sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A grandeza de Deus


Desde crianças ouvimos falar na grandeza de Deus, nos seus grandes feitos, tanto na criação, quanto através dos heróis da fé, nas grandes vitórias das guerras travadas e nos estupendos milagres realizados. Assim crescemos tendo noção de quão grande e poderoso é Deus. Um Deus que apenas e simplesmente É; onde o macro e o micro lhes são a mesma coisa. Tão imensurável que no céu está o seu trono, mas, a terra é o estrado dos seus pés. 

Da minha geração até por volta dos anos 80, Deus ainda era o super-herói da garotada. Com o passar dos anos e com toda esta tecnologia galopante, nossos filhos e netos tendem a não ter este referencial. A geração vídeo-game aperta botões e tudo acontece. E Deus, parece demorar muito em suas decisões para ter controle sobre todas as coisas. Que mudança é esta que tira de um lado e acrescenta de outro, de forma tão superficial? Se Deus não muda, o que mudou então? Que forma de crer estamos ensinando a esta nova geração; a de um Deus virtual?
Nasci num lar cheio de amor e tive uma infância emocionalmente saudável, com os altos e baixos de uma família normal. Mamãe tinha pouco estudo, porém, eu e meus irmãos fomos para a escola sabendo ler e escrever e contar até mil (do que ela se orgulhava muito e nós também). Papai mudou-se de Angra dos Reis e ingressou na Marinha, onde fez carreira. Ele foi criado em um lar evangélico, enquanto que minha mãe teve formação católica e em quatro meses após o casamento, foram recebidos por Jesus na Assembléia de Deus em Madureira, RJ. Nesta igreja vivi toda a minha infância e cresci nos ensinamentos bíblicos que me deram estrutura para viver uma vida cristã equilibrada.
Aos seis anos de idade, fui acometida de difteria e na época muitas crianças morriam desta fatídica doença. O médico queria me internar no isolamento do Hospital S. Sebastião, mas, minha mãe pediu permissão para me cuidar em casa, pois, tinha quem aplicasse as muitas injeções que eu deveria tomar. Isto ocorreu numa segunda-feira, mas, desde a sexta da semana anterior, já havia febre alta e dor na garganta, o que mamãe estava tratando como gripe. A doença piorava a cada dia e na quinta-feira meus olhos começaram a revirar e meu corpo gelou. Eu era pele e ossos, apenas.

 Lembro-me de que no torpor da morte, eu estava voando num lugar, onde a luz do dia se apagava e de forma sombria olhava o solo com muitas covas abertas. Voando comigo, havia um Ser cuja face ainda não podia ver e, que de forma silenciosa acompanhava a minha mortal aventura e eu me msentia segura, sem medo algum daquele lugar. O vale de sombra e morte é real, eu estive lá. Naquele exato momento, meus pais estavam ajoelhados com o rosto em terra intercedendo pela minha vida, acompanhados por irmãos de nossa igreja. Minha mãe prometeu ao Senhor que se Ele me tornasse a vida e curasse a doença a primeira vez que fosse à igreja eu recitaria uma poesia que, ela mesma compôs.

“Jesus Cristo é o mesmo. Ontem, hoje e para sempre,
Radicalmente curada, hoje canto alegremente.
Num leito de enfermidade, meus pais chorando de dor
Ao verem sua filha amada, clamam e rogam ao seu Senhor.
Hoje digo esta poesia, cumprido um voto a meu Deus,
Para que eu nunca me esqueça da benção que Ele me deu.”
                                                         Ilma de Almeida Figueiredo
     
Não sei como, mas, retornei daquele horrendo lugar e a recuperação foi gradativa. Na mesma semana, meu pai estava me alimentando com um caldo de legumes e, milagrosamente as placas soltaram da garganta e vieram para a colher, exatamente ao meio dia, enquanto a minha mãe orava. Sou imensamente grata ao Senhor pela cura e a oportunidade que me deu de viver, por isso, sou alegre da forma que as pessoas não entendem, acho que a vida é bela, e boa de ser vivida apesar dos pesares. Só quem já viu a morte de frente, entende o que estou dizendo.
     Por esta, e por tantas outras situações, creio que Deus pode fazer o que Ele quiser, da forma que quiser, quando quiser e com quem quiser. A Bíblia é um livro maravilhoso, que nos traz revelação de Deus, com diversas figuras de linguagem, mesclando história, poesia e revelação e aprendemos que não deve ser interpretada ao pé da letra. Isto, sabemos, aprendemos no curso teológico, mas, aliada a minha experiência pessoal, ela revela a existência de um Deus real e atuante, um Deus poderoso, que me trouxe da morte para a vida e me deu oportunidade  de  hoje escrever este texto, para falar do poder que Ele  demonstrou no que fez por mim. Tenho certeza absoluta de que este Deus que me deu vida, trazendo-me de volta de outra dimensão, tem poder para ter realizado os feitos contidos neste livro. Não duvido de nada quando se refere ao Seu poder.
Não levamos em conta que Deus deixa algumas interrogações para que tenhamos liberdade de escolher que rumo tomar na fé. Fé que transforma a morte em vida, a doença em saúde, fé que derruba muralhas e desconhece o não posso, o não consigo. Esta é a fé que agrada a Deus. Que tipo de Deus nós estamos ensinando a esta nova geração a amar e temer? Nossos filhos precisam aprender a viver uma fé sólida e genuína, sem infantilidade, porém firme; uma fé crescente, não estagnada.

Deixo este texto em homenagem a  minha mãe, que me ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas. Foi uma honra tê-la como mãe e ter aprendido com ela a lutar com as armas da fé. Não com base em uma fé fundamentalista e medíocre, mas uma fé viva e real; de um Deus presente, participante e atuante, cujo poder não se altera, jamais.



Feliz dia das  mães a todas vocês que tiveram a grata oportunidade de trazer dar a luz a outro ser! No mesmo pacote, vem todas as responsabilidades de amar e criar no temor do Senhor; para fazer dos filhos, mais do que simples membros de igrejas, e sim discípulos do Mestre.
      
Deus nos abençoe.
Denise F. Passos