sábado, 23 de abril de 2011

É NECESSÁRIO ESVAZIAR PARA ENCHER OUTRA VEZ?

     Recebi um e-mail do Marinho, um primo muito querido e que me levou a uma profunda reflexão. Dizia o seguinte:
          O MEU CAMINHO DESTA QUARESMA
Jejuarei de julgar os outros,
          Descobrirei que Cristo vive neles.
Jejuarei das palavras que ferem,
          Direi frases que curam.
Jejuarei do egoísmo,
          Viverei na gratuidade.
Jejuarei da inquietude,
          Procurarei viver com paciência.
Jejuarei do pessimismo,
          Encher-me-ei de esperança.
Jejuarei das preocupações,
          Confiarei mais em Deus.
Jejuarei das queixas,
          Darei graças a Deus pela maravilha da minha vida.
Jejuarei da angústia,
          Orarei com mais frequência.
Jejuarei da amargura,
          Praticarei o perdão.
Jejuarei da importância que dou a mim mesmo.
          Serei compassivo com os outros.
Jejuarei das preocupações com as minhas coisas,
          Comprometer-me-ei em anunciar o Reino.
Jejuarei do pessimismo e desalento,
          Encher-me-ei de entusiasmo e fé.
Jejuarei de tudo aquilo que me sapara de Deus.
          Tentarei viver mais perto dele.
As treze frases com propostas altruístas com respeito ao objetivo do jejum é bem mais do que um texto bonitinho a ser lido no e-mail diário. A grande maioria lê, acha magnífico, porém, o deleta, não só do computador, mas também da mente e do coracão. Tudo aquilo que nos faz crescer como pessoa, está fora de moda; é muito antiquado para fazer parte do cotidiano. Era para o tempo dos nossos avós, onde as pessoas eram ensinadas a amar e respeitar a Deus e a seu próximo.
O ato de jejuar imposto pela quaresma seria importantíssimo se viesse acompanhado ao comportamento destas treze frases e posso afirmar que bem mais que isto, pois, estas são apenas o básico. E, que bom se não fosse apenas para o tempo de quaresma! Quem dera que este comportamento fosse anual e para toda a vida! Sou cristã, evangélica, e verifico que em nossas igrejas não nos é ensinado o verdadeiro jejum. O sentido real do jejum, não é passar fome por algumas horas e alguns dias da semana ou do mês, fazer dieta ou regime, mas, sim o esvaziamento de si mesmo e de conceitos errados que aprendemos, para ser preenchido outra vez com a humanidade que Deus quer que todo “ser humano” se revista.
A santidade de Deus sem humanidade é impossível acontecer. Quanto mais me aproximo dele, mais vivo a sua santidade e tudo que nela está incluído, o seu caráter e seus valores inatos. É por isso que, quando assimilo este modo de viver não carrego fardo de algo imposto por terceiros, pois, Deus conduz com amor e espera o meu tempo de despertar, pacientemente.
 - Quando julgo alguém, julgo a partir de mim mesmo. Se parar de julgar e enxergar o que existe de bom no outro, é porque olho para o reflexo de Cristo a partir do que já fez em mim.
- Jejuar das palavras que ferem é um exercício enorme e que faz toda a diferença na vida dos que nos cercam, pois, quando se acercam é porque sabem que vão receber palavras do amor que cura e não de condenação e morte. Se eu tenho palavras de condenação para o outro é porque não me sinto perdoado e nem me perdoo.
- O egoísmo não permite que se veja a necessidade do outro. Não permite a doação de si mesmo.
- A inquietação limita a visão. Não me permite ver as saídas e nelas os caminhos existentes que me conduzirão ao êxito. A paciência me ajuda a esperar o tempo de lapidação que a tribulação produz.
- Manter a esperança quanto o céu da existência está cinzento, carregado de nuvens tempestuosas, é um desafio. O dito popular recita que a esperança é a última que morre. Assim sendo, se ela morrer em mim, é porque já estou pronta a ser enterrada.
- As preocupações da vida ocupam a mente de qualquer ser humano, podendo ocorrer com maior ou menor intensidade. A confiança em Deus é que vai determinar o grau de preocupação que nutrimos e indicar se jejuamos da preocupação ou da confiança em Deus.
- O coração é agradecido quando olhamos para traz e para os lados e somos capazes de enxergar a misericórdia de Deus em nossa vida.
- A oração alimenta a esperança neutralizando o efeito da angústia.
- Jejuar da amargura é saúde para a alma. Uma prática que se obtém apenas e exclusivamente através do perdão.
- Quando nos achamos o máximo e passamos a olhar as pessoas de cima, há uma forte tendência de nos tornarmos cruéis no julgamento alheio.
- Jejuar da preocupação com os próprios interesses é o ponto de partida em busca do Reino de Deus. Só pode anunciar com verdade quem vive o comprometimento com ele.
- Cultivar o otimismo e manter a fé é viver em estado de graça. É dizer não ao pessimismo que tenta se instalar a todo instante, por estar incluído no pacote dos problemas.
- É muito difícil jejuar de tudo que nos separa de Deus, mas é justamente a proximidade dele que nos ajuda a vencer as limitações.
Todo dia é dia de repensar a vida e recomeçar. O sacrifício do Filho de Deus não foi em vão. Você e eu podemos testemunhar da maravilhosa graça na tentativa diária de ser como Deus quer que sejamos. Viver a verdadeira humanidade a qual Ele propôs deve ser nosso propósito. Mas, vale um lembrete: Só conseguimos este objetivo através dele, por causa dele e para a Glória dele.
Feliz Páscoa!
Deus nos abençoe.
Grande abraço a todos.
Denise F Passos

