus na Assembléia de Deus em Madureira, RJ. Nesta igreja vivi toda a minha infância e cresci nos ensinamentos bíblicos que me deram estrutura para viver uma vida cristã equilibrada.
Aos seis anos de idade, fui acometida de difteria e na época muitas crianças morriam desta fatídica doença. O médico queria me internar no isolamento do Hospital S. Sebastião, mas, minha mãe pediu permissão para me cuidar em casa, pois, tinha quem aplicasse as muitas injeções que eu deveria tomar. Isto ocorreu numa segunda-feira, mas, desde a sexta da semana anterior, já havia febre alta e dor na garganta, o que mamãe estava tratando como gripe. A doença piorava a cada dia e na quinta-feira meus olhos começaram a revirar e meu corpo gelou. Eu era pele e ossos, apenas.

 Lembro-me de que no torpor da morte, eu estava voando num lugar, onde a luz do dia se apagava e de forma sombria olhava o solo com muitas covas abertas. Voando comigo, havia um Ser cuja face ainda não podia ver e, que de forma silenciosa acompanhava a minha mortal aventura e eu me msentia segura, sem medo algum daquele lugar. O vale de sombra e morte é real, eu estive lá. Naquele exato momento, meus pais estavam ajoelhados com o rosto em terra intercedendo pela minha vida, acompanhados por irmãos de nossa igreja. Minha mãe prometeu ao Senhor que se Ele me tornasse a vida e curasse a doença a primeira vez que fosse à igreja eu recitaria uma poesia que, ela mesma compôs.

“Jesus Cristo é o mesmo. Ontem, hoje e para sempre,
Radicalmente curada, hoje canto alegremente.
Num leito de enfermidade, meus pais chorando de dor
Ao verem sua filha amada, clamam e rogam ao seu Senhor.
Hoje digo esta poesia, cumprido um voto a meu Deus,
Para que eu nunca me esqueça da benção que Ele me deu.”
                                                         Ilma de Almeida Figueiredo
     
Não sei como, mas, retornei daquele horrendo lugar e a recuperação foi gradativa. Na mesma semana, meu pai estava me alimentando com um caldo de legumes e, milagrosamente as placas soltaram da garganta e vieram para a colher, exatamente ao meio dia, enquanto a minha mãe orava. Sou imensamente grata ao Senhor pela cura e a oportunidade que me deu de viver, por isso, sou alegre da forma que as pessoas não entendem, acho que a vida é bela, e boa de ser vivida apesar dos pesares. Só quem já viu a morte de frente, entende o que estou dizendo.
     Por esta, e por tantas outras situações, creio que Deus pode fazer o que Ele quiser, da forma que quiser, quando quiser e com quem quiser. A Bíblia é um livro maravilhoso, que nos traz revelação de Deus, com diversas figuras de linguagem, mesclando história, poesia e revelação e aprendemos que não deve ser interpretada ao pé da letra. Isto, sabemos, aprendemos no curso teológico, mas, aliada a minha experiência pessoal, ela revela a existência de um Deus real e atuante, um Deus poderoso, que me trouxe da morte para a vida e me deu oportunidade  de  hoje escrever este texto, para falar do poder que Ele  demonstrou no que fez por mim. Tenho certeza absoluta de que este Deus que me deu vida, trazendo-me de volta de outra dimensão, tem poder para ter realizado os feitos contidos neste livro. Não duvido de nada quando se refere ao Seu poder.
Não levamos em conta que Deus deixa algumas interrogações para que tenhamos liberdade de escolher que rumo tomar na fé. Fé que transforma a morte em vida, a doença em saúde, fé que derruba muralhas e desconhece o não posso, o não consigo. Esta é a fé que agrada a Deus. Que tipo de Deus nós estamos ensinando a esta nova geração a amar e temer? Nossos filhos precisam aprender a viver uma fé sólida e genuína, sem infantilidade, porém firme; uma fé crescente, não estagnada.

Deixo este texto em homenagem a  minha mãe, que me ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas. Foi uma honra tê-la como mãe e ter aprendido com ela a lutar com as armas da fé. Não com base em uma fé fundamentalista e medíocre, mas uma fé viva e real; de um Deus presente, participante e atuante, cujo poder não se altera, jamais.



Feliz dia das  mães a todas vocês que tiveram a grata oportunidade de trazer dar a luz a outro ser! No mesmo pacote, vem todas as responsabilidades de amar e criar no temor do Senhor; para fazer dos filhos, mais do que simples membros de igrejas, e sim discípulos do Mestre.
      
