sexta-feira, 2 de março de 2012

“FRUSTRAÇÃO” DERRUBANDO GIGANTES INTERIORES


        Estamos bem adiantados em nossa lista de gigantes a combater. Quem nunca encarou um destes de frente? Eles se apresentam na vida de qualquer pessoa; a princípio de forma branda, quase imperceptível, fincam seus tentáculos sutilmente nos sentimentos e gradativamente minam a vida.


Frustração, em seu significado relacional, tem o sentido de privar (a outro) do que espera, iludir, baldar, malograr, inutilizar-se. Resulta também em reação de amargura, rancor, ansiedade. Frustração é o resultado de sonhos irrealizados que vão pouco a pouco decepcionando a pessoa, criando sensação de inutilidade progressiva. Este gigante traz consigo armadilhas sagazes, criando uma barreira dentro de nós se contrapondo aos objetivos e as bênçãos que precisamos alcançar.


A frustração é sentimento que nos acompanha desde os primeiros traumas ocorridos na infância, mas ela só arvora quando é alimentada pelos colegas gigantes que falamos anteriormente. Uma pessoa precisa aprender a lidar com as situações frustrantes desde a infância. Mães que dão tudo a seus filhos e fazem todas as suas vontades, não permitindo que conquistem coisas pelo próprio esforço, criam adolescentes rebeldes, voluntariosos e adultos infantilizados, com graves problemas de adaptação, justamente por não terem desenvolvido resistência à frustração.


Nossa meditação de hoje está baseada na história de um homem comum, que sonhou por 38 anos até alcançar seu objetivo. “João capítulo 5:1 a 9, narra a história de um homem paralítico, que jazia junto ao poço de Betesda, junto a um grande número de enfermos, esperando por um milagre. E aí um anjo descia de tempos em tempos e agitava as águas e o primeiro que entrasse na água era curado de qualquer enfermidade. Jesus surgiu no local e parou junto ao homem que durante trinta e outo anos de sua vida não fazia outra coisa a não ser ir aquele tanque. Perguntou-lhe: Queres ficar curado? A resposta foi objetiva. Eu tenho vindo aqui por longos trinta e oito anos e não tenho amigos que me lancem em primeiro lugar na água, após ser agitada. No que Jesus replicou: Vai, toma a tua cama e anda”.


[O texto supracitado faz parte de uma cosmovisão mítica dos antigos acerca de coisas não entendidas. Como eles não conseguiam compreender a maneira como a água transbordava, agitava-se no tanque – vinda por um aqueduto – criou-se uma tradição mítica em torno da situação. Pensavam os antigos a efervescência das águas era em razão da presença de um anjo que agitava as águas. Mas isso se tratava apenas de uma visão mítica de um fato natural que não conseguiam conceber como fato natural. Por isso que em algumas traduções da Bíblia o texto de João aparecem entre parênteses. A ênfase deve sempre recair no Criador e não a criatura. Não era a água, não era o lugar, não era o anjo, mas a misericórdia de Deus pelos homens e isto raramente foi enxergado, como também acontece em nossos dias]


O homem da nossa história, durante trinta e oito longos anos perseguiu a sua oportunidade. Um herói anônimo, que venceu todos os gigantes que descrevemos nas postagens anteriores. Venceu o “Eu, que lhe dava razões suficientes para desistir; a língua que reproduzia as mensagens negativas enviadas pelo eu; a negligência, que tentava roubar-lhe os motivos para estar lá, o desânimo que tirava a vontade de tentar outra e outra vez, a auto piedade que lhe dizia não ser merecedor daquela situação e principalmente a frustração, que andava ao redor mostrando a sorte do seu próximo”.


Eu imagino aquele homem, ano após ano esforçando-se para chegar ao tanque, pedindo favor a terceiros, ouvindo piadas, fazendo um esforço descomunal para não entender a má vontade de outros. Que tipo de sentimentos frustrantes invadia o seu coração, todas às vezes que outra pessoa era curada e ele precisava continuar esperando e, mais uma vez voltar se arrastando para casa?



Frustração é não ver os resultados esperados.

Este homem tinha motivos suficientes para se revoltar; ele estava esperando por quase toda a vida. O abando dos sonhos é o produto da multiplicação das frustrações. Esperamos tanto da vida e nada acontece. Nem sempre a família é do jeito que queremos, nem sempre o casamento é feliz como idealizamos, pelo contrário, é frustrante a cada dia que passa; o emprego não nos traz o retorno desejado, a casa própria e o carro novo se distanciam cada vez mais...


O acúmulo de frustrações causa inutilização da fé. Mas, aquele homem não desistia de crer e esperar por sua vez, por isso eu o chamo de herói.  


O sentimento de frustração até certo ponto é natural. Como humanos, às vezes nos frustramos passageiramente, mas levar uma vida inteira chorando pelo leite derramado aprisiona-nos onde o fato frustrante aconteceu, impedindo que sigamos adiante, que prossigamos em busca da realização dos sonhos.


A grande necessidade, aliada a uma fé que não desiste, levou Jesus àquele homem no tanque de Betesda. Jesus sabia que ele estava esperando por um longo tempo. Ele esperou mais tempo do que Abrão, José ou mesmo Davi. Esses tiveram sonhos, unção, promessa, da parte de Deus e aquele homem não tinha uma promessa em particular, ele pegou o que encontrou na geral. Esperava junto ao povo do lugar.


O tempo passa... Porque nunca chega a minha vez? Mas, de repente ele olha para o caminho, de onde vem um homem comum, andando devagar em sua direção, para e coloca-se ao lado dele. Naquele dia em especial, Jesus não foi para o lado da multidão de enfermos, mas na direção daquele homem, cuja persistência fez mover o Seu coração especialmente em favor dele. Jesus não precisa mover as águas para lhe te abençoar, ele apenas pergunta: Você quer ser abençoado? Eu vim por você. É a persistencia em fé, que agita o coracão do Mestre em nosso favor.



Frustração é decepção acumulada.

E se você acumula decepções não dando a volta por cima, perde a oportunidade quando ela chega. Não importa quanto tempo leve; caminhe em direção ao tanque todos os dias, se for preciso. Não dê ouvidos à frustração que o tempo traz consigo, pois, mesmo que você ainda não tenha alcançado o seu objetivo, a esperança nunca te despede vazio.


Eu quase posso ver aquele homem lutando contra as circunstâncias e dizendo a si mesmo, enquanto o soluço sufocava o peito e a lágrima escorria pela face, “da próxima vez, vai acontecer”!


O tempo que passou, ficou para traz. Mantenha o coração confiante e os olhos fitos no caminho de onde o Mestre vai chegar. Falta pouco. Já ouço os passos em sua direção...





Deus nos abençoe.





Denise F. Passos.