terça-feira, 5 de abril de 2011

ROLANDO ESCADARIA À BAIXO

Quem não gosta de assistir a vídeos engraçados, as famosas pegadinhas que nos faz rir como crianças? Algumas de tal forma inusitadas nos levam a gargalhar em dobro. Eu e minha filha Suelaine num período muito difícil de nossas vidas ficávamos acordadas até a madrugada para assistir o “American Funniest Vídeos” que nos proporcionava uma hora de divertido relaxamento.
Porém, quando todas aquelas peripécias saem da casa do vizinho e batem a nossa porta, ao vivo e em cores, a coisa muda de figura. Lembro que na adolescência, mais ou menos aos treze anos de idade, mamãe e eu tivemos uma consulta na AMSA, um extinto ambulatório de Marinha próximo a nossa casa. Após a consulta, descemos a íngreme escadaria que não possuía intervalos nos lances dos degraus e para completar finalizava com uma espessa parede de concreto à frente. Primeiro eu, mamãe vinha dois passos atrás e descíamos a escada tranquilamente, porque como diz o dito popular “pra descer qualquer santo ajuda”, quando o salto do meu sapato tocou na beira do degrau superior me desequilibrando totalmente e culminando numa terrível queda.
Meu corpo envergou para frente com o peso da cabeça em relação ao tórax e quando percebi o perigo, gritei MAMÃE!!! Mas, ela estava impotente diante daquela situação, pois, havia um intervalo de dois passos entre nós. E nestes poucos segundos que me pareceram intermináveis a ouvi clamar JESUS, TEM MISERICÓRDIA!!!
Meu corpo que já estava envergado para frente pronto para rolar escada baixo como se fosse uma bola, aprumou e então passei a saltar mais ou menos de três em três degraus até o término da longa escada. A parede que estava a minha frente, nem foi tocada por mim, parecia que tudo havia acontecido em câmera lenta. Caí sentada com as pernas dobradas para o lado esquerdo, como se estivesse num piquenique. Salvaguardada de bater com o rosto que usava óculos de grau, apenas o salto do sapato se quebrou. Nenhum osso quebrado, nenhum arranhão, nem dores. Com o coração agradecido caminhamos para casa, comentando a respeito da grandeza de Deus.
Acordei hoje pensando neste episódio e conclui que às vezes é necessário cair da escada. A sensação de medo em situações como esta nos coloca em alerta. E este medo pode ser bastante positivo. O fato é que normalmente temos medo de enfrentar situações que nos confrontam que nos olham cara a cara dizendo em tom desafiador “e agora -- quem você realmente é?” Mas, é necessário descer aos porões do inconsciente para ver o que foi sedimentado por lá, aquilo que dói tanto que deixamos trancado a sete chaves e também para saber o que podemos extrair de bom das experiências dolorosas do passado. Descer ao porão e ter coragem de explorar seus vários compartimentos é aproveitar a oportunidade que a vida dá de arrumar o interior a fim de deixar o consciente mais confortável.
O cair da escada para alguns pode ser contínuo, dependendo da atitude tomada quando se percorre o subsolo da vida. Isto pode causar um susto enorme, pois, desestabiliza as bases e às vezes isto ocorre em sua totalidade, causando uma terrível dor com efeitos irreversíveis pelo efeito das marcas deixadas, então, a pessoa passa a viver num estado de alerta contínuo, por causa do muro de proteção erigido aos trancos e barrancos. Muro este que em sua concepção viabiliza proteção imaginária ao superego conflituoso.
O cair da escada proporciona uma visualização das partes baixas do seu interior, e das câmaras secretas que todo ser humano possui. Proporciona a necessidade de se levantar do tombo levado para explorar as dependências subterrâneas da alma para quando tomar o caminho de volta a superfície, viver em maior harmonia e equilíbrio.
Este porão não tem outra porta de escape, é necessário o esforço de subir outra vez a escada. São nas vigas e nas sapatas deste porão que o seu edifício está erigido; daí a grande necessidade de cuidar bem deste compartimento, por causa dos invasores externos que não necessariamente precisam adentrar pela porta. Eles minam como a umidade mofa uma parede e então, tudo que acumulamos durante uma vida inteira se perde por causa do mofo. Este mofo subjetivo adoece sentimentos que prejudicam o relacionamento consigo mesmo e com o seu próximo.
Há pessoas que vivem presas em seus porões. Vivem presas, contando os elos da corrente na qual estão acorrentadas, buscam na religiosidade, na ciência, na filosofia, nas futilidades, a maquiagem perfeita para a resolução das suas dificuldades pessoais.
Para subir a escada é necessário:
Livrar-se dos medos – Encarar as situações catastróficas como elas se apresentam e administrá-la da melhor maneira possível.
Curar as emoções – Se for necessário procure ajuda profissional, pois, emoções mal curadas são como a doença orgânica, se mal curada, agrava-se e mata.
Perdoar a si mesmo – Esta é a maior dificuldade do ser humano. Antes de perdoar a qualquer pessoa, precisamos perdoar a nós mesmo. A culpa corrói tudo que foi construído anteriormente.
Subir a escada é, depois de toda a avaliação, cuidar do saldo positivo, saber trabalhar com ele e andar com as próprias pernas, entendendo que em todas as situações há um grande aprendizado. Viver intensamente a célebre frase deixada por Nietzsche “Aquilo que não me mata, só me fortalece”.
A misericórdia de Deus que foi exercida no tombo da escada é a mesma que me acompanha quando percorro meu porão. Ultimamente tenho feito visitas periódicas a estes compartimentos, colocando-os em ordem para um novo tempo da minha vida. Tenho algumas salas precisando de reparo, mas em compensação os depósitos estão cheios de pedras preciosas. A mão que me sustentou na queda, é a mesma que me ajuda a subir degrau após degrau. Ela me aponta a luz no topo da escada e me guia a superfície outra vez.
Chegar ao topo e explorar todas as possibilidades, viver a vida intensamente também é um grande desafio, mas eu gosto de desafios. Eles se apresentam para serem vencidos. Deixam marcas, porém me vejo fortalecida e pronta para outros desafios.
Deus abençoe a todos.
 Denise F Passos



sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A geladeira e o cinto de segurança

