sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

NEGLIGÊNCIA - Derrubando Gigantes Interiores

Na série de estudos e orações que estamos realizando na igreja Shalom em Delaware, identificamos os dois primeiros gigantes a serem dominados, a fim de que tenhamos uma vida mais integral. O “eu e a língua”, foram apontados como cabeças da listagem. O terceiro gigante, não menos nocivo que outros, atrapalha bastante a vida pessoal e em sociedade. A “negligência” é uma grande inimiga que atravanca a vida, dificultando o avanço em muitas áreas.  

Quando ouvimos este termo, não temos noção de como é abrangente, requerendo muito cuidado para não nos enredar na esparrela da falta de compromisso. Uma pessoa começa negligenciando pequenas coisas e, se desde criança não for ensinada a cumprir certas responsabilidades, o caos se instala, então quando a pessoa se acha num mundo, onde a confiança dos cidadãos é destruída dia a dia, sem alternativa ético-política-religiosa, que dê soluções plausíveis ao caos social, encerra-se numa prisão, de onde não consegue sair. Porque o termo prisão? Porque o negligente com o passar do tempo, cria um determinado conforto na situação, acomodando-se ao estigma de “incapaz”.

 Como é de costume, pesquisei o tema no google, porém das tantas páginas que recorri apenas dois ou três tópicos abordavam o assunto de forma geral e a grande maioria em outras áreas, do tipo: negligência médica, jurídica, paterna etc. Parece que o tema em foco é quase nada trabalhado na elaboração do indivíduo, em sua estrutura. E o que ocorre é que a negligência é vigente, atualíssima, participativa na conduta humana, em todas as áreas cabíveis.

O dicionário nos dá uma vasta lista de significados: desleixo, falta de diligência, preguiça, ausência de reflexão necessária. Suas características principais são a inação, indolência, inércia e passividade. A negligência “insensatez” faz parte da cultura do vazio que avassala a nossa sociedade. O vazio mental é uma grave alteração estrutural da mente, que mesmo sendo tão vasta não consegue conter conteúdos devido à afetação.

 “Havendo vontade, abre-se o caminho”. Bowes

É comum, que as pessoas tenham o seu lado autônomo, independente de terceiros, donos de si e de sua história, livres para pensar e decidir, por outro lado, elas se encontram totalmente vulneráveis, com dificuldades de cultivar e manter relacionamentos e compromissos pela grande dificuldade de se auto identificar. O negligente vive em torno de si mesmo, vivendo a mercê das ondas, entregando-se as paixões vazias, onde a extrema fragilidade as deixa vulneráveis. O negligente está tão perdido dentro de si, que prioriza as grandes futilidades. Os meios de comunicação inadvertidamente contribuem para este estado de coisa, com programações chulas; humor barato, nada inteligente, ofertas de consumo exacerbado, notícias alarmantes e nada educativas.

Tudo o que é bom, tudo que enobrece a beleza da vida, a boa música, o enriquecimento interior, estão sendo relegados pela cultura do vazio, pois na atual conjuntura, promover a ociosidade está em voga. A realidade atual insiste em que, gastar tempo com o que bom e reto, é perder tempo.

Em estudo realizado na relação pais-filhos verificou-se após analise de todas as queixas que a maior parte dos distúrbios de conduta foram gerados pela negligência educacional. O produto final na criação moderna está evidenciando por uma geração de negligentes.

Apenas uma pincelada no que diz a psicanálise acerca do assunto, para entendermos que a negligencia pode evoluir em patologia, que é um transtorno de personalidade, que se não for cuidada em tempo cria um grande desvio. Isto porque o alardeado progresso provoca sentimento de impotência,  porque o homem não busca tempo para aquilo que o refaz em seu homem interior. Ao contrário apegam-se ao que é fútil, ao sexo exacerbado e a diversão ilusória, tentando arrastar o céu para o chão a fim de que fique no mesmo nível, na luta inglória contra a depressão.

Vamos focar o que a Bíblia diz a respeito. Ela trata a negligência como o pecado de “insensatez”. O texto bíblico diz: “Maldito o que faz com negligência o trabalho do Senhor...”. Jeremias 48:10a

A chamada de atenção da parte de Deus é pelo fato de que, mesmo inconscientemente, a negligência é uma desistência pelo todo da vida.  É um desapaixonar-se, não se dando conta das coisas mais importantes e relevantes da vida. É um não querer por causa da pouca forca para querer. É mais do que apenas o fato de deixar de fazer alguma coisa que lhe compete, é não sentir nenhum motivo para fazer. Os filhos do profeta Eli negligenciaram o serviço da casa de Deus. Eles banalizaram o sagrado, agindo com leviandade e grande insensatez. Deus os rejeitou e Samuel herdou o direito deles na sucessão.

Portanto, tudo que fazemos para Deus deve ser por amor a Ele. Se não temos motivação alguma para realizar o melhor, o que está acontecendo de errado? Quando decidimos viver para Deus de modo que ele faca parte do nosso cotidiano, a negligência por ser um abandono de si mesmo não mais nos cabe dentro dela. Nossa humanidade nos deixa em baixa vez por outra, isso é normal, mas não é normal o estado de letargia que e negligência provoca.

Apenas a presença de Deus pode banir de uma vez por todas tudo que nos deprime, pois como afirma a Escritura, em Sua presença até a tristeza salta de prazer. Servimos a um Deus que quer ser presente e atuante e ter liberdade em nosso ser. Mas, coisas como o vazio mental impedem a atuação do Espírito de Deus em nós. Impedem a nossa adoração. Impedem o relacionamento. Mas precisamos lutar para conseguir vencer este tipo de coisa. Nada vem de graça, precisamos conquistar.

Já passei por momentos na minha vida que eu precisei me confrontar para poder sair das prisões em que me meti. Lembro-me de um dia em que estava tão deprimida, então peguei uma cadeira coloquei no meu quarto, deitei na minha cama e comecei a desabafar com Deus. Falei tudo que me veio à mente, abri o verbo, falei com sinceridade tudo que estava ocorrendo comigo e que necessitava de mudança, de forca, coragem. Eu não o vi, mas sei que ele estava lá, pois levantei outra pessoa. Naquele dia Deus fez o carinho necessário que a minha alma necessitava. Eu não aceito estacionar em determinadas situações ruins da vida, já que tenho um Deus grandioso para me ajudar.

O gigante da negligência precisa ser controlado ou mesmo banido de nós e assim estarmos livres para um verdadeiro compromisso com Deus.

Grande abraço.

Denise F Passos