segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

AUTOPIEDADE "Derrubando Gigantes Interiores"

Esta é a quinta semana da nossa campanha e já identificamos quatro gigantes que tentam subjugar o nosso homem interior, tornando-o completamente distorcido. O “Eu” com todos os seus ismos, a “língua” que bate em todas as direções, a insensata “negligência”, o danificador “desânimo”. Todos são inimigos cruéis que se instalados, deturpam o q ue há de humano, em nossa essência.

O quinto gigante escolhido é a autopiedade, que é um sentimento corrosivo, altamente destrutivo. Tem seu começo na pessoa que se sente injustiçada pela vida, colocando-a no lugar de vítima. Ao reclamar de tudo, lamenta pelo que não tem e não é capaz de enxergar e se alegrar com o que possui. Ela é perfeita a seus próprios olhos, vive presa ao passado e a culpas, lamenta-se o tempo inteiro e este sentimento, evolui para uma espécie de tortura mental, que torna o convívio consigo mesma e com o outro, impossível.



Todos nós temos um ser ideal, (aquele que idealizamos como modelo para nós) e o ser real (aquele que realmente somos), e o ser ideal está sempre julgando o ser real. Da severidade deste julgamento, nasce um sentimento de culpa. Culpa por não sermos tão bons quanto gostaríamos, culpa de não termos alcançado o sucesso que almejávamos, culpa por não alcançarmos as nossas expectativas, nem as expectativas na relação com o outro. Esta culpa culmina num grande sentimento de inadequação com a vida, pois a autopiedade é seguida da autopunição.


Se em primeira mão a vítima da autopiedade se acha coitadinha, mal entendida, desvalorizada... A tendência sequencial é vestir a carapuça “talvez eu mereça passar por essa situação”,gerando um estado de culpa. A culpa por sua vez vai levá-la a autopunição e, a autopunição a induz ao pensamento de que não merece ser feliz. Este pensamento conduz a depressão, que funciona como resultado de sentença da qual a própria pessoa se impõe a pena. Com essa atitude ela se coloca como vítima das circunstâncias, como se os outros conspirassem contra ela e se sente mais infeliz ainda; sentindo uma culpa cada vez maior. Então, a pessoa é enredada num círculo vicioso de autopiedade, culpa e autopunição.


Eu posso falar por experiência própria, pois no passado experimentei este terrível sentimento. Como sou uma pessoa de fácil convivência, me achava “boazinha” demais e não merecedora de atitudes de críticas e afrontas de outras pessoas. Meus pais criaram a mim e a meus irmãos para vivermos um mundo cor-de-rosa, onde o sol sempre brilha e onde as pessoas são maravilhosas. Eu era uma pessoa tão amiga, prestativa, companheira, porque recebia ingratidões? Eu não entendia nada da realidade da vida. Dei um pouco de trabalho a Deus para me libertar deste gigante. Um dia, Deus me deu um sacode e me disse: Denise, o Meu Filho é que não merecia... Então, eu acordei para a realidade, e com muita oração me livrei deste mal que me corroeu durante muito tempo. E que por vezes intenta voltar, mas eu luto contra ele, para que não se instale; nunca mais... A casa foi limpa e adornada... Glória a Deus! Não há nada melhor do que a sensação de ser livre. “...esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Filipenses 3:13,14

O homem tem cada vez mais conhecimento e controle do mundo ao seu redor e cada vez mais se afasta do seu mundo interior. Vivemos mais a exterioridade do que a interioridade, pois a nossa teologia está pontuada no comportamental, no estereótipo. Damos pouca importância aos valores que nos conduzem e nos mantêm no Reino de Deus. A Bíblia aconselha que precisamos nos analisar periodicamente, a fim de nos conhecer e saber o que está acontecendo em nosso interior. O culto agradável a Deus é o racional, e como podemos oferecê-lo sem conhecimento próprio? Cada pessoa é um universo e partindo deste princípio há muito que ser analisado.


A narrativa de l Reis 19:8 em diante, nos mostra claramente o sentimento que o profeta Elias adotou para si. No capítulo anterior relata a sobrenatural atuação de Deus em resposta a oração do profeta, mandando fogo do céu e consumindo todo o holocausto preparado no altar. E por causa da morte dos profetas de Baal, em retaliação, Jezabel mandou matar a Elias, que fugiu, andando por muitos dias a caminho do Horebe, chamado o monte de Deus. Chegando ali, se abrigou em uma caverna, onde passou a noite, sentindo-se seguro; totalmente abrigado. Deprimido por causa da situação, começou a despejar em Deus toda a sua autopiedade. “Eu fiz tudo direitinho, da forma que o Senhor mandou; é assim que Tu me pagas? A minha cabeça está a premio e agora eu preciso viver fugindo e escondido. Todos aqueles que foram fiéis a Ti estão mortos, só eu fiquei. Acaba comigo também...”

O pecado da autopiedade nos faz rastejar nas emoções e a princípio nos escondemos numa espécie de caverna, que fabricamos, ao juntar as pedras que nos são atiradas ao longo da vida. Depois de algum tempo a caverna é que habita em nós e a escuridão da alma passa a ser tremenda. Neste ponto, as pessoas já estão totalmente dominadas por esse gigante que tira pedaços, fazendo grandes buracos na alma, quando na verdade deveríamos pertencer integralmente a Deus.


A autopiedade é a tortura mental, desprovida de amor, que consome a mente, noite e dia. O amor que dá vida, amor que impulsiona; amor que nos faz férteis. A nós foi dado o livre-arbítrio, o direito de escolha, e podemos olhar pelo seguinte prisma. Eu controlo os meus pensamentos, isto é certo; sou dona deles até o ponto que não me permito aprisionar. Se eu sou capaz de controlar os pensamentos e, já que os sentimentos são gerados pelos pensamentos, eu também consigo controlar os sentimentos negativos, não permitindo a sua instalação. Porque, depois que eles se instalam, pra mandar embora só com muito esforço, terapia e oração. Não posso impedir um pássaro de pousar na minha cabeça, mas eu posso impedir que ele faca o seu ninho.


José esteve dentro de um poço, onde foi colocado por seus irmãos para morrer. Ele trazia uma grande carga por causa dos problemas familiares e ficou tão decepcionado que mesmo após ter saído do poço e vendido como escravo para um mercador que o levou para o Egito, o poço não saiu de dentro dele. Ele o carregou durante muitos anos até que finalmente o seu cativeiro foi mudado e viu cumpridos, os sonhos de Deus para a sua vida. Mas, isso levou muitos anos, porque ele permitiu a instalação de determinados sentimentos em sua alma ferida. “Deus me fez crescer, na terra da minha aflição”, disse José ao dar a seu filho Efraim. Depende de nós, ir adiante ou ser embarreirados pelos gigantes. Augusto Cury, no seu livro “Você é insubstituível” diz que “Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais.” José sonhou, mas precisou livrar-se dos seus fantasmas para ver os realizados e ser completo outra vez.

Lute contra as prisões, mas sobre tudo, as arranque de você. Mantenha subjugado o gigante da autopiedade, que tenta a todo instante manter controle sobre a sua vida.

Deus nos abençoe.

Denise F Passos