      Hoje no almoço em família, estávamos conversando sobre as grandes necessidades que já passamos na vida. A falta que tivemos de utensílios que não são um luxo, mas uma grande necessidade. Falamos da falta que fazia um simples ventilador quando não tínhamos dinheiro a não ser para as necessidades básicas. Então eu perguntei se eles já possuíram uma geladeira com cinto de segurança. É claro que responderam, não. Pois, é eu tive uma dessas lá em casa, e foi graças a ela que eu tive uma das grandes experiências no meu crescimento com Deus.
     Meu apartamento tinha a cozinha pequena e a geladeira amarela ficava perto do tanque e o varal em parte acima dela. O piso era desnivelado, o que concorria para que a borracha que já não andava das melhores não vedasse completamente deixando escapar o ar gelado. Conclusão, a porta do refrigerador precisou ser amarrada com a alça de uma destas bolsas para viagem.  Idéia excelente que nos proporcionou um tempo maior no aguardo da nova geladeira duplex.
     Num determinado fim de semana eu fiquei encarregada de levar maionese para o almoço da igreja. Eu e a saudosa irmã Maria (acho que em todo lugar tem uma preciosidade destas) antecipamos cozinhando os legumes na noite anterior por causa do culto matutino. No dia seguinte, após o café da manhã estávamos lá, preparando uma deliciosa maionese caseira que só ela sabia fazer. Quando retiramos os legumes percebemos que estava com cheiro esquisito, pois, alguém durante a madrugada bebeu água e esqueceu-se de vedar bem a porta da geladeira. Não se preocupe, disse ela, estão consistentes, isto não é nada. Mas à medida que lavávamos parecia que não adiantava muito. Ficamos preocupadas. Não dava tempo de comprar outros, descascar, cortar e cozinhar novos legumes, também, não tínhamos dinheiro para fazê-lo. Qual a saída?
     Deixei a irmã Maria às voltas com a cozinha e fui para o meu quarto orar. Dobrei os joelhos, coloquei o rosto no assoalho e clamei ao Senhor, contando a situação que ele já bem sabia e pedindo uma solução. Pedi que se houvesse algo que pudéssemos colocar na lavagem para cortar todo cheiro e efeito que ele nos indicasse, já que é conhecedor de todas as coisas. Imediatamente, no pensamento me veio à palavra “bicarbonato de sódio”. Terminei com agradecimento me dirigi para a cozinha e perguntei se ela sabia para o que serve bicarbonato de sódio, pois, eu usava apenas para limpar e retirar cheiro do refrigerador. Ela me disse que servia para muitas coisas, inclusive se uma pessoa estivesse com congestão por causa de alimento cortava o efeito. Ok, disse eu, é com isto que vamos lavar a batata e a cenoura. Foi exatamente o que fizemos. E depois de escorrido colocamos o delicioso tempero e oramos ao Senhor, entregando aquela situação.
     Hora do almoço. Cerca de cem pessoas almoçaram naquele dia. Após a sobremesa conversamos um pouco e fomos arrumar a cozinha e guardar as sobras. Por volta das três horas da tarde uma jovem que havia chegado do trabalho perguntou se ainda havia almoço e começou a colocar a sua refeição, quando alguém disse: Pega maionese, está na geladeira. Ela virou-se, abriu a porta pegou a vasilha e quando foi colocar sobre a mesa caiu no chão e dali para o lixo.
     O fato de termos aquela iguaria apenas para o horário do almoço e nada mais, me fez repensar num Deus sempre presente. Atuante na hora da real necessidade. Quando eu não enxergava saída alguma, fadada a desistir e sofrer a vergonha de chegar com as mãos abanando, ele estava lá, pronto a agir e atender a sinceridade do meu coração. É sempre assim quando nos debruçamos sobre a fé. De uma forma ou de outra a resposta vem.
     Deus se importa com uma simples maionese? A resposta é sim. Você e eu somos importantes para ele e tudo que envolve a nossa vida também é. Por causa das aflições quotidianas e o longo período de sofrimento que nos assola, a tendência é achar que Deus, o Todo-Poderoso, está assentado no trono do universo assistindo de camarote sem importar em nada com a nossa vida.  Um Deus que diz que me ama, pode me deixar passar pelo estado de penúria? A resposta também é sim. A Bíblia diz que Deus não poupou o seu próprio filho, por uma causa maior, a nossa redenção.
     Confiamos em Deus e sabemos do seu grande poder, isto é certo. Cremos num Deus que faz milagres como os descritos na Bíblia. Mas há uma distância entre crer neste Deus poderoso que fez tais milagres e crer ao ponto de permitir que Ele seja este Deus poderoso e presente na minha e na sua vida. Que realize tais proezas em mim e através de mim, em você e através de você.  Esta é a diferença crucial da qual não nos damos conta. Vivemos um cristianismo pobre, de um Cristo ainda pregado na cruz, cujas mãos estão presas e não pode fazer nada pelos que crêem nele. Tal qual Zeus mostrado em arte no Museu do Louvre com seus braços amputados não podendo cuidar de si mesmo, que dirá reger o Olimpo.  
     A fé nos conduz pelo caminho do crescimento de experiências com Deus. A falta dela também nos conduz a um caminho, de forma inversa. A incredulidade quando instalada nos deixa como autistas em relação a tudo que diz respeito à fé em Deus. E quando o estado se agrava vira catatonia plena. Neste estágio, o cristão não ouve, não aprende, não cresce, não produz. O corpo até vai, mas a mente não acompanha. Fadado a letargia, ainda contamina a outros com toda a negatividade.
     Eu e você somos mais importantes do que uma simples maionese. Se Deus se importa em suprir para uma refeição o que não fará quando colocarmos a fé em ação nos grandes embates da vida. Nos casos de vida ou morte, onde só a intervenção divina pode solucionar o problema. Busque uma fé atuante, crescente, inabalável, pois, sem ela é impossível agradar a Deus. Esta busca deve ocorrer diariamente, nas mínimas coisas, e quando as grandes se apresentarem estaremos prontos para enfrentá-las de frente e vencê-las.
     Deus nos abençoe.
     Denise F Passos

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ventos do Destino


Em agosto de 2010 fiz um cruzeiro de uma semana no Liberty of the Sea. Um navio de quinze andares que nos proporcionou dias de grande entretenimento. Cerca de cinco mil pessoas estavam literalmente no mesmo barco. Gente de vários países compartilhando das delícias oferecidas aos viajantes. Diversas raças, culturas, língua, posição social, mas um só objetivo; descansar e divertir.
Saindo de Miami viajamos à noite inteira até aportarmos numa praia do Haiti. Precisamos fazer um desvio por causa do furacão que passava pelo Caribe. O vento era forte e, apesar daquela embarcação ser bastante estável, sentíamos o vai e vem delineado pelo conluio entre as ondas e o vento. Tudo era calmo na manhã seguinte. Fomos a uma bela praia, onde a água era quente e os peixes pareciam nos saudar de tão perto que chegavam. Duas horas depois o tempo virou de repente, o céu enegreceu, o vento carregava os objetos deixados na areia. Saímos imediatamente da água e procuramos abrigo. Chuva intensa e vento forte por cerca de trinta minutos. Vento este que chegou a derrubar dois arbustos à nossa frente.

