segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Você ouve o grito?

Ter sido criada num lar cristão, trouxe a minha vida uma enorme bagagem. Fui ensinada a amar a Deus sobre todas as coisas e a honrar o Seu nome, mesmo que meus interesses precisem ser prejudicados. Meus irmãos e eu, tivemos um crescimento saudável que nos condicionou a sair do quadradinho em que fomos ensinados, sem nos perder da essência do evangelho. Nosso lar era simples e feliz. Serviu de abrigo para o crescimento de muitos, pois além de pastores, papai e mamãe foram verdadeiros pais ao abraçarem seus congregados. Quando fomos para a igreja que ele pastoreou por mais de trinta anos, eu tinha apenas oito anos de idade e, cresci entendendo os participantes da igreja como familiares. Tivemos muitos problemas, mas o amor e a união nos fez a vencer muitos desafios.
Quando olho para as dificuldades das igrejas atuais, não vejo que o problema começa na igreja, mas nos lares. A igreja é uma comunidade, onde várias famílias, oriundas de visão, cultura e valores diferentes estão juntas para um propósito. As igrejas que deveriam servir de base orientadora, andam meio perdidas como nos hospitais públicos; muita gente zanzando nos corredores sem atendimento eficaz. Os médicos, como muitos pastores, andam desestimulados com a infraestrutura organizacional e, os que são competentes e que realmente vestem a camisa do seu chamado, precisam além de tudo o mais, ser grandes malabaristas, para segurar a peteca que insiste em cair.
 
A igreja primitiva cresceu com as reuniões simples nos lares e isto serviu de base   para as famílias. O aconchego da igreja era o aconchego do lar. Mas, hoje, as famílias pouco se reúnem para uma simples refeição; como podem manter o aconchego como família de Deus em seus mega templos? Os tempos atuais estão nos empurrando para a individualidade, haja vista que uma grande maioria acha melhor ser crente em casa, tendo irmãos virtuais, pastor virtual, ceia virtual, isto, sem ter a necessidade de dizimar virtualmente. Compromisso zero, baseado em decepções com o homem que vê, redundando para o Deus que não vê.
 
Nos anos em que o povo de Israel esteve habitando no Egito, parte dele preservou sua cultura, seu Deus e sua identidade, porém, muito se perdeu no coração do povo. Porque há tanta facilidade em assimilar o erro? A vida, a cultura, os deuses, a orgia que envolvia a religiosidade, a facilidade aparente da fartura de víveres; iludiu o povo que já não entendia o seu Deus como o Todo-Poderoso, Doador da vida, Criador de todas as coisas.  Um Deus que dava pouco e exigia muito, no entendimento da grande maioria. Para quatrocentos anos de escravidão, foram necessários quarenta anos de desintoxicação no deserto. Uma purificação que foi apenas parcial, pois o verme da idolatria impregnou-se neles. E assim, o ranço acompanhou o coração corrompido daquele povo, que entre vitórias e derrotas, experimentou o sabor do mel que a obediência traz e o amargo do fel, que acompanha a desobediência.
 
Hoje não acontece muito diferente. Os altares erigidos aos semideuses pelos que invocam por adoração do povo, que pensa estar agradando e adorando a Deus, estão por toda a parte. Imperceptíveis, estão camuflados de “glória de deus” nos seus grandes movimentos teatrais. A adoração é tanta, que se hoje Jesus Cristo estivesse em julgamento, vestido de toda humildade que pregou, seria escolhido na seleção para a crucificação entre seu próprio povo.
 
Esperamos ardentemente por um avivamento que está às vias de vir. E nós cremos que ele realmente virá. Mas, enquanto o ranço nos acompanhar é inviável de acontecer. Quando o pentecoste veio sobre os fiéis, para assim formar a igreja de Cristo, eles estavam unidos e reunidos num lugar. Nós estamos, e digo isto com muito pesar, como numa Babel, cada um falando a sua própria língua, sem que o Espírito que unifica e universaliza, atue, para uma guinada de 360 graus no coração do povo, para que este regresse a essência da origem, que se tem diluído ao longo do tempo.
 
“A sabedoria clama em voz alta nas ruas, ergue a voz nas praças públicas; nas esquinas das ruas barulhentas ela clama, nas portas da cidade faz o seu discurso: Até quando vocês, inexperientes, irão contentar-se com a sua inexperiência? Vocês, zombadores, até quando terão prazer na zombaria? E vocês, tolos, até quando desprezarão o conhecimento? Se acatarem a minha repreensão, eu lhes darei um espírito de sabedoria e lhes revelarei os meus pensamentos”. Provérbios 1:20 a 23
 
Até a natureza está em dor. Ela geme diante da nossa estupidez. Nós, seres conscientes, que gabamos uma estupenda inteligência, não a utilizamos para o que é reto; passamos a vida lutando por causas que não glorificam a Deus em absolutamente nada. Nossos próprios interesses fazem alarde adiante de nós como o som de guizos, que batem em paredes ocas e por isso são muito barulhentos. O único propósito é o de chamar a atenção.
 