Deus nos abençoe.
Denise F. Passos

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Você alguma vez já colocou Deus no banco dos réus?


          Deus nunca deixa o homem sem opções, nas várias situações da vida, elas estão lá, às vezes em um leque de oportunidades que se abre, em outras situações, duas, ou mais um pouco delas se apresentam, mas, sempre estão lá, nas encruzilhadas da vida. A começar do Paraíso quando Deus plantou um jardim e ofereceu ao homem, lugar onde viveria feliz e em paz, suprido de tudo o que precisava, inclusive da árvore da vida. Porém, este homem escolheu justamente a árvore da qual Deus disse: “Não coma dela, pois, no dia em que comerdes, certamente morrerás”. Ao comer, o mal que já existia, mas, estava sem raio de ação, se instalou e ao longo dos séculos veio crescendo na raça humana, galopantemente.
Deus poderia impedir que o homem o desobedecesse, quando deu tantas opções de escolha, confiando à decisão ao próprio homem? Deus queria que o mal se instalasse no coração humano perpetuando-se na espécie?  Muitas indagacões até hoje confundem homens que estão sem resposta. Há quem ainda pergunte: Onde estava Deus quando tanta maldade ocorreu no mundo? Onde estava Deus enquanto seis milhões de judeus foram mortos? Onde estava Deus enquanto escravos estavam sendo exterminados na África e no Brasil? Onde estava Deus quando Roma matou muitos milhões? Onde estava Deus quando os Césares mataram milhões de cristãos?
É fácil apontar o dedo e acusar a Deus pelo próprio erro. O homem faz isto desde que o mundo é mundo. Lá no Édem, quando foi inquirido a respeito da desobediência, o homem acusou a mulher, a mulher acusou a serpente, e a serpente olhou de um lado e para o outro e não achou mais ninguém, então decidiu até hoje tentar jogar a culpa que é do homem, em Deus. Foi o próprio homem quem abriu a porta de entrada para o mal, com a sua escolha.
Certamente o que a maioria destes acusadores de Deus quer, é um deus bonzinho, que só faça acontecer o bem apesar do homem escolher o mal, um deus que passe a mão pela cabeça dos culpados como se inocentes fossem. Estes, não sabem que é o próprio homem com sua mente pecaminosa que faz escolhas erradas, sua mente distorcida pelo pecado sempre quer o mal, sempre quer fora da vontade de Deus. Só através da regeneração em Jesus Cristo, o homem é capaz de rejeitar o mal, porque passa a enxergá-lo.
Morei num lugar onde vi um pouco de tudo acontecer. Certo dia, ouvi um burburinho na porta de casa, e a notícia a boca miúda era de que arrombaram uma loja de doces na avenida principal e que entre os arrombadores estavam mãe e filhos. Mais tarde quando cresceram estes jovens tornaram-se criminosos e foram assassinados. Triste, é que estes moços ouviram do amor de Deus e até algumas vezes freqüentaram nossos cultos domésticos. Posso eu colocar a culpa deste fato em Deus? Porque Deus deixou o mal dominá-los até a morte?  Eles traçaram o destino da vida com a escolha que fizeram.
Há homens que se afastam tanto de Deus no caminho inverso escolhido, que acabam afastando-se também da sua humanidade. Já que fomos criados a partir de Deus, a Sua imagem e semelhança, o afastamento rompe laços espirituais, tornando os homens orgulhosos, irracionais e malignos em sua alma, destilam mal sobre tudo e todos. E como tudo que foi criado tem um ciclo, o mal também o tem. Ele nasce quando a mente dá vazão a pensamentos perversos,  que se transformam em sentimentos mais perversos ainda, que desencadeiam em ações. E isto vai passando de pai para filho através das gerações. Pais que ensinam a seus filhos a odiar o coleguinha desenvolvem uma mente psicopata. O engraçado é que pensamos que o mal é coisa de hoje. Começou lá traz, no início, acompanha o homem de perto e cresce assustadoramente até causar os terrores da história humana como os fatos que lemos nas perguntas citadas acima. Afinal homens como Sargão II, Hitler os Césares e tantos contados na história, foram o que foram porque outros homens apoiaram suas idéias malignamente dominadoras.
     É bastante cômodo para nós colocarmos Deus no banco dos réus, acusando-o de ser conivente com o mal, permitindo que tanta coisa ruim aconteça com a humanidade. Assim também agiu Jonas quando não quis pregar para arrependimento do povo de Nínive. Um povo bárbaro que segundo ele não merecia perdão. Zangou com Deus, fugiu e chegou puxado pelo divino anzol, por livre e espontânea pressão, e em vez de proclamar misericórdia, pregou juízo.
     Deus não precisa da minha defesa, mas, se posso, quero fazê-lo por amor. Por entender que nada foge ao seu controle e que foi o próprio homem que derrubou o primeiro dominó que causou o efeito em cadeia. Deus apenas o colocou lá. Como Deus daria a liberdade de escolha se não houvesse uma segunda opção? O homem não é obrigado, mas, sempre tem a opção de seguir o BEM.
          Denise Passos