Passada a tempestade, o sol raiou majestoso sem fazer muito esforço e todos voltaram a divertir-se. Parecia que nada de grave havia acontecido. Meus amigos e eu comentamos que agora tínhamos história para contar, estivemos num furacão.
Pensando sobre a força do vento e o destino da embarcação, lembrei do pequeno poema que me fora enviado por alguém no Orkut, que me ensinou uma grande verdade.

VENTOS DO DESTINO
                                                               Ella Wheeler Wilcox

Um barco sai para leste e outro para oeste
Levados pelos mesmos ventos que sopram:
É a posição das velas,
E não os temporais,
Que lhes dita o curso a seguir.
Como os ventos do mar são os ventos do destino
Quando navegamos ao longo da vida:
É a posição da alma
Que determina a meta,
E não a calmaria ou a borrasca.

Se esperarmos apenas calmarias para nos lançar com segurança no navegar da embarcação da vida é porque somos inaptos para atravessar situações adversas que se apresentam. Os temporais existem, eles chegam inesperadamente na vida de qualquer um, causando tumulto, levando preciosidades que conquistamos, arrancando pela raiz aquilo que plantamos, acabando com a festa e nos deixando acuados entre quatro paredes. Quando se está em alto mar lutando com o vento e as grandes ondas que parecem tragar a embarcação, é o leme que não deixa a embarcação à deriva. Ele norteia afastando o barco dos lugares perigosos e conduzindo-o em segurança até o lugar da bonança.

Somos como uma embarcação que navega nos mares da vida e dia após dia enfrenta desde a calmaria onde é fácil navegar e desfrutar de toda a beleza e prazer oferecidos, até as intempéries, que rouba o brilho do sol trazendo nuvens gigantescas que desabam em tempestade e o esforço para manter o leme na posição correta é quase impossível. Os perigosos recifes podem trazer danos irreversíveis ou nos levar à pique, por isso a total atenção com o leme deve ser mantida.

De acordo com o poema, é o posicionamento da alma diante das tormentas que vai direcionar o rumo que toma a vida. Ao longo dos meus cinquenta e dois anos procurei aprender um pouco com cada pessoa que passou por mim e alguns fizeram grande diferença. Em casa, com os pais, aprendi o básico que me deu subsídios para ser uma pessoa equilibrada. Porém, quando me vi fora da redoma passando por situações que chegaram para me fazer amadurecer ou apodrecer soube que precisava tomar atitudes corretas.

Então passei a me observar mais, redirecionei meus sentimentos que andavam confusos, parei de me sentir coitadinha e encarei a vida de frente, numa atitude de bravura que descobri dentro de mim. A coragem estava lá. A maturidade precisa ser conquistada, pois ela não cai do céu e não vem de mão beijada. É no enfrentamento diário que forjamos a estrutura de ferro tão necessária a alma. Com o aprendizado eu decidi que quero ser uma pessoa forte, que toma atitudes sensatas diante de situações catastróficas.

Quem conhece a minha vida e sabe das grandes dificuldades que passei e ainda passo, não entende como consigo manter este sorriso constante nos lábios. O exercício diário para manter os sentimentos equilibrados aliados a fé, me fizeram esta pessoa forte de hoje, bem diferente da Denise de trinta anos atrás, frágil, medrosa, pequena no interior, que não conseguia olhar além das dificuldades, vivendo o meu mundo pequeno sem grandes perspectivas. Hoje um novo mundo se descortinou para mim, e vou conquistá-lo, pois “a alegria do Senhor é a minha força”.

Aprendi com a experiência que nós damos dimensão a certas coisas. Se eu tenho um problema, posso me preocupar dentro da normalidade, porque sou um ser humano, ou posso passar noites sem dormir e adoecer buscando uma solução. Se uma grande tristeza me atingir, eu posso sofrer muito, desesperadamente ou de forma normal como todo mundo. Se perdermos o ponto de equilíbrio nas situações, ficamos à deriva como a embarcação cujas velas se rasgam e o leme avaria. O posicionamento correto da alma diante da vida pode e deve ser controlado por nós.

Afinal, a vida é bela apesar dos pesares e, para se manter desta forma, eu e você precisamos nos esforçar. Eu posso vir a ser o meu pior inimigo se me acomodar diante das situações, se der ouvidos a voz dos pensamentos negativos, que uma vez instalados corroem tudo de positivo na estrutura do ser. O leme que direciona as velas foi dado em nossas mãos. Que posição tomar? Avançar ou retroceder? Cruzar os braços ou arregaçar as mangas? Ser corajoso ou coitadinho? Estas são indagações impostas pelo desafio diário precisam ser bem decididas por mim e por você, para que a vida dentro de nós continue sendo simplesmente BELA.

Grande abraço.