A Sabedoria está clamando, ela grita incessantemente nas ruas, nas praças, sua voz clama dentro de nós. Quando daremos ouvidos? É tempo de permitir a circuncisão do coração e parar de fingir viver o cristianismo que não temos. A hora chegou, em que não há tempo de brincar de ir a igreja aos domingos para ter um descontraído encontro social. Ou abraçamos de uma vez por todas o Cristo ressurreto ou o negamos veementemente. A Graça de Deus é maior do que a Lei, portanto implica em maior responsabilidade.
 
Quando descemos as águas batismais, como simbolismo de morte para tudo que é contrário a Deus e emergimos para uma novidade vida, precisamos entender a responsabilidade deste ato e de verdade optar por viver uma vida de liberdade em Cristo, livre das prisões que tão de perto nos rodeia. Uma enorme gama de pessoas que amam a Deus e professam o seu nome ainda não conhece esta liberdade. Dizem amar a Deus, mas andam quilometricamente distantes do Espírito de Sabedoria e de Revelação. E se os pensamentos de Deus não são mais revelados ao povo, para que andem em retidão, este, parte para a sua própria imaginação que por sinal tem sido bastante fértil.
 
As invencionices mirabolantes tomam o lugar do que é simples e objetivo, porque ninguém mais dá ouvidos à repreensão. O povo vive como no deserto, migrando de oásis em oásis, escolhendo onde haja melhor sombra e água fresca. Sem se dar conta que viver o evangelho de Cristo é sofrer por amor a Sua causa. Quem já sofreu por amor, sabe muito bem do que estou falando. É negar-se a si mesmo e as suas vontades pelo que é nobre. Tudo em prol do REINO de DEUS.
 
Deus esteja entre nós; dando-nos um espírito de sabedoria que nos revele seus perfeitos pensamentos!!!
 Na foto acima, meus pais. Pastores Newton e Ilma Figueiredo.
 
Denise F Passos
 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Desafiados a pescar


Alguns meses atrás, minha amiga Celymari, teve folga no trabalho e me convidou a pescar. Ainda estava bastante frio, mas o casaco com um grosso capuz foi o suficiente para me manter aquecida. Peguei a minha vara de pescar, exclusiva para canhotos, que, para mim não funciona muito, pois sou ambidestra e fomos comprar as iscas numa loja perto de casa. Tudo preparado, partimos para o local que eu não conhecia ainda e, portanto não sabia o que me aguardava. Chegamos perto do canal de Rehoboth Beach, o céu estava nublado, ventava um pouco e ao longe podíamos ver a barca de passageiros retornando a New Jersey. Caminhamos até chegar a um braço de pedras construído mar à dentro, onde tínhamos que andar fazendo malabarismo, pulando de pedra em pedra, até chegar ao lugar onde a água era mais profunda.
Quando olhei aquelas pedras desencontradas e para os meus cinquenta e três anos, disse para mim mesma, “você consegue garota”. Segurando a vara numa das mãos, a sacola no ombro e não tendo onde me apoiar, fui aventurando, fazendo a melhor escolha, em qual pedra pisar. Minha jovem amiga foi na frente e às vezes olhava para traz perguntando se estava tudo bem e eu respondia: Sua juventude lhe favorece; eu vou um pouco mais devagar, pois o equilíbrio já não é o mesmo. Não se preocupe que eu chego até você. Enquanto saltitava nas pedras fiquei pensando que na vida, também precisamos escolher bem os passos a serem dados. Um passo em falso é queda na certa.
Local escolhido, paramos para colocar as iscas. Ela pegou mariscos que estavam encrustados por entre as pedras, os abria com a faca e os colocava nos anzóis.
A força para lançar a isca, a linha livre de embaraços, e o peso do chumbinho, determina o quão distante da borda vai ser lançada aquela pequena isca, ainda viva; que mergulha para uma incógnita. Por não ver o que tem na profundeza da água o pescador conta com a sorte, sem nunca perder a esperança de pegar um grande peixe; ele insiste e insiste.
Enquanto a isca está submersa, os olhos se voltam para a paisagem e os pensamentos começam a divagar. É um excelente momento de relaxamento, proporcionando prazer a alma que vive em busca da natureza. O homem foi criado para viver nela; pena que não a respeite tanto.
Fiquei pensando, quando os discípulos de Jesus pescaram a noite inteira e, exaustos de tantas tentativas frustradas, voltaram de mãos vazias, sem pegar um peixe sequer. Porém, o mestre que conhece a necessidade de cada um os levou ao lugar certo, pois conhecedor de tudo, ele sabia onde os peixes estavam.  Eu estava naquele lugar por diversão, mas certamente não era o caso dos discípulos. Eles tinham família para sustentar com o suor do rosto. E a pesca certamente seria o alimento na mesa, além da comercialização, para suprimento de alguns dias.
O cuidado do Mestre sempre chega na hora certa. Às vezes parece tardar. A exaustão que toma conta, diz que não adianta esperar mais. Mas, há o tempo certo do favor de Deus chegar. Não temos noção de quanto o nosso enganoso coração, precisa ser provado, para saber reconhecer a bondade e misericórdia de Deus em Sua provisão diária. A provisão divina vai além, de comida na mesa, de vestuário, de um teto, pois até o ar que respiramos é provido naturalmente por ele. Não fazemos ideia da organização que as células precisam ter para manter o equilíbrio, a fim de estarmos saudáveis e ativos. Tudo criado de forma sincronizada, funcional e harmônica. Perfeito, como tudo que Deus faz.
Quando os discípulos retornaram cansados da frustrante pescaria e cabisbaixos lavavam as suas redes, Jesus chega e pede a Simão que se afaste um pouco para que a sua voz alcance a multidão que se formou ao longo da praia. Ele poderia dizer: Sinto muito, mas eu vou para casa dormir, estou exausto. Mas, ele atendeu ao pedido, não obstante o cansaço. As pessoas que compunham aquela multidão, não poderiam ser despedidas vazias, por causa do cansaço de alguns homens.
Talvez tenha parecido brincadeira, quando, depois de falar a multidão e não sabemos por quanto tempo o Mestre ensinou; Jesus simplesmente disse: por favor, agora eu quero ir pescar. Fico imaginando a expressão assustada de Pedro ao ouvir aquela frase. Não bastou falar por tanto tempo, agora quer que eu volte para o alto mar? Mas, ele venceu sua maneira franca e apenas concordou, dizendo: “Mestre, nós lançamos estas redes durante toda a noite e não pegamos nenhum peixe, mas sob Tua Palavra, nós as lançaremos outra vez”.
Tentar com os próprios esforços raramente dá certo, quando a questão envolve o Reino de Deus. Aparentemente até pode parecer que sim, mas os valores de Deus são diferentes dos nossos. Todo edifício que erigimos com nosso próprio esforço, pode ruir repentinamente por falta da base correta.
Jesus os conduziu para o local onde havia um enorme cardume de grandes peixes. Pegaram tantos peixes que as redes estavam fendendo com o excessivo peso. Foi necessário pedir ajuda de um barco que se encontrava por perto, para que não fossem a pique.
O caminho da obediência sempre é recompensado. Todos ficaram tão maravilhados e com o coração cheio de temor por causa do milagre da pesca maravilhosa. Foi quando Jesus deu a boa notícia a Pedro. “Não se preocupe, de agora em diante eu vou te fazer pescador de homens”.
Aquela foi uma amostra de quão produtivo seria o ministério de Pedro. Ele foi um dos mais próximos de Jesus. Acompanhou de perto, muitos milagres e a transformação de vidas. A igreja de Cristo deu o pontapé inicial com o ímpeto deste homem, que uma vez negou o Mestre, abandonando-o na pior hora. Porém, deferente de Judas que perdeu a sua vida, ele a deu inteiramente a causa do Reino. A negação de um momento não obscureceu o trabalho de uma vida inteira dedicada ao Reino de Deus. Por isso devemos amar como Deus ama, e perdoar como ele perdoa. Desta forma estaremos aptos a sermos grandes pescadores de homens e não destruidores deles.
Deus nos abençoe com excelente pesca!!!
Denise F Passos