sábado, 1 de janeiro de 2011

                 Noção de perigo
Todos nós gostamos de ouvir os pais contarem nossas proezas realizadas na infância. Uma peraltice aqui, uma frase engraçada ali, um ato de bravura meio desengonçado e, outros tantos que fazem parte da grande lista dos pais corujas. Lembro-me sempre de ouvir a minha mãe contar que eu tinha por volta de dois anos de idade quando fomos ao porto do Rio de Janeiro, esperar meu tio que havia estado na Holanda por dois anos. Toda a família reunida para este encontro emocionante e enquanto avistávamos o imenso mar na chegada do grande navio, a única coisa que eu pronunciava era “quanta água, quanta água” e, fazia uma forca enorme para me jogar no mar, pelo que a minha mãe não deixou ninguém me segurar, com receio de que eu fosse mais rápida de que quem estivesse comigo nos braços. Sem noção alguma do perigo do oceano, sem entender a grandeza do mar e a profundidade que tem, eu apenas querida me jogar na água, sem me dar conta que aquela água era diferente em tamanho e em profundidade da poça de água que se formava no quintal nos fundos de nossa casa, onde eu mergulhava nos dias chuvosos, quando alguém esquecia a porta da cozinha aberta.
Hoje entendo que a única coisa que minha mãe queria, era me proteger, mas, talvez eu tivesse ficado com muito brava no momento. Ela não me permitiu deliciar naquela água tão convidativa. Eu teria saltado, nadado, batido na água até fazer muitas bolhas, mas, certamente, teria morrido. Assim também, é o cuidado de Deus, quando queremos brincar com o perigo. E se vocês pensam que temos total noção do risco que corremos, ledo engano. Todo perigo que nos cerca, vem disfarçado com beleza, cultura, entretenimento, etc. Nossos olhos só querem enxergar a parte boa, a parte do prazer. A morte que bate a porta, não vemos, é ruim demais para ser visualizada. Não temos controle da situação depois de enredados.
Quem nasceu nos anos 50 lembra do seriado, “Perdidos no espaço”, onde uma família de cientistas mais o doutor Smith e, um robô desengonçado viajavam pelo espaço sideral na tentativa de voltar ao nosso planeta. Este robô tinha síndrome de cão de guarda, pois, quando algo estava errado, ou algum inimigo se aproximava, acendia luzes, rodava os braços rodava da cintura para cima e começava a berrar “perigo, perigo, perigo...”
Da mesma forma o sensor que em nós foi implantado, chamado consciência, está alerta para os grandes perigos que se apresentam em nosso caminho, reagindo como alarme por causa da nossa percepção ofuscada pelo deslumbre ilusório, porém, todos nós sabemos muito bem o que é certo e errado e devemos dar atenção a este alarme natural.  A barreira de recalque funciona perfeitamente em nós. O que não entendemos é o tamanho da consequência avassaladora que corre desembestada como avalanche, capaz de prender e sufocar a vida. Por isso, eu sou adepta do ditado popular “É melhor prevenir do que remediar”.
No livro do Gênesis, capítulo 4, antes de acontecer o primeiro homicídio, um alerta foi dado a Caim, devido à inveja que nutriu por Abel, seu irmão.   “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta e sobre ti será o seu desejo, mas, sobre ele deves dominar.”
O perigo que estava à porta, permanecia do lado de fora. Só Caim poderia abrir esta porta cuja maçaneta só existe do lado dentro, com o mau procedimento. Enquanto permanece do lado de fora, temos o domínio, quando consumado, torna-se realidade e domina o homem, algemando-o a situações que só Deus pode reverter. E pela imensurável graça em que somos envolvidos, encontramos força necessária para dominar e estar outra vez acima das situações difíceis da vida.
Desejo a todos um feliz 2011. Que as bênçãos e o cuidado do Senhor estejam sobre a nossa vida!




Denise Passos