Denise Figueiredo Passos

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O NASCER DO SOL


Alguns dias atrás, por simples curiosidade, fui à praia em pleno inverno para ver como ficava a areia do mar coberta pela neve, pois a paisagem muda completamente quando neva. Muito frio e vento forte, mas eu estava lá aproveitando aquele raro visual.
Lembrei-me então do dia em que fomos ver o nascer do sol numa praia semelhante aquela, onde a temperatura estava mais agradável, em pleno verão.  Ao chegarmos lá, ao desligamos os faróis do carro, tudo era escuridão, então foi necessário usar as pequenas lanternas para iluminar a trilha até o mar. Caminhei pela faixa de areia fria por causa da brisa noturna e, no silêncio, comecei a ouvir os sons da noite que não se sabe bem de onde procedia; aliado ao barulho alvoroçado das aves marinhas que ensaiavam o canto de alegria para receber um novo dia. Enquanto podíamos enxergar apenas alguns metros a frente, as estrelas que cintilavam no imenso céu rompiam a escuridão para trazer um pouco de luz a tímida lua em quarto crescente. De repente um tom de rosa, que foi se intensificando até se transformar num forte alaranjado, pinta o horizonte, e o azul do céu se revela em contraste com o forte azul esverdeado do oceano.
Eu estava lá, sentada na areia, quase sem piscar, desfrutando da beleza inigualável daquele quadro maravilhoso, que Deus pinta todas as manhãs para alegrar e aquecer a vida do homem - o nascer do sol. O sol finalmente rompeu a escuridão e ela se foi. Simplesmente deixou de existir. Tudo se tornou claro. Aonde a luz chega, a escuridão se vai. Não pode haver trevas e luz num mesmo lugar. As duas são antônimas em causa e efeito. Podem até ocupar o mesmo lugar, mas nunca ao mesmo tempo. Aos poucos o sol imponente foi tomando seu lugar de destaque no céu, constatando que chegou para brilhar, subindo a cada minuto até ser dia perfeito.
A vida começou a encher aquele lugar; agora havia bandos de pássaros. As gaivotas bailavam ao sabor das ondas, indo e vindo, enquanto saboreavam o delicioso café da manhã oferecido pelo imenso mar os pequenos crustáceos que faziam a areia borbulhar. Ao longe surgiam pequenas embarcações coloridas que pontilhavam em tamanhos diferentes o oceano. Para pescar ou simplesmente navegar, aproveitando o belo dia ensolarado daquela manhã de verão, diversas pessoas se divertiam ao sabor do vento favorável.
Engraçado, que a primeira coisa que acontece quando a luz chega é a noção de espaço, de amplidão. Enquanto reina a escuridão, pouco se vê e pouco se sabe do que se passa ao redor. A visão é turva e limitada. Na luz, a linha do horizonte é tão vasta que parece não ter fim. Podemos olhar nas quatro direções e ver diferentes caminhos a tomar e daí entender que a luz é boa para nos fazer enxergar as diferentes opções que a vida nos oferece. Quando pensamos que há apenas o caminho do mar que pode nos afogar de tão imenso, olhamos no mínimo mais três, nos lados e na retaguarda.
Outra coisa que a luz do sol me revelou naquele lugar foi o lixo deixado pelos usuários. Ao sabor das ondas também estavam copos e latas de refrigerante. O branco da areia competia com o forte colorido das embalagens de biscoitos e picolés, cujos palitos estavam enfiados no que restou dos castelos de areia construídos no dia anterior.
A luz revela todo o lixo acumulado, ao longo do tempo, tudo aquilo que não foi devidamente limpo e reciclado na oportunidade de fazê-lo. Às vezes acumula tanto que é necessário um mutirão para poder levar o lixo para o lugar que lhe cabe, a lixeira. O perigo da escuridão é que ela não deixa ver o que é agradável de ser visto e aproveitado e ainda encobre a danosa sujeira.
Lembrei-me do texto de Mateus 4.16:

O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz, e os que estavam assentados na região da sombra da morte, a luz raiou”.

Este texto nos traz uma percepção da universalidade do Reino de Deus. Assim como o sol com sua luminosidade intensa nasce para irradiar luz para todos, da mesma forma Jesus, o Filho unigênito do Deus Altíssimo, veio para trazer luz a todos os homens. Assim como o sol nasce para todos, quer sejam bons ou maus, a luz de Cristo alcança a todos, sem preconceito algum.
O texto parece fazer distinção entre dois grupos de pessoas. Sem conhecer profundamente, eu ouso dizer que o povo que estava assentado em trevas é aquele tipo de pessoa que leva a vida de forma normal, sem prejudicar a ninguém, pessoas de bom caráter, boa índole, cumpridores do dever, porém, não têm a vida iluminada por Jesus. Quer dizer, não basta ser um bom ser humano; precisa voltar a ser parte da essência divina, em Jesus. Só através dEle o homem volta ao estado de imagem e semelhança do Criador.

     “e os que estavam assentados na região da sombra da morte, a luz raiou”.

Esta frase qualifica outra classe de pessoas em estado pior que o primeiro grupo. Este segundo grupo está assentado, em estado de prostração, passando a idéia de conformação com a situação em que se encontra. Inerte, sem perspectiva, este grupo não quer ou não consegue, com esforço próprio, o recurso necessário para sair desta condição. Este grupo é bastante abrangente. Além de conter os que vivem todo tipo de marginalidade, os que maquinam e praticam o mal; os que se emaranham nas vias do péssimo caráter, os manipuladores de vidas, os opressores e, aí podemos citar uma lista enorme no desvio de conduta, porém, na pior parte deste grupo estão os que conhecem a luz e não querem andar nela, preferem viver em trevas; temos os que ouviram falar da luz, mas preferem as densas trevas, os que já conheceram e andaram na luz e hoje estão distantes e nem por telescópio conseguem enxergá-la, os que fingem andar na luz, mas, a sua vida é escuridão, os que falam da luz como se nela andassem e enganam a muitos. Todos estes vivem como mortos, na região onde paira a sombra da morte, pois desprezam a luz e a vida. Muitos até travestidos de santidade, conhecedores, mas não cumpridores da Escritura. A estes e a muitos outros também raiou a LUZ. A luz que revela onde mudar, onde é necessário limpar, onde precisa adornar, a fim de que vivamos na Luz como viveu Jesus.
Quer seja no contexto daquela época ou no atual, o certo é que Jesus ainda é a luz que ilumina a escuridão da nossa vida, é ele que ilumina o caminho no qual devemos andar, ele é quem irradia verdade em nosso coração e assim liberta o homem de si mesmo e de todo jugo dos opressores.

Sejam abençoados.