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Histórias que se repetem


Em setembro do ano passado fomos ameaçados por um tornado que veio do Caribe de forma contundente, machucando o sossego por onde passava. Dias antes estava viajando de Washington para New York, com a minha amiga Loide e vimos um movimento estranho no ônibus. O passageiro da poltrona ao lado levantou-se e perguntou ao motorista se conseguia comunicação com a central para saber se a notícia que tinha chegado a ele era verdadeira. Minutos antes eu senti um balançar do ônibus, e um efeito como uma tonteira, e instantaneamente lembrei-me do terremoto em João Câmara há muitos anos atrás.

Estávamos de férias na casa da minha irmã em Natal, RN, já deitados para dormir. Eu e as minhas três filhas que ainda eram crianças, numa cama improvisada no tapete da sala, descansamos depois de um longo dia de atividades, de forma que o meu ouvido estava praticamente no solo, pois para pegar no sono viro de bruços e retiro o travesseiro. Enquanto o sono não chega costumeiramente, falo com Deus, mesmo tendo orado antes de deitar. Estava num papo agradável, quando caí na asneira de pedir que Deus falasse comigo, duvidando que ele estivesse me ouvindo, afinal tanta gente ouve a voz de Deus, porque eu não poderia?

De repente começou a surgir um barulho, como um grande urro, vindo de dentro da terra e crescia com intensidade tal, movendo tudo ao redor. Um som que me paralisou terrivelmente. Levantei assustada, olhei as crianças que nem se deram conta do que estava acontecendo. Nesse instante, meu cunhado, Marcelo, saiu pulando do quarto e gritava: Denise é terremoto, Denise é terremoto... E a gente não sabia o que fazer e enquanto eu ensaiava pegar as crianças olhei para cima e pedi perdão, prometendo a Deus que, jamais duvidaria que estava sendo ouvida por ele.

A central da empresa rodoviária confirmou que houve um terremoto na intensidade de 5.8 no estado de Virginia, bem perto de onde estávamos. Todos no ônibus tentando falar com seus parentes para saber se tudo estava bem, e graças a Deus nada de grave havia acontecido. Escapamos do terremoto, porém do furor do tornado era difícil escapar. O canal do tempo se encarregava de aterrorizar e dizer as pessoas para se prevenir com bastante água e comida não perecível. Loide e eu voltamos para Maryland na sexta-feira de madrugada e a nossa oração era para que aquele tornado por nome Irene tomasse a direção do mar.

