domingo, 8 de janeiro de 2012

Àquele que nos dá "esperança"


Esperança é palavra que está na boca do povo como dito corriqueiro, mas nem sempre na mente e no coração. Resume-se em “esperar com confiança o que se deseja”. Parece simples, mas por detrás desta palavra, há um mundo se suposições, mitos, enganos e verdades.
     A Mitologia grega nos conta que a “esperança” foi dada de presente de casamento á bela Pandora (e aí temos mais um presente de grego). A maravilhosa esperança junto a todos os males do mundo cabia numa caixinha, que para atrair a cobiça da bela jovem deve ter sido atraentemente adornada. A pobre esperança via-se perdida diante dos males que serviam para afligir corpo, alma e espírito e assim aterrorizar os homens de toda a terra, pelos séculos dos séculos. Tão vasta e inesgotável, porém, socada no fundo de uma caixinha. Inadvertidamente Pandora abriu a caixa e deixou escapar todos os males do mundo, mas a esperança permaneceu, ficou dentro. A primeira a entrar, mas, sempre a última a sair, fadada a chegar atrasada quando o caos se instala. Lamentável! Pobre esperança...

A Bíblia relata que após a queda o homem foi banido do Jardim do Éden e consequentemente da presença de Deus e, desorientado passou a andar errante segundo o desejo do seu coração. Como consequência do aumento populacional, a maldade despertada no homem também se multiplicava. O primeiro homicídio copulou o homem do mal que jazia apenas à porta. (Gn4:8) Os descendentes de Caim instauraram a primeira sociedade organizada com suas tendas, artefatos em bronze e objetos cortantes e, para o lazer inventaram instrumentos musicais. Parecia excelente, tudo correndo as mil maravilhas, o progresso chegando, isto, se a maldade não lastrasse como praga, corroendo a bondade, resquício do atributo divino no coração humano.

Lameque, da quinta geração após Caim, (Gn 4:23) ufanou-se para Ada e Zilá, suas mulheres, por ter matado um homem que o feriu e a um rapaz por tê-lo pisado. Quando a vida é banalizada, instala-se a barbaridade e sua tendência é aumentar, pois, sendo nutrida, dia após dia pelo descaso à consciência, torna-se como uma bola de neve que se agiganta através dos tempos. O que vemos na sociedade atual, não vem de agora, é coisa que permeia o coração humano desde que o mundo é mundo.

Quando a caixa de Pandora se abre pela segunda vez, deixa escapar deliberadamente a esperança até então aprisionada, que salta tão esfuziante do cárcere, causando um efeito contrário na humanidade, um estado de esperança letárgica se instala. Nada muda quando esta esperança se desvencilha do cativeiro. Os homens continuam a ser brinquedo nas mãos inescrupulosas dos deuses do Olimpo, sem esperança alguma de escape e de mudança. Prometeu ainda está preso e acorrentado e a águia gigante ainda come as suas vísceras todos os dias pela eternidade; enquanto Epitemeu  segue sendo enganado por Pandora, a linda mulher por quem é embasbacado. Nada muda nesta falsa esperança. Sem contar que existem várias versões para esta trama. Os fantoches estão no palco da epopeia grega, esperando quem tenha uma nova versão para eles encenarem.

Após a queda no Jardim do Éden, nasce à esperança, providencia divina para a humanidade. Sua missão é dizer ao homem que nem tudo está perdido, há um novo caminho a seguir. A esperança retorna o homem ao paraíso mesmo que momentaneamente. Retorna o homem a Deus, a Seu convívio, a Sua proteção, a Sua orientação, a Sua providência. E o que é o “paraíso”, senão, estar plenamente em Deus, na confiança de que os Seus cuidados sempre alcançam o esperançoso de fé. Fazendo o homem retornar a um estado de completa dependência e harmonia, a esperança premia quem a busca, mantendo-o em estado de graça e serenidade mesmo em meio às turbulências da vida. A independência de Deus que o homem tanto quis foi concedida - fato irrevogável. Agora só resta ao homem à esperança e, esta, só tem quem quer ter, quem luta por ela, quem luta para mantê-la a todo custo.

Qual é a real esperança para homem? O que Deus realmente quer com tudo isto? Quanto ao homem, ele quer viver eternamente, não entende e nem aceita a morte, certo? Deus não criou o homem para a morte. Ele quer que o homem, viva a vida, de modo a retornar para Ele, mesmo que seja através da morte. Ela é o mal necessário para que isto aconteça.

Na cabeça dos homens que talvez até amem a Deus, mas que não tem esta viva esperança, a verdade de Deus não passa de um conto da carochinha. Usam a cronologia, epistemologia, a arqueologia e outras tantas logias (que não retiro o seu valor) buscando na ciência o que se entende pela fé. Jesus, a esperança viva, que Deus deu de presente aos homens, se faz latente no coração de quem quer, é a chama que mantém viva a pessoa que nEle crê, com um tipo de vida abundante que muitos dos que se dizem seus discípulos, não possui.

O que Jesus ensinou repetidamente a seus discípulos e aos que o cercavam, não difere em nada do que a sábia esperança nos ensina hoje. Quando nos reportamos a História das civilizações, sempre regada em tanto sangue, pelo massacre promovido por quem teve sede de poder ou quis mostrar poderio subjugando povos e nações, força o homem a ver uma impotente esperança, mascarada de impossibilidades, de senões, que foge covardemente pra não ver o circo pegar fogo, que se esforça para tornar o eterno em perene, oferecendo soluções miraculosas imediatas embrulhadas em papel de seda e um belo laço de fitas, para omitir o conteúdo fétido. A distorção fica por conta das mentes malignamente pessimistas.  Pouco importa se o mito de Pandora foi criado por motivos políticos da época. O fato é - o que escapou daquela caixinha     continua influenciando negativamente a vida de muita gente que vive desesperançada.

À esperança que Deus proveu a Adão e que Jesus ensinou de forma tão objetiva, é a mesma e, até aqui continua vigente. Esperança que não caduca com o tempo, que se renova dia após dia. Afinal, “a esperança é a última que morre”, assim enfatiza o sábio dito. Se a perdermos, perdemos todas as chances, perdemos a mola mestra que nos impulsiona a viver a vida abundante, perdemos a essência. Então, nossos sonhos diluem-se e ficamos desnorteados e sem objetivos, nossa vida perde o sentido e o vazio toma conta. Tudo isto por uma simples razão, a esperança que traz a paz, é retida em nós, pela fé.
“E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Romanos 5:5
 Deus nos abençoe.
Denise Figueiredo Passos