Denise F. Passos

domingo, 30 de janeiro de 2011

Ela me ensinou a amar a Deus


     Em algumas matérias postadas no meu blog, falei sobre minha mãe, como uma espécie de agradecimento por todo o cuidado que ela teve com meus irmãos e comigo. Um forte desejo de escrever sobre ela, de falar sobre as suas virtudes, não me saia da mente. O que eu não sabia é que ela seria levada de mim tão cedo.
     Aliás, no fundo nós sabíamos, pois, fomos avisados. Deus cuida dos seus em todos os momentos e ajuda a ser menos dolorida a nossa dor, que vai se tornando menor dia após dia. Minha mãe teve muitas limitações, pouco estudo, mas, era dotada de inteligência e força de vontade. Eu e meus irmãos fomos para a escola primária, já sabendo ler e escrever, e contar até 1000, do que ela se orgulhava muito e nós também. Ela me ensinou a declamar poesia, que comecei aos quatro anos de idade e hoje declamo poesia com cinco páginas. E todas eram de Mário Barreto França, nosso poeta predileto. Ela se orgulhava dos filhos, da educação rígida que deu. Ela e meu pai nos ensinaram a ser pessoas honestas e de bom caráter. Nada passava despercebido. Boa esposa e mãe. Além de cuidar da família, sempre teve os agregados que de uma forma ou outra ajudava, alguns até chegaram a ser hospedados em nossa pequena casa.
     Ela gostava de brincar conosco. As brincadeiras de criança da minha época eram excelentes. Lembro-me de um dia que nós brincamos de pique esconde lá em casa. Meu pai pulou a janela e se escondeu no quintal, foi logo achado por mim, mas, a minha mãe, ninguém achou. Não sei como, mas, ela entrou no guarda roupa e colocou as cobertas na frente e ninguém a achou. Tivemos grandes momentos em família. Nosso café da manhã dos sábados foi marcante. Era o dia que o meu pai estava em casa, então se tornava festa, tínhamos tempo de comer à vontade e jogar conversa fora. Até hoje eu gosto de café da manhã em família.
     Porém, o maior legado que meu pai e ela nos deixaram, foi o fato de terem nos ensinado a amar a Deus sobre todas as coisas. Meu pai foi pastor da mesma igreja por mais de 30 anos e ali, eu e meus irmãos crescemos, vendo a minha mãe como preciosa auxiliadora no ministério dele. Grande parte do que ele foi como pastor, deve-se a ela. Eu, a filha mais velha, fui companheira dos dois e aprendi dos dois lados. Com papai fiz meu primeiro curso de Teologia, aos 14 anos de idade, eu o acompanhava as visitas, aos cultos ao ar livre, e as convenções de ministros, além de algumas vezes ir ao rancho na Marinha onde ele trabalhava, só para filar a bóia. Nós perdemos as contas de quantos pastores ele formou e que hoje estão espalhados pelo mundo. Com minha mãe aprendi a lidar com a parte social da igreja, a ver a necessidade das pessoas e de alguma forma supri-la. Desenvolvi o talento de trabalhar com mulheres na igreja, dando estudos e pregações. Também foi com ela que aprendi a cantar, a recitar e a ser uma mulher de grande fé, que vence as batalhas em oração. Um grande legado. Esta é a melhor herança que eu e meus irmãos podemos ter.
     Além da grande saudade que ficou e vai perdurar enquanto viver, lamento o fato de que, daqui por diante, não terei ninguém que ore por mim com tanto amor, como minha querida mãe orava. A oração das mães move o coração de Deus. Regada com amor e desprendimento, além de uma grande renúncia.
Ilma de Almeida Figueiredo 27/10/1933 a 25/01/2011
Obrigado pelo carinho de todos.
Denise Figueiredo Passos
    

     
   

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tributo as grandes mulheres como Alicia Nesh

                  A idéia de fazer este blog começou a partir dos estudos para mulheres da minha igreja e pregações que escrevia. Um pequeno acervo que adquiri com a experiência, ao longo dos anos. Um desafio a que me proponho; cada dia produzir mais e melhor. Instruindo-me e cooperando para o crescimento de outros. Aprendendo com a simplicidade da vida, que é linda de ser vivida, apesar das tantas dificuldades. Até que possa destilar esperança e todos os benefícios que a acompanham. Escrever, para mim, é conhecer a mim mesma, é exteriorizar um pouco do que sou. De forma simples, como eu, uma pessoa amante da vida.
A vida é um presente que poucos sabem valorizar. Uma jóia preciosa que deve ser bem cuidada para não se deteriorar.
Hoje assisti a um filme, narrativa de uma linda história de vida. É engraçado como muita coisa boa de assistir passa despercebido, enquanto assimilamos tantas porcarias filmadas. “A beautifil mind”...”A mente brilhante”, é a biografia de John Nash. Mestre em matemática, dono de uma mente brilhante, decifrador de incógnitas e teoremas complicadíssimos, venturoso em tudo que fazia, desenvolveu um quadro de esquizofrenia ainda enquanto estudava e mesmo assim foi chamado para pós-graduação em Harvard, o que recusou. Preferiu estudar e contribuir para o engrandecimento da Universidade de Princeton em New Jersey, que lhe ofereceu mais vantagens, acreditando em seu potencial.
Casou com Alicia Nash e teve um filho. As muitas entradas no hospital psiquiátrico com tratamento prolongado, a base de choque elétrico e os fortes psicotrópicos o deixavam meio que fora do ar, apático, inábil para o trabalho, incapaz de interagir com os poucos amigos e a família, de participar da criação do seu filho e de amar a sua mulher. O mundo imaginário criado pelo quadro esquizofrênico, o fazia ouvir vozes e visualizar pessoas que interagiam com ele deixando-o perturbado, até que tomou a decisão de não mais tomar os remédios e administrar as imagens do seu mundo particular, mantendo-os controlados. Fantasmas que o atormentavam dia a dia, incitando-o a fazer coisas fora da realidade.
Os caminhos da mente são tênues. Uma linha muito frágil, separa a realidade da loucura que sempre estão presentes na vida de qualquer um, basta sair do equilíbrio por muito tempo. John, conseguiu administrar esta loucura com a ajuda de Alicia. Numa parte do filme que muito me chamou atenção ela diz: “...desistir de Nash é como desistir de Deus e de mim mesma”. Esta mulher, soube amar. Amor é uma palavra que anda na boca de muita gente, que pouco sabe amar. Pessoas que vivem um amor de aparência, mas, quando este sentimento é provado pelas dificuldades que a vida impõe, o suposto amor é o primeiro que corre.
     Não basta amar, precisamos saber amar. Conhecendo as deficiências e necessidades do ser amado, pois, quem ama, não pensa em si mesmo, antes no objeto do amor, sua prioridade. Alicia, tanto quanto as mulheres dos grandes idealistas que teceram a história, estão correndo junto, lado a lado, dando suporte, conduzindo seus gênios ao brilho. Enquanto eles recebem os louros, elas estão na platéia, fazendo parte do coro de palmas, sabedoras que se eles estão no pódio, um grande percentual deve-se a elas, enquanto a sensação de dever cumprido é demonstrado na lágrima que rola pela face e o largo sorriso nos lábios. As grandiosas mulheres em cujo seio eles descansam, cujos ouvidos estão atentos para as novidades e de onde parte as excelentes idéias para seus gênios desenvolverem suas brilhantes teses, os mais sábios conselhos que os mantém à salvo, cujas mãos sempre afagam em suaves cafunés e os ombros firmes em apoio, quando nem tudo dá certo, leais quando todos os abandonam. As mulheres que sabem amar são frágeis e fortes, doces e cítricas quando necessário, iluminam como lâmpada a escuridão diária de seus gênios. E os guiam pelos caminhos do amor quando eles não encontram tempo para perder com estas tolices fugazes que tanto os enchem de vida e de esperança.
     Particularmente quero parabenizar as mulheres que sustentam a sua casa em oração. São estas, as grandes responsáveis pelo êxito de filhos e maridos. Os prêmios e todos os troféus, pertencem a estas guerreiras. Mulheres que oferecem a própria vida em sacrifício e que só descansam quando a resposta chega. Mulheres como a minha mãe, que me ensinou a lutar pelo bem-estar do meu lar.  
     Grande abraço
     Denise Figueiredo Passos
    