De igual modo aconteceu há alguns anos atrás quando o furacão Isabel passou por nosso estado e nem foi num tão grau elevado. Lembro de ter deixado o trabalho mais cedo e passado no mercado para estocar alimento e água. O vento já era forte. O Bobby, nosso cachorro, olhava para a coleira e olhava para a porta, olhava para a coleira e olhava para a porta, com vontade ir atender as suas necessidades, mas quando abríamos a porta ele voltava com medo do vento. Forcei-o a ir e, acho que ele nunca as fez tão rápido, nem escolheu lugar apropriado. Foi a nossa primeira experiência com este tipo de intempérie da natureza. Um furacão quando recebe um nome feminino é porque vem para arrasar.

As pessoas ligavam umas para as outras para passar um pouco de calma, esperança e confiança na bondade de Deus. Muitos queriam ir ter conosco para juntos enfrentarmos a tormenta. Minha enorme casa era de esquina, ao lado de um lindo bosque e as grandes árvores nos ameaçavam. Quando anoiteceu nos reunimos em família e oramos para que Deus guardasse a nossa vida, guardasse a nossa casa e não nos deixasse sem luz e água.

Em sua grande maioria, as casas nos Estados Unidos são feitas de madeira, para calafetar melhor por causa da discrepância de temperatura entre o verão e o inverno. A madeira trabalha melhor a temperatura, mas por outro lado é mais frágil. A casa rangia com o vento forte, sentíamos o movimento da madeira se contorcendo e o medo nos rondava a cada rangido. Num dado momento, logo após o noticiário avisar que o tornado passaria em Silver Spring, a cidade onde morávamos, meu cunhado Marcelo que morava conosco, levantou-se e disse: Vamos ordenar a este tornado que tome outra direção, porque Deus já deu a voz de comando. Então nos reunimos outra vez, clamamos ao Senhor e em nome de Jesus ordenamos ao Furacão que tomasse outra direção.

O vento não tinha cessado ainda e era madrugada. Fizemos uma cama enorme na sala, para não ficarmos na parte de cima da casa e nem no basement, (porão) e assim permanecermos juntos. Assistimos ao noticiário nos intervalos de alguns filmes apenas para desopilar. Já que estávamos todos lá, resolvemos dormir em família e até o cachorro, Bobby Passos insistiu em participar.

No dia seguinte, vimos o resultado da forte ventania. Galhos de árvores espalhados, grandes e pequenos, a grama coberta de folhas e ainda encharcada. Algumas casas foram atingidas e pessoas morreram por causa das árvores que caíram. A água não faltou na torneira e quando a noite chegou pudemos constatar que a nossa, era uma das poucas casas que não faltou energia elétrica, que só veio a normalizar depois de quatro dias. Soubemos depois que lamentavelmente o furacão fez muito estrago no estado vizinho.

De forma que quando o furacão Irene passou, nos prevenimos com água e alimentos, mas o medo não nos assolou. Eu e minha filha Sueni, estávamos sós em casa. E da mesma forma na experiência anterior, oramos e pedimos que o furacão se desviasse para o mar, então dormimos em paz durante toda a noite. Agora com a família reduzida, espalhada e sem o cachorro, tivemos que contar com Deus e uma com a outra, mas sobrevivemos pela misericórdia dele. Neste dia uma das casas perto da casa da minha irmã, teve o telhado literalmente arrancado pelo furacão.

Assim também são as tempestades que vem para destruir o que há de melhor em nós. A gente não vê o vento, mas percebe o seu movimento que desarrumando a vida, tira tudo do lugar, tudo o que planejamos; tudo que construímos. Mas, o Deus que intervêm nas intempéries naturais é o mesmo que nos livra da fúria das tempestades e nos dá autoridade para dizer ao vento: Aquieta-te.

Mesmo que para o nosso crescimento, seja necessário, o Senhor nos convidar a andar ao encontro dele sobre as águas, a fim de conhecermos a intensidade do perigo, até então apenas visualizado e, só assim experimentarmos a total dependência; ele o fará. O senso de humor de Deus é fantástico, quando nos empurra em direção ao crescimento.

Tem gente que serve a Deus há muito tempo e ainda é convidada a andar sobre as águas. Quando recusa o convite repetidas vezes, o balanço das ondas o projeta nas águas, num mergulho sufocante, para a profunda experiência que se propõe unicamente ao aprendizado. Toda teoria que aprendemos no conhecimento de Deus será valiosas nestes momentos. As duas precisam se fundir para um melhor resultado na vida cristã. Teoria e experiência. Elas completam a nota, no boletim, das provas a que somos submetidos, para a passagem de nível na carreira cristã. Às vezes as histórias se repetem e se entrelaçam parecendo tão confusas. Mas, elas acontecem como uma chance para nos aperfeiçoarmos, naquilo que fomos mal sucedidos anteriormente.

