segunda-feira, 29 de agosto de 2011

TRANSFORME INVASORES EM PÉROLAS

Que horas são? “Não sei e tenho raiva de quem sabe”’.
Quem nunca brincou deste jeito quando criança? Ali, naquele momento esta brincadeira infantil cabia à pergunta feita por minha irmã.
O tempo cessa no lugar paradisíaco. E eu estava lá, assentada na cadeira listrada em baixo do enorme guarda-sol azul e branco. Comendo cerejas, bebericando chá gelado, transformando o local em minha sala particular de leitura ao passar as vistas no interessante livro “A identidade feminina segundo Jesus”. Vez por outra erguia os olhos para ver o mar e admirar as ondas bailando ao sabor da música marítima e, a última coisa que importava era a hora. Aquela era hora de desfrutar o lugar. A paz e toda tranquilidade que estava à disposição era ímpar e eu não precisava ir embora enquanto houvesse luz.
Crianças correndo livres, boogle boards deslizando na espuma branca das incansáveis ondas, guarda sol e barracas a perder de vista nos protegendo dos raios solares intensos. As gaivotas degustavam pequenos mariscos que apareciam na superfície da areia encharcada e minúsculos caranguejos vez por outra apareciam reclamando, quando alguém mais pesado os pisava. Num dado momento meus pensamentos me levaram a Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, onde fiz um passeio fantástico pouco tempo atrás.
Fechei o livro e fui caminhar fazendo exercício, andando dentro d’água de forma que ela fizesse peso para a locomoção das pernas. Na areia, pequenas e grandes conchas coloridas esperavam que alguém as notasse. O sol ainda queimava as costas e parar para um mergulho se fazia necessário. Nesta altura da praia, a areia tornou-se mais fofa e ficou cansativo caminhar. Cerca de dois quilômetros em linha reta e as pernas já pediam arrego. Ali estava mais deserto. Uma ou outra pessoa distante uma das outras e a visão geral era, céu, mar, a longa faixa de areia e o invisível vento que abrandava o sol ainda muito quente.
Parei um pouco para descansar e refazer o fôlego necessário no caminho de volta. Neste intervalo catei um pouco das grandes conchas que tomavam toda a palma da mão. E enquanto descansava, depois de ter lavado as conchas para retirar toda a areia grudada nelas, comecei a estuda-las. Observei que há uma diferença enorme entre o interior e o exterior. Enquanto o exterior é áspero, de relevo bastante desnivelado, opaco, poroso na grande maioria, o interior é extremamente liso, brilhante e uniforme, as cores misturadas formam belos desenhos assimétricos.
Este fenômeno ocorre por causa do Nácar, uma substância secretada pelas células ectodérmicas em algumas espécies de moluscos. Esta substância iridescente é secretada de forma contínua, a fim de alisar a parte interior da concha. Também conhecida como madrepérola, o nácar age como mecanismo de defesa contra qualquer corpo estranho que invada e se instale no interior do animal. Quando ocorre a invasão de algum objeto estranho ou mesmo algum parasita e o molusco não consegue expulsá-lo do próprio corpo ocorre um processo chamado enquistação.
Este corpo estranho causa dor e um grande incômodo, então uma quantidade de nácar envolve o invasor até que ele fique roliço e brilhante como a parte interior da concha e se adapte ao organismo do molusco não o incomodando mais. Assim as pérolas são formadas, fruto da dor e de um grande incômodo. Algo que os moluscos não têm como se livrar, transformam em preciosidade.
A natureza nos dá várias lições se estivermos dispostos a aprender com ela. Algumas vezes, quando coisas ruins nos cercam, rodeando, aumentando a pressão devagar, mas com firmeza, logo após invadem sorrateiramente e achando terreno apropriado se instalam em nós machucando de forma cruel, a ponto de deixar à alma ferida - não reagimos contra - não buscamos no interior a química natural, da qual todo ser foi dotado, chamado “mecanismo de defesa”. Os invasores penetram a mente com bastante sutileza às vezes num pensamento banal, numa palavra mal absorvida, num trauma mal administrado, que se for dada proporção maior do que a real, agiganta-se rapidamente. E o que era apenas pensamento transforma-se em tormento e logo após em prisão. Podemos dizer que, o que era virtual nasce para a realidade e comumente nos aprisiona para o resto da vida.
Porém, o Espírito Santo produz em nós uma espécie de Nácar, que flui em nosso interior nos fazendo refletir o brilho de Cristo. Então, quando algum corpo estranho á natureza do novo homem o cerca, adentra e se instala, é neutralizado por Ele, quantas vezes se fizer necessário, para não nos incomodar mais em forma de culpa. Como ensinou o apóstolo Paulo, todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. 1 Coríntios 6: 12

A proposta contemporânea é de que precisamos nos aceitar como somos e então, tudo fica
bem demais. Concordo em parte. Eu adoraria ter uns centímetros a mais, porém me aceito
e sou feliz com o pouco mais de um metro e meio que tenho. Mas, quando isto se aplica a outras áreas da vida que mexem profundamente com a estrutura da moral, da ética, da educação e tantos outros, fica mais complicado. Do contrário para que serve Jesus, se “eu nasci assim, eu vivi assim, eu sou mesmo assim, Gabriela”? (trecho de música popular)

Não somos nós que temos de nos adaptar aos invasores perniciosos, que incomodam e destróem o que temos de melhor. Eles precisam ser identificados e controlados, pois de outra forma farão um estrago terrível em nossa vida e, sabemos que a proposta de vida abundante que Jesus nos outorgou está a nossa disposicão, apenas precisamos conquitá-la. E esta conquista diária depende única e esclusivamente de nós. Assim como o nácar é produzido no molusco durante todo o período de sua vida, enquanto quisermos ter vida e vida abundante com Deus, deveremos permitir a producão do fruto do Espírito em nós.

Muitos esperam que Deus desca do céu e venha fazer a parte que lhes cabe. O apóstolo Paulo é bem claro quando diz “não me deixarei dominar”. Portanto eu posso você póde, nós podemos. Jesus disse que sem ele nada poderiamos fazer, então, que tal reconhecermos que somos totalmente dependentes dele, na capacidade que já nos concedida para neutralizar estes invasores?




      Denise F Passos