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A grandeza de Deus


Desde crianças ouvimos falar na grandeza de Deus, nos seus grandes feitos, tanto na criação, quanto através dos heróis da fé, nas grandes vitórias das guerras travadas e nos estupendos milagres realizados. Assim crescemos tendo noção de quão grande e poderoso é Deus. Um Deus que apenas e simplesmente É; onde o macro e o micro lhes são a mesma coisa. Tão imensurável que no céu está o seu trono, mas, a terra é o estrado dos seus pés. 

Da minha geração até por volta dos anos 80, Deus ainda era o super-herói da garotada. Com o passar dos anos e com toda esta tecnologia galopante, nossos filhos e netos tendem a não ter este referencial. A geração vídeo-game aperta botões e tudo acontece. E Deus, parece demorar muito em suas decisões para ter controle sobre todas as coisas. Que mudança é esta que tira de um lado e acrescenta de outro, de forma tão superficial? Se Deus não muda, o que mudou então? Que forma de crer estamos ensinando a esta nova geração; a de um Deus virtual?
Nasci num lar cheio de amor e tive uma infância emocionalmente saudável, com os altos e baixos de uma família normal. Mamãe tinha pouco estudo, porém, eu e meus irmãos fomos para a escola sabendo ler e escrever e contar até mil (do que ela se orgulhava muito e nós também). Papai mudou-se de Angra dos Reis e ingressou na Marinha, onde fez carreira. Ele foi criado em um lar evangélico, enquanto que minha mãe teve formação católica e em quatro meses após o casamento, foram recebidos por Jesus na Assembléia de Deus em Madureira, RJ. Nesta igreja vivi toda a minha infância e cresci nos ensinamentos bíblicos que me deram estrutura para viver uma vida cristã equilibrada.
Aos seis anos de idade, fui acometida de difteria e na época muitas crianças morriam desta fatídica doença. O médico queria me internar no isolamento do Hospital S. Sebastião, mas, minha mãe pediu permissão para me cuidar em casa, pois, tinha quem aplicasse as muitas injeções que eu deveria tomar. Isto ocorreu numa segunda-feira, mas, desde a sexta da semana anterior, já havia febre alta e dor na garganta, o que mamãe estava tratando como gripe. A doença piorava a cada dia e na quinta-feira meus olhos começaram a revirar e meu corpo gelou. Eu era pele e ossos, apenas.

 Lembro-me de que no torpor da morte, eu estava voando num lugar, onde a luz do dia se apagava e de forma sombria olhava o solo com muitas covas abertas. Voando comigo, havia um Ser cuja face ainda não podia ver e, que de forma silenciosa acompanhava a minha mortal aventura e eu me msentia segura, sem medo algum daquele lugar. O vale de sombra e morte é real, eu estive lá. Naquele exato momento, meus pais estavam ajoelhados com o rosto em terra intercedendo pela minha vida, acompanhados por irmãos de nossa igreja. Minha mãe prometeu ao Senhor que se Ele me tornasse a vida e curasse a doença a primeira vez que fosse à igreja eu recitaria uma poesia que, ela mesma compôs.

“Jesus Cristo é o mesmo. Ontem, hoje e para sempre,
Radicalmente curada, hoje canto alegremente.
Num leito de enfermidade, meus pais chorando de dor
Ao verem sua filha amada, clamam e rogam ao seu Senhor.
Hoje digo esta poesia, cumprido um voto a meu Deus,
Para que eu nunca me esqueça da benção que Ele me deu.”
                                                         Ilma de Almeida Figueiredo
     
Não sei como, mas, retornei daquele horrendo lugar e a recuperação foi gradativa. Na mesma semana, meu pai estava me alimentando com um caldo de legumes e, milagrosamente as placas soltaram da garganta e vieram para a colher, exatamente ao meio dia, enquanto a minha mãe orava. Sou imensamente grata ao Senhor pela cura e a oportunidade que me deu de viver, por isso, sou alegre da forma que as pessoas não entendem, acho que a vida é bela, e boa de ser vivida apesar dos pesares. Só quem já viu a morte de frente, entende o que estou dizendo.
     Por esta, e por tantas outras situações, creio que Deus pode fazer o que Ele quiser, da forma que quiser, quando quiser e com quem quiser. A Bíblia é um livro maravilhoso, que nos traz revelação de Deus, com diversas figuras de linguagem, mesclando história, poesia e revelação e aprendemos que não deve ser interpretada ao pé da letra. Isto, sabemos, aprendemos no curso teológico, mas, aliada a minha experiência pessoal, ela revela a existência de um Deus real e atuante, um Deus poderoso, que me trouxe da morte para a vida e me deu oportunidade  de  hoje escrever este texto, para falar do poder que Ele  demonstrou no que fez por mim. Tenho certeza absoluta de que este Deus que me deu vida, trazendo-me de volta de outra dimensão, tem poder para ter realizado os feitos contidos neste livro. Não duvido de nada quando se refere ao Seu poder.
Não levamos em conta que Deus deixa algumas interrogações para que tenhamos liberdade de escolher que rumo tomar na fé. Fé que transforma a morte em vida, a doença em saúde, fé que derruba muralhas e desconhece o não posso, o não consigo. Esta é a fé que agrada a Deus. Que tipo de Deus nós estamos ensinando a esta nova geração a amar e temer? Nossos filhos precisam aprender a viver uma fé sólida e genuína, sem infantilidade, porém firme; uma fé crescente, não estagnada.