O Senhor não retira o mal. Até que aprendamos que o Mestre está sempre perto, ao alcance da nossa voz e a dependermos dele; o mal continua presente. Basta estender a mão em sua direção e clamar por socorro. O coração do Senhor Jesus, está ávido a se mover de compaixão para voltamos a ter segurança completa, mesmo em meio à tempestade. Não é seu desejo nos ver inseguros. Mas, tão certo como DEUS É, há um tempo, em que Ele ordena e o vento e as águas revoltas são obrigadas a obedecer e a acalmar. Nenhuma tempestade dura para sempre. Elas são esporádicas.

Portanto, coloque a sua fé em ação... O Mestre está perto, ao alcance da sua mão. Clame - insista - não desista.



Deus nos abençoe com uma vida de paz!!!

Denise F Passos

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Amigo ou inimigo de Deus???


Hoje celebramos o dia do amigo.

Ofereço este texto em homenagem a todos os meus amigos. Obrigada por vocês existirem na minha vida.Amigos do dia a dia, de todas as horas, de perto e de longe, os novos e antigos, os dos momentos do choro e das risadas, de trabalho e da escola, amigos de oração e adoração a Deus, os virtuais e os de fato, amigos de idas aos shoppings da vida, dos filmes semanais com direito a muita pipoca e guaraná, amigos dos momentos dolorosos e de refrigério. Amigos até que a morte nos separe.

Amigo é alguém que nos compreende quando ninguém nos entende. Alguém que nos ouve, quando todos se afastam; que nos abraça, mesmo quando não temos nada a oferecer em troca; que nos perdoa quando falhamos feio com ele; que nos estende a mão no dia da adversidade, quando todos nos deixam sós; que nos dá um sorriso, quando nossos olhos não estão a brilhar; que nos anima no tempo da angústia; que nos tolera quando estamos chatos e intolerantes.

Amigo é aquele com quem podemos pensar em voz alta. Um amigo nunca abandona o outro, mesmo quando está amargo. Um amigo dá a vida pelo outro, como Jesus fez conosco.

Jesus foi um homem que soube valorizar as amizades. João, não foi apenas discípulo, foi o grande amigo de todas as horas, a quem confiou Maria, sua mãe, certamente viúva, no momento de despedida de sua vida terrena.

Jesus nos ensinou a viver a amizade com pureza e intensidade a partir do modo que fomos criados por Deus, isto é, sem distorções provenientes do homem decaído.

A história de amizade entre Jesus e a família de Lázaro é interessante. Sempre que ele passava por sua casa, Lázaro lhe dava atenção e Maria estava sentada a seus pés aprendendo dele. Afinal, Jesus veio para ensinar sobre o vasto Reino de Deus, até então desconhecido pelos homens. Todos que o cercavam, tinham muito a aprender. Porém, Marta só pegava o bonde andando, porque estava interessada em cuidar do bem-estar das visitas. Muito preocupara com o excesso de serviço doméstico. Parece que a vejo, andando pela casa, levando água, servindo lanche, acomodando os ouvintes da melhor forma possível, suada, cansada de transitar várias horas. Até que desabafou com Jesus: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!” Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". (Lucas 10:38-42)

Jesus veio a terra para fazer dos homens, amigos de Deus. E para ser amigo íntimo é necessário gastar tempo em o conhecimento mútuo. Assim como Marta - Não importa o quanto você faça, se for pelos motivos errados, Deus não abençoa e nem recebe. Marta estava preocupada em agradar a todos para ser reconhecida como a dona de casa perfeita. O orgulho da anfitriã que sabe receber bem seus convidados. Suprindo a necessidade de outros sem cuidar da própria. Jesus estava lá por motivos que ela não entendia. Seus pensamentos e suas atitudes eram meramente humanas.  Mas, o mestre falava de um Reino Celestial, que veio para tabernacular, instalando-se no homem e não fora dele. Um Reino que começa de dentro e toma dimensões para fora.

Jesus a repreende por causa da futilidade do seu pensamento humano. Porque, as nossas prioridades para o Reino de Deus são nulas. Jesus, o Filho de Deus, o salvador dos homens estava lá, na casa dela, para enriquecê-la com conhecimento divino e ela só conseguia pensar nos afazeres domésticos. Não que ela não quisesse aprender aos pés do Mestre. Tenho certeza de que ela queria, pois amava a Jesus. Mas, não o amou o suficiente para fazer dele uma prioridade para a sua vida. O apóstolo Paulo afirmou categoricamente. “Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo”. Gálatas 1:10

As encruzilhadas da vida nos conduz a escolha entre o que é importante e o que é prioridade. E a vida se torna meio atarantada, como a de Marta, quando invertemos os valores, do que é prioritário, pelo que é meramente importante.

Maria escolheu bem. Ela soube devolver a riqueza do conhecimento que obteve do Mestre, preparando-o para a sua morte, quando quebrou sobre ele o vaso de alabastro. Uma mulher jamais poderia proceder desta forma publicamente, mas ela foi honrada por causa da atitude ousada que o conhecimento de Deus lhe trouxe. O seu nome ficou gravado para testemunho de sua fé, pela eternidade.

