segunda-feira, 4 de junho de 2012

Deixando a caverna


Tenho um casal de amigos que tem por esporte explorar cavernas. Fico imaginando que deve ser excitante, mas ao mesmo tempo difícil. Pouco oxigênio, fendas apertadas, terrenos desnivelados, muita humidade, escaladas em pedras. Não faz o meu gênero.que Deus nos escolheu a dedo para estarmos naquele lugar, pelo que somos imensamente agradecidas.


Caverna é no máximo, lugar apreciar a beleza natural, descansar refazendo energias após de longa caminhada. Não é lugar para se estabilizar.


O homem primitivo habitava as grandes cavernas por falta de opção, Não podia transportá-las em suas migrações, mas assim que idealizou moradias mais confortáveis, abandonou a sombria caverna, edificando vilas, lugarejos e cidades.

O homem agora vive em casas, com grandes janelas envidraçadas, onde o sol penetra e a claridade lunar é intensamente incidente. Pela janela, pode-se contemplar a natureza criada para o homem que, completa a bela paisagem. Quando fui morar em Brasília, uma das coisas que me fez fascinar pelo local, foi acordar pela manhã com o canto dos pássaros, abrir a cortina e a janela e participar da dança das borboletas, bailando de flor em flor, fazendo um lindo contraste com o azul do céu, o verde das árvores e do gramado e, ao fundo o vermelho da terra daquele lugar. Que linda sensação de liberdade, de paz, de leveza! Eu ficava ali por algum tempo, fazendo a minha oração matinal.

Um dos fatos de a caverna não ser o lugar apropriado, é por causa da escuridão frequente; não deixa a pessoa ver além. As sombras são constantes. É necessário tatear e não perder a visão de claridade da abertura, da porta de entrada e obviamente onde deve sair. Dentro, as cavernas podem ter labirintos intermináveis e poços profundos. Pode vir a ser um lugar muito perigoso. No mito da caverna Platão descreve com propriedade que seja o motivo que for, a caverna não é habitacão e sim alienacão.

Pessoas há que vivem a vida inteira na escuridão de uma caverna, criada por situações de ordem emocional, onde, fugindo da realidade que lhes assusta, abrigam emoções atordoadas do passado, trilhando os longos labirintos, vivendo a vida sob luz artificial.



Isto lhes é o bastante. Quando alguém pergunta “Como vão? A resposta é: Como Deus quer”. Esqueceram, ou nunca souberam na verdade o que é a liberdade. O que é viver fora da caverna. Dentro das sombras, quer seja dia ou noite. Outras buscam intensamente e, até com certo desespero, a saída dos labirintos desta vivencia, dia após dia. Muitas precisam de tratamento psicológico e não fazem a mínima ideia disto. Outras necessitam de libertação, inclusive de possessão demoníaca. Tem áreas que os profissionais de saúde podem e devem tratar, mas a parte que cabe a Jesus libertar, só Ele pode fazer.

Duas semanas atrás fui a um retiro de mulheres promovido pela Assembleia de Deus em Orlando. Vindas de diferentes cidades, as mulheres se reuniram num lindo lugar, com a grande expectativa do que Deus havia reservado para cada uma delas.

A Adoração foi perfeita. O louvor preparou corações e mentes para a grande atuação do Espírito de Deus naquele lugar. “Abro aspas para destacar a minha repugnância aos cultos mecânicos, onde animadores de auditório programam show business, vazios da presença de Deus. Onde a glória é pessoal e não divina; onde o Espírito que consola, já não é Santo e nem requer santidade; onde o Cristo adorado ainda tem às mãos atadas a cruz e, portanto, inaptas para libertar o povo em densas trevas, que clamando por socorro, anda tão preso quanto o Cristo apresentado por estes”.

Que haja um real despertamento para o Teu povo, Senhor!

Minha amiga, pastora Ozanides, fez a abertura da palestra, abordando o tema do congresso. O que você tem em sua bagagem? O tema aparentemente comum, contudo sugerindo uma revisão interior, foi baseado em Gênesis 28:18 e serviu para motivar a reflexão de tudo que foi vivido até aquele dia. Há muito que se ponderar em questão de coisas desnecessárias, que ao longo do tempo tornam-se um fardo para carregar e, outras que precisam ser adquiridas para sairmos da superficialidade vivida.

A Doutora Branca, psicóloga que falou à tarde, nos fez entender as diferenças entre os problemas espirituais, físicos e emocionais, fazendo correlação entre corpo, alma e espírito. (Fez a doação de um tratamento psicológico para uma das mulheres do retiro)

A preletora oficial que veio de New York e nos contou o seu testemunho de vida e como Deus a transformou de uma terrível traficante, que até o medo tinha medo dela (conforme suas palavras) em uma anunciadora do evangelho da paz. Falou-nos das muitas prisões da alma que lhe cerceavam o direito de ser feliz. Contou-nos também que estas prisões continuaram mesmo depois que se tornou cristã, pois eram em grande número. A devassidão em que viveu requeria um minucioso trabalho de Deus em seu interior. Ela precisava ser livre das prisões, para o ministério de libertação de outras vidas, que a aguardava.

...”onde abundou o pecado superabundou à graça”. Rm 5:20

Na reunião noturna, após a palestra, à Missionária France Valdez, abriu oportunidade para as mulheres que quisessem compartilhar a sua história, abrindo o coração para cura de toda dor trazida na alma, deixando ao pé da cruz todo o peso que carregavam, talvez, durante toda a vida. Mesmo sendo cristãs professas, muitas mulheres traziam dores enormes, de fardos que carregavam e ainda não tinham sido depositados na cruz de Cristo.

Naquele instante, várias mulheres foram à frente e uma a uma, começou a contar a sua história de vida. Ouvimos durante toda a madrugada os vários problemas e prisões em que ainda viviam. Eu não imaginava que em uma sala de conferências relativamente pequena, coubesse junto, pessoas tão quebradas pela vida. A cada depoimento, a cada grito de socorro, meu coração soluçava de dor. A minha vontade era de coloca-las no colo, abraça-las e lhes enxugar as lágrimas. Entre elas, mulheres com problemas de: abuso, violência, sequestro, roubo, aborto, homossexualidade, lascívia, desamor, portadora de vírus HIV, com histórico familiar de zoofilia, traição, dependência química, possessão demoníaca, entre tantos outros. Todas em busca de alívio e verdadeira alegria para viver. Tenho certeza de que Deus nos escolheu a dedo para estarmos naquele lugar, pelo que somos imensamente agradecidas.


As que por fé, deixaram ao pé da cruz o seu fardo, foram aliviadas, depois de um longo tempo andando em círculos na caverna da vida. Que haja mais encontros como este! Não apenas um retiro, mas um verdadeiro “hospital da alma”.

Deus nos abençoe com verdadeira PAZ.

Denise F Passos