segunda-feira, 16 de julho de 2012

Por trás do véu


Denominamos de véu, o tecido transparente, de renda, seda ou qualquer outra fazenda delicada, que as mulheres usam como sinal de honra, para cobrir ou encobrir. Que mistério há por trás de um véu? Há véu para todos os fins. O véu da noiva, véu cacheira, véu imposto apenas para mulheres, planta véu de noiva, véu blog, grupo véu de fumaça, véu de seda na dança do ventre, véu palatino, véu do templo, loja de véu e talvez uns tantos mais que eu não tenha conhecimento.

O véu como peça de vestuário, começou a ser usado por homens e mulheres, como proteção por causa do sol causticante nas regiões desérticas. Com o passar do tempo à coisa continuou quente apenas para o lado das mulheres. A imaginação fértil do autoritarismo masculino impôs o uso do véu, não por cuidado ou proteção contra o sol causticante, mas para emparedar a mulher por trás dele, fazendo do seu uso uma obrigatoriedade. O rosto de uma mulher, principalmente das virgens, só poderia ser visto por membros da família. Torná-lo público era sinal de desonra.

Sabemos que no início dos tempos bíblicos, o véu já era utilizado para proteger, resguardar e dar um ar misterioso às mulheres da época. Conta à história, no capítulo 24 do livro de Gênesis, que Abraão mandou o seu servo Eliezer, buscar mulher que pertencesse a sua parentela para esposar seu filho, Isaque. Rebeca, moça formosa, escolhida a dedo pelo próprio Deus, possuidora de inúmeras qualidades; deixou tudo para trás e seguiu rumo a seu destino, levando consigo bem pouco da casa de seu pai, sabendo que o cuidado de Deus lhe proporcionaria a honra do amor.

Após a longa viagem, quando estavam chegando a seu destino, levantou os olhos e avistou a Isaque que havia saído ao campo para orar. Ao mesmo tempo, ele também levantou os olhos e avistou a caravana que se aproximava. Rebeca então disse ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? “E o servo disse: Este é meu senhor. Então, ela tomou o véu e cobriu-se. E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera. E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado, depois da morte de sua mãe”. Gênesis 24: 65-67

O véu que resguarda, quando retirado de forma majestosa, deixa ver toda a beleza e revela aos poucos todo mistério, guardados por traz dele. O encanto da descoberta é que aguça o desejo. Um desejo que aumenta e perdura.

Nas gerações passadas os jovens eram ensinados a preservar alguns princípios. Princípios agem na vida de uma pessoa como a cobertura de um véu. Pessoas que não entendem o valor de princípios, ético-moral –espiritual, desprezam a qualidade de belo, que proporciona o desejo da descoberta. O preço é baixo, como os pobres valores adquiridos. A liberdade de fazer da própria vida o que bem entende, leva muitos a becos sem saída, a angustiantes guetos interiores, a exposição nas praças públicas dos faladores, e a crucificação por parte dos hipócritas.

As lindas e inteligentes meninas de hoje, em grande maioria, são induzidas a abolir seus véus. Não há mais nada a ser descoberto. Todo o seu universo está exposto. A intimidade está à mostra para qualquer um ver e talvez desfrutar. Não há mais o que ser valorizado, pois não há valores guardados por traz do véu. A maturidade às avessas deixam-nas vulneráveis a qualquer tipo de circunstancias e pessoas. “Liberdade e responsabilidade caminham juntas”. Este foi o lema repetido diversas vezes em nossa casa, enquanto minhas filhas estavam em formação. A liberdade tão cobiçada, sem a responsabilidade devida, transforma-se em prisão, que cerceia o alvo do desejo.



Os rapazes por sua vez, borboleteiam nas suaves flores sem compromisso algum, não percebendo o quanto isto as despetalam. Rasos de sentimentos e estagnados na imaturidade, não entendem a profundidade do ato de retirar o véu de uma donzela, para conhecer a riqueza de sua intimidade, tomando-a por mulher. A vulgarização do sublime, tão incentivada pela mídia, diploma jovens tresloucados que não saberão ensinar com propriedade as suas futuras famílias, isto é, se chegarem a formar uma. A famosa frase: Prendam as suas cabras porque os meus bodes estão soltos” é dita com orgulho por pais que, erradamente tentam firmar a masculinidade dos garotos, e isto, no mínimo alimenta o ego de um pegador. Sem escrúpulos, por não terem aprendido com o modelo ideal, não conseguem valorizar o amor-paixão que segue pela vida à fora, no entrelaçamento de dois seres que se fundem até que a morte os separe; trocando pela ilusão da transa animal, descompromissada.

A mulher foi criada para ser amada pelo homem, este é o seu desejo natural. Se uma mulher é amada, ela descansa no amor, fazendo do seu companheiro o mais feliz dos homens. Enquanto isso o homem precisa do respeito desta mulher. Um casamento perfeito, “amor e respeito”. Sem estes dois tributos, nenhum relacionamento vai muito longe.

O véu é a linha que delimita os espaços. E somente através da honra, deve ser retirado.  Assim como Isaque, pelo amor, desnudou Rebeca do seu véu. Se isto que estou dizendo fosse asneira, a verdade dos casamentos atuais seria diferente. A geração micro-ondas, já pega tudo pronto, e da mesma forma que esquenta rápido, também esfria. A ebulição lenta e duradoura que traz o fogão a lenha, é totalmente inviável para os dias atuais, dizem os educadores modernos. Sem profundidade, os compromissos ensinados, são mantidos em bases movediças; construídos hoje, para despencarem amanhã.

Mas, caso despenque, não há problema algum. O manual da escola, da vida moderna, diz que: a fila anda; bobeou, dançou; até que o divórcio nos separe; vamos “ficar”...

Deus, em Cristo, nos honrou rasgando de alto a baixo, o espesso véu que nos separava de Sua santidade. E hoje, podemos adentrar o Santo dos Santos, lugar privativo para os íntimos, onde usufruímos das preciosas delícias deste relacionamento. Ora, se a bíblia compara a relação de Cristo com a igreja ao casamento; ao amor de um homem por uma mulher, porque aceitarmos como verdade, a leviandade tão ditame em nossos relacionamentos atuais?

Valores e princípios morais não caducam. Se fizermos um X nos valores ético-morais, acabamos desconstruindo por completo a casa que erigimos e onde nos abrigamos a partir da formação familiar e dos resultados das inclusões filosóficas e religiosas, que aprendemos na sociedade onde vivemos. É como uma pessoa perdida no meio do nada, que pensa não precisar da bússola norteadora para se encontrar. É necessário rever valores e conceitos, sim, mas há que se ter cautela com distorções, para não trocar o certo pelo errado ou pelo duvidoso.

A honra que Deus nos trouxe através de Cristo é valiosa demais, para ser trocada por meros preceitos mundanos; por mais inteligentes que sejam, são resultado da natureza decaída. Não há como servir a dois senhores. A Graça tem sido tratada com leviandade por muitos que não entendem que nela, a nossa responsabilidade apenas aumenta. A quem mais é dado mais será cobrado. Ela é mais séria do que a Lei. Como um pequeno exemplo vejam, que na Lei, o adultério consumado, era pago com a morte. Na graça, basta olhar com segundas e terceiras intensões, que já se torna réu. Porém, esta maravilhosa graça, não é simplesmente para condenar, como fazia a Lei, mas para conscientizar, tratar, curar -  em pleno amor... O véu rasgado, nos fez enxergar a graça que nos retorna ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído – “a gloriosa presença de Deus”. Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu...
Hebreus 6:19



Deus nos abençoe.

Denise Figueiredo Passos