Faça de Jesus, o amigo presente em sua casa; em sua vida. Não abra a porta da rua e lhe aponte a saída, com as atitudes fúteis e levianas, próprias de um coração não amante de Deus. Criar tempo prioritário para Deus é um ato de expulsar os ídolos erigidos ao longo da vida. Ídolos criados à imagem e semelhança humana que destroem a fé viva dos ensinamentos do Mestre. Se eles continuam erigidos, nunca poderemos ser amigos de Deus, através de Jesus Cristo, Seu Filho.

“Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo”. Filipenses 1:9-10

Feliz dia do amigo!!!

Deus nos abençoe.

Denise F Passos

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Por trás do véu


Denominamos de véu, o tecido transparente, de renda, seda ou qualquer outra fazenda delicada, que as mulheres usam como sinal de honra, para cobrir ou encobrir. Que mistério há por trás de um véu? Há véu para todos os fins. O véu da noiva, véu cacheira, véu imposto apenas para mulheres, planta véu de noiva, véu blog, grupo véu de fumaça, véu de seda na dança do ventre, véu palatino, véu do templo, loja de véu e talvez uns tantos mais que eu não tenha conhecimento.

O véu como peça de vestuário, começou a ser usado por homens e mulheres, como proteção por causa do sol causticante nas regiões desérticas. Com o passar do tempo à coisa continuou quente apenas para o lado das mulheres. A imaginação fértil do autoritarismo masculino impôs o uso do véu, não por cuidado ou proteção contra o sol causticante, mas para emparedar a mulher por trás dele, fazendo do seu uso uma obrigatoriedade. O rosto de uma mulher, principalmente das virgens, só poderia ser visto por membros da família. Torná-lo público era sinal de desonra.

Sabemos que no início dos tempos bíblicos, o véu já era utilizado para proteger, resguardar e dar um ar misterioso às mulheres da época. Conta à história, no capítulo 24 do livro de Gênesis, que Abraão mandou o seu servo Eliezer, buscar mulher que pertencesse a sua parentela para esposar seu filho, Isaque. Rebeca, moça formosa, escolhida a dedo pelo próprio Deus, possuidora de inúmeras qualidades; deixou tudo para trás e seguiu rumo a seu destino, levando consigo bem pouco da casa de seu pai, sabendo que o cuidado de Deus lhe proporcionaria a honra do amor.

Após a longa viagem, quando estavam chegando a seu destino, levantou os olhos e avistou a Isaque que havia saído ao campo para orar. Ao mesmo tempo, ele também levantou os olhos e avistou a caravana que se aproximava. Rebeca então disse ao servo: Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro? “E o servo disse: Este é meu senhor. Então, ela tomou o véu e cobriu-se. E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera. E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado, depois da morte de sua mãe”. Gênesis 24: 65-67

O véu que resguarda, quando retirado de forma majestosa, deixa ver toda a beleza e revela aos poucos todo mistério, guardados por traz dele. O encanto da descoberta é que aguça o desejo. Um desejo que aumenta e perdura.

Nas gerações passadas os jovens eram ensinados a preservar alguns princípios. Princípios agem na vida de uma pessoa como a cobertura de um véu. Pessoas que não entendem o valor de princípios, ético-moral –espiritual, desprezam a qualidade de belo, que proporciona o desejo da descoberta. O preço é baixo, como os pobres valores adquiridos. A liberdade de fazer da própria vida o que bem entende, leva muitos a becos sem saída, a angustiantes guetos interiores, a exposição nas praças públicas dos faladores, e a crucificação por parte dos hipócritas.

As lindas e inteligentes meninas de hoje, em grande maioria, são induzidas a abolir seus véus. Não há mais nada a ser descoberto. Todo o seu universo está exposto. A intimidade está à mostra para qualquer um ver e talvez desfrutar. Não há mais o que ser valorizado, pois não há valores guardados por traz do véu. A maturidade às avessas deixam-nas vulneráveis a qualquer tipo de circunstancias e pessoas. “Liberdade e responsabilidade caminham juntas”. Este foi o lema repetido diversas vezes em nossa casa, enquanto minhas filhas estavam em formação. A liberdade tão cobiçada, sem a responsabilidade devida, transforma-se em prisão, que cerceia o alvo do desejo.



Os rapazes por sua vez, borboleteiam nas suaves flores sem compromisso algum, não percebendo o quanto isto as despetalam. Rasos de sentimentos e estagnados na imaturidade, não entendem a profundidade do ato de retirar o véu de uma donzela, para conhecer a riqueza de sua intimidade, tomando-a por mulher. A vulgarização do sublime, tão incentivada pela mídia, diploma jovens tresloucados que não saberão ensinar com propriedade as suas futuras famílias, isto é, se chegarem a formar uma. A famosa frase: Prendam as suas cabras porque os meus bodes estão soltos” é dita com orgulho por pais que, erradamente tentam firmar a masculinidade dos garotos, e isto, no mínimo alimenta o ego de um pegador. Sem escrúpulos, por não terem aprendido com o modelo ideal, não conseguem valorizar o amor-paixão que segue pela vida à fora, no entrelaçamento de dois seres que se fundem até que a morte os separe; trocando pela ilusão da transa animal, descompromissada.

