Pensar em dar medida a um sentimento
tão abrangente é o mesmo que tentar medir o volume de água dos oceanos do
planeta. É tão vasto que não cabe em nossa realidade, apenas na imaginação. Enquanto
crianças, o vôo livre das prisões permite a alma infantil percorrer longas
distâncias, voar sem asa delta desafiando a gravidade, criar um mundo
imaginário onde tudo funciona de forma mágica, onde o faz de conta funciona
como realidade. Então crescemos e a nossa capacidade de racionalizar também
cresce conosco. As distâncias a serem percorridas são mais limitadas, em vez de
voar, andamos em terra firme e o mundo real onde vivemos, já não funciona a
contento. E este vasto sentimento acaba confinado em um compartimento menor do
que ele, moldado a situação imposta, apertado entre quatro paredes. Incapaz de
desenvolver a sua total capacidade mostra-se, fraco, frágil, intolerante e na
pior das hipóteses, passageiro. O pouco que escapa pelas fendas, enobrece a
alma dos que o reconhecem, onde trabalha arduamente para aumentar estes
orifícios, a fim de que se viva uma vida plena de amor.
O amor cantado em versos e descrito
em sua totalidade faz o coração amante divagar; nos diferentes tons de suas cores,
na beleza do lugar onde habita, na paixão que move estes corações ardentes, na
busca incessante do outro para toda e qualquer demonstração deste amor. Mesmo
que seja movido por doces ilusões e moldado em castelos de areia que em parte é
levada pelo forte vento, este amor verdadeiro perdura não obstante as
intempéries que avassalam terrivelmente na tentativa de destruí-lo. Forte como
a morte, ele traz em si múltiplas marcas e, doloridas úlceras, das férias
abertas, que o amigo tempo ainda não curou.
Este nobre amor, não é um mero sentimento,
mas, o grande mandamento, que influencia todas as áreas da vida. Sem olhar cor,
beleza física, posição social, conta bancária, cultura, ele vem de mansinho, chega
pra ficar; aquecendo as relações conjugais, familiares, as grandes amizades de
todo àquele que se permite atingir por ele.
O ser humano foi criado com uma forte
necessidade de amar. Uma pesquisa com bebês recém-nascidos, que foram tirados
do seio materno e alimentados artificialmente, recebendo apenas cuidados para
manterem-se vivos, sem nenhum outro contato físico que envolvesse amor de
espécie alguma, constatou que estes bebês atrofiaram-se, regredindo tanto que
estavam fadados à morte. Em resumo, o ser humano foi criado para viver em amor
com os seus semelhantes. O amor traz vida e a mantém. E porque em vez de
vivermos em amor, sempre damos um jeito de complicar as situações? Será que
desestabilizar o relacionamento, para que este amor seja testado é regra
contratual? Porque a cada dia que passa o amor parece mais egoísta, preocupado
consigo mesmo em vez do outro?
Em I Coríntios 13 temos a descrição
do verdadeiro amor. Ele é paciente, bondoso, não é ciumento, não é orgulhoso,
não é vaidoso, não se conduz de forma inconveniente, não é egoísta, não fica
irritado, não guarda mágoas, não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a
verdade. O amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Linda descrição, que parece
pertencer a um mundo distante do nosso. Parece surreal diante da forma como
sabemos amar. Mas, o problema não é do amor, e sim o fato de que somos
incapazes de lidar com esta forma tão abrangente e pura. Nossa natureza
corrompida nos impede de dar prosseguimento em amar cada dia mais, até que este
amor nos enobreça de tal forma que vivamos em absoluto amor.
Podemos resumi-lo em paciência, bondade
e alegria. Três qualidades fundamentais ao ser humano que deseja pautar a sua
vida no amor; sem elas o amor se extingue do coração. Dentre outras oito que
descrevem o que ele não é. O amor não é ciumento, não é orgulhoso, não é
vaidoso, não se conduz de forma inconveniente, não é egoísta, não fica
irritado, não guarda mágoas, não se alegra com a injustiça. E quatro que descrevem
sua ação totalitária, pois tem parte com a verdade. O amor tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta. Encerrando com a afirmativa de que o amor uma vez começado,
jamais acaba. Esta passagem é base para tudo o que se tem escrito, falado,
discutido, sentido e vivido acerca do amor; colocando-o acima de tantas outras
coisas que achamos de suma importância. No topo de tudo que deve permanecer em
nós; maior do que a fé e a esperança, o seguimento do amor norteia nossos
passos para uma vida de maturidade. Por este fato, Jesus resumiu o mandamento dizendo
em Lucas 10:27, “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu
próximo como a ti mesmo”.

Este amor imensurável deseja fazer
parte do nosso cotidiano, de forma real, não apenas dos versos nos belos
poemas, nas cartas de amor, nas declarações esporádicas, nas celebrações, no
nascimento e na morte. Ele é vivo, real, presente e gratificante. Mas, quem ama
a Deus e ao seu próximo como a si mesmo, descobre a fórmula do bem-viver. Paga um
alto preço para viver e continuar vivendo em amor, pois na verdade, tomar a cruz
é o ato de amor.
Deus nos abençoe com Seu amor.
Denise F. Passos