Deixo este texto em homenagem a  minha mãe, que me ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas. Foi uma honra tê-la como mãe e ter aprendido com ela a lutar com as armas da fé. Não com base em uma fé fundamentalista e medíocre, mas uma fé viva e real; de um Deus presente, participante e atuante, cujo poder não se altera, jamais.



Feliz dia das  mães a todas vocês que tiveram a grata oportunidade de trazer dar a luz a outro ser! No mesmo pacote, vem todas as responsabilidades de amar e criar no temor do Senhor; para fazer dos filhos, mais do que simples membros de igrejas, e sim discípulos do Mestre.
      
Deus nos abençoe.
Denise F. Passos

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Você alguma vez já colocou Deus no banco dos réus?


          Deus nunca deixa o homem sem opções, nas várias situações da vida, elas estão lá, às vezes em um leque de oportunidades que se abre, em outras situações, duas, ou mais um pouco delas se apresentam, mas, sempre estão lá, nas encruzilhadas da vida. A começar do Paraíso quando Deus plantou um jardim e ofereceu ao homem, lugar onde viveria feliz e em paz, suprido de tudo o que precisava, inclusive da árvore da vida. Porém, este homem escolheu justamente a árvore da qual Deus disse: “Não coma dela, pois, no dia em que comerdes, certamente morrerás”. Ao comer, o mal que já existia, mas, estava sem raio de ação, se instalou e ao longo dos séculos veio crescendo na raça humana, galopantemente.
Deus poderia impedir que o homem o desobedecesse, quando deu tantas opções de escolha, confiando à decisão ao próprio homem? Deus queria que o mal se instalasse no coração humano perpetuando-se na espécie?  Muitas indagacões até hoje confundem homens que estão sem resposta. Há quem ainda pergunte: Onde estava Deus quando tanta maldade ocorreu no mundo? Onde estava Deus enquanto seis milhões de judeus foram mortos? Onde estava Deus enquanto escravos estavam sendo exterminados na África e no Brasil? Onde estava Deus quando Roma matou muitos milhões? Onde estava Deus quando os Césares mataram milhões de cristãos?
É fácil apontar o dedo e acusar a Deus pelo próprio erro. O homem faz isto desde que o mundo é mundo. Lá no Édem, quando foi inquirido a respeito da desobediência, o homem acusou a mulher, a mulher acusou a serpente, e a serpente olhou de um lado e para o outro e não achou mais ninguém, então decidiu até hoje tentar jogar a culpa que é do homem, em Deus. Foi o próprio homem quem abriu a porta de entrada para o mal, com a sua escolha.
Certamente o que a maioria destes acusadores de Deus quer, é um deus bonzinho, que só faça acontecer o bem apesar do homem escolher o mal, um deus que passe a mão pela cabeça dos culpados como se inocentes fossem. Estes, não sabem que é o próprio homem com sua mente pecaminosa que faz escolhas erradas, sua mente distorcida pelo pecado sempre quer o mal, sempre quer fora da vontade de Deus. Só através da regeneração em Jesus Cristo, o homem é capaz de rejeitar o mal, porque passa a enxergá-lo.
Morei num lugar onde vi um pouco de tudo acontecer. Certo dia, ouvi um burburinho na porta de casa, e a notícia a boca miúda era de que arrombaram uma loja de doces na avenida principal e que entre os arrombadores estavam mãe e filhos. Mais tarde quando cresceram estes jovens tornaram-se criminosos e foram assassinados. Triste, é que estes moços ouviram do amor de Deus e até algumas vezes freqüentaram nossos cultos domésticos. Posso eu colocar a culpa deste fato em Deus? Porque Deus deixou o mal dominá-los até a morte?  Eles traçaram o destino da vida com a escolha que fizeram.
Há homens que se afastam tanto de Deus no caminho inverso escolhido, que acabam afastando-se também da sua humanidade. Já que fomos criados a partir de Deus, a Sua imagem e semelhança, o afastamento rompe laços espirituais, tornando os homens orgulhosos, irracionais e malignos em sua alma, destilam mal sobre tudo e todos. E como tudo que foi criado tem um ciclo, o mal também o tem. Ele nasce quando a mente dá vazão a pensamentos perversos,  que se transformam em sentimentos mais perversos ainda, que desencadeiam em ações. E isto vai passando de pai para filho através das gerações. Pais que ensinam a seus filhos a odiar o coleguinha desenvolvem uma mente psicopata. O engraçado é que pensamos que o mal é coisa de hoje. Começou lá traz, no início, acompanha o homem de perto e cresce assustadoramente até causar os terrores da história humana como os fatos que lemos nas perguntas citadas acima. Afinal homens como Sargão II, Hitler os Césares e tantos contados na história, foram o que foram porque outros homens apoiaram suas idéias malignamente dominadoras.
     É bastante cômodo para nós colocarmos Deus no banco dos réus, acusando-o de ser conivente com o mal, permitindo que tanta coisa ruim aconteça com a humanidade. Assim também agiu Jonas quando não quis pregar para arrependimento do povo de Nínive. Um povo bárbaro que segundo ele não merecia perdão. Zangou com Deus, fugiu e chegou puxado pelo divino anzol, por livre e espontânea pressão, e em vez de proclamar misericórdia, pregou juízo.
     Deus não precisa da minha defesa, mas, se posso, quero fazê-lo por amor. Por entender que nada foge ao seu controle e que foi o próprio homem que derrubou o primeiro dominó que causou o efeito em cadeia. Deus apenas o colocou lá. Como Deus daria a liberdade de escolha se não houvesse uma segunda opção? O homem não é obrigado, mas, sempre tem a opção de seguir o BEM.
          Denise Passos