A mulher foi criada para ser amada pelo homem, este é o seu desejo natural. Se uma mulher é amada, ela descansa no amor, fazendo do seu companheiro o mais feliz dos homens. Enquanto isso o homem precisa do respeito desta mulher. Um casamento perfeito, “amor e respeito”. Sem estes dois tributos, nenhum relacionamento vai muito longe.

O véu é a linha que delimita os espaços. E somente através da honra, deve ser retirado.  Assim como Isaque, pelo amor, desnudou Rebeca do seu véu. Se isto que estou dizendo fosse asneira, a verdade dos casamentos atuais seria diferente. A geração micro-ondas, já pega tudo pronto, e da mesma forma que esquenta rápido, também esfria. A ebulição lenta e duradoura que traz o fogão a lenha, é totalmente inviável para os dias atuais, dizem os educadores modernos. Sem profundidade, os compromissos ensinados, são mantidos em bases movediças; construídos hoje, para despencarem amanhã.

Mas, caso despenque, não há problema algum. O manual da escola, da vida moderna, diz que: a fila anda; bobeou, dançou; até que o divórcio nos separe; vamos “ficar”...

Deus, em Cristo, nos honrou rasgando de alto a baixo, o espesso véu que nos separava de Sua santidade. E hoje, podemos adentrar o Santo dos Santos, lugar privativo para os íntimos, onde usufruímos das preciosas delícias deste relacionamento. Ora, se a bíblia compara a relação de Cristo com a igreja ao casamento; ao amor de um homem por uma mulher, porque aceitarmos como verdade, a leviandade tão ditame em nossos relacionamentos atuais?

Valores e princípios morais não caducam. Se fizermos um X nos valores ético-morais, acabamos desconstruindo por completo a casa que erigimos e onde nos abrigamos a partir da formação familiar e dos resultados das inclusões filosóficas e religiosas, que aprendemos na sociedade onde vivemos. É como uma pessoa perdida no meio do nada, que pensa não precisar da bússola norteadora para se encontrar. É necessário rever valores e conceitos, sim, mas há que se ter cautela com distorções, para não trocar o certo pelo errado ou pelo duvidoso.

A honra que Deus nos trouxe através de Cristo é valiosa demais, para ser trocada por meros preceitos mundanos; por mais inteligentes que sejam, são resultado da natureza decaída. Não há como servir a dois senhores. A Graça tem sido tratada com leviandade por muitos que não entendem que nela, a nossa responsabilidade apenas aumenta. A quem mais é dado mais será cobrado. Ela é mais séria do que a Lei. Como um pequeno exemplo vejam, que na Lei, o adultério consumado, era pago com a morte. Na graça, basta olhar com segundas e terceiras intensões, que já se torna réu. Porém, esta maravilhosa graça, não é simplesmente para condenar, como fazia a Lei, mas para conscientizar, tratar, curar -  em pleno amor... O véu rasgado, nos fez enxergar a graça que nos retorna ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído – “a gloriosa presença de Deus”. Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu...
Hebreus 6:19



Deus nos abençoe.

Denise Figueiredo Passos

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Alma desidratada


Numa das visitas a Natal, Rio Grande do Norte, fomos passear na praia de Ponta Negra e resolvemos subir o Morro do careca, que está localizado no final da praia. É um belo lugar. Cartão postal do estado, cujo morro é muito íngreme, de areia branquinha, com vegetação apenas nas laterais, por isso recebeu este nome. Gosto muito de aventura e estava animada para esta. Começamos a subir. Às vezes parávamos para tomar um pouco de fôlego, admirar a paisagem e observar as pessoas que subiam e desciam. Chegando ao topo, nos sentamos para ver a beleza do mar, observando os detalhes até as vistas não alcançarem mais. Atrás de nós a grande faixa de areia parecia interminável. Resolvemos então aventurar uma caminhada até a praia do outro lado da duna. Eu estava animada com a novidade. O mar do outro lado era violento e fechado com cerca de arame farpado, de forma que ninguém podia arriscar um mergulho. Hora de voltar.

Demos meia volta e começamos a caminhar lentamente. Porque todo caminho de volta é mais difícil? Será pelo término da novidade? O calor era intenso e a sede nos pegou de uma forma terrível. Os lábios colavam e a pressão arterial com certeza deve ter caído bastante, de forma que meu cunhado e o seu irmão tiveram que me auxiliar. Um de cada lado segurando os meus braços. Nunca senti tanta sede, nunca a água me pareceu tão preciosa. Cada passo dado parecia uma grande conquista dos pés que se arrastavam. Finalmente chegamos, bastava descer. Mas ao olhar para baixo vi que as pernas pareciam ter ficado na praia lá atrás. Não tinha mais forças e precisava urgente de água.

Sentei e olhei a imensidão de água salgada a minha frente. Lembrei-me do versículo: “E não tinham sede, quando os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendeu a rocha, e as águas correram. Isaías 48:21

Água era tudo que eu precisava, mas aquela água me causaria um mal terrível. Uns poucos goles bastariam, mas a nossa barraca estava longe demais. Lá, o cooler estava cheio de água bem gelada, suco e refrigerante, além de frutas tropicais. Neste ínterim meu pensamento foi irrompido por uma doce figura, como a de um anjo salvador com a seguinte pergunta: Você quer água? Está com sede? Eu estou vendendo água gelada. Quero sim, mas não trouxe dinheiro comigo e a barraca está bem distante, respondi com os lábios colando nos dentes. Não tem problema, alguém vai com você e pega, dinheiro. Oferecemos este serviço, quase ninguém vem preparado para pagar.

Quando aquela mulher me deu a garrafa de água, estava me dando vida e naquele exato momento eu nem pude avaliar o valor do gesto. Agradeci e abri a tampa. Joguei um pouco de água no rosto, molhei os pulsos e então bebi até me fartar. Que água deliciosa! Desceu corpo à dentro hidratando todo o meu interior. O cérebro parou o sinal de alarme de perigo e as células ganharam vida nova. O corpo se regozijou outra vez com uma simples, porém vital, quantidade de água.

Hoje pela manhã, lembrei-me deste episódio ao ler o versículo do dia da Bíblia on line. “Mas, aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. João 4:14.

Sei que o simples fato de descer aquele morro aos pulos por causa do seu formato íngreme e sob os fortes raios solares, me daria sede outra vez. A sede natural nunca acaba, é repetitiva, pois a água se esvai facilmente do organismo que é composto de líquido em sua maior parte.

Jesus, um homem livre do preconceitos.

Quando Jesus pede água à mulher samaritana, ela também estava sob um sol causticante, pois era o meio do dia, período em que as pessoas chamadas “de bem” não estariam lá. Sua reputação não era das melhores. Mulher que viveu com muitos homens e na época do episódio vivia com um homem que não era seu marido. Jesus não estava nem aí para o que as “pessoas de bem” iriam pensar. Ele decidiu suprir a necessidade de sede interior daquela mulher, como também do seu povo. Tenho certeza que o seu modo de vida a afligia, senão a revelação de Jesus não teria impactado do modo como impactou. Caso contrário ela perguntaria: O que o senhor tem a ver com a minha vida? Mas, ao contrário ela apelou para o bom senso dele.

Jesus pediu água, mas não disse que estava com sede como o fêz quando estava na cruz. Ele se humanizou ainda mais quando sentiu a necessidade daquela pobre mulher discriminada por todos. Ele sentiu a sede do seu coracão. Pedindo água, Jesus estava demonstrando a importância dela a frente de uma necessidade dele, que ela poderia suprir. Fazendo aquela mulher discriminada por todos, sentir-se útil. Deus não nos pede coisas absurdas, ele pede dentro das nossas limitações, capacidade e necessidade. Desta forma ele a abordou. Enquanto todos a escorraçavam, ele a amou. O poço estava lá, a água estava lá e, a mulher foi preparada para tirar a água. Qual a nossa reação, quando encontramos pessoas consideradas impuras, que sofrem as terríveis dores da alma; abracamos, ou escorraçamos, achando que somos melhores?


Como sendo tu judeu pedes água a mim que sou mulher samaritana? Os samaritamos eram meio aparentados com os judeus, mas havia um ódio mortal entre eles, de modo que era comum dar uma volta enorme para não passar por Samaria e ter que cruzar com aquele povo indesejado. Na verdade ele estava conduzindo a situacão de modo que ela sentisse a nscessidade de purificacão. É mais fácil ver o que está faltando na vida do vizinho, em vez de olhar para a própria necessidade.

“Ah! Se você soubesse quem fala contigo”... O mesmo acontece hoje. Quantos servem a Deus há tanto tempo, anos a fio e, não conhecem a voz de quem fala ao coracão insistentemente: “Dá-me de beber; apascenta as minhas ovelhas; hoje me convem pousar em tua casa”... A voz que bradou a pouco mais de dois mil anos é a mesma. Clama pela necessidade de ver o Reino espandido, mas em verdade pensando na necessidade particular, tormando cada um, prioridade em seu Reino.

Hoje, Deus se preocupa com um tipo de desidratação que ocorre em sua igreja. Crentes visivelmente sedentos, desnorteados, semblante caído, cambaleantes, talvez, sem nunca ter passado perto da fonte de água viva prometida àquele que crê. Esta fonte é inesgotável. Está a disposicão de todos. Não diminui o volume quando os problemas chegam, porque o nivel é automático. Atente para o detalhe do versículo. A água é que faz a fonte. Primeiro precisa haver água, e a abundancia dela, torna-se fonte, permanente, não acaba. Ao contrário, cesce tanto em volume, que salta para a vida eterna.

Na sequencia da história, a mulher fica interessadsíssima em obter esta fonte. Já estava cansada do esforco de ir buscar água no calor do meio-dia. Jesus atingiu o foco do seu problema. Ele sabia que o cansaco de uma vida considerada leviana, era maior em sua alma do que o cansaço físico pela sede natural. Às vezes nos contentamos em ir à igreja e beber copos d’água dominicais, achando que assim matamos a sede do espírito que naturalmente busca relacionamento efetivo com Deus. A tendencia é tapamos o sol com a peneira achando que tudo vai bem, enquanto há saúde sobra, a conta bancária está alta, a maquigem que arranjamos para a vida é a de melhor qualidade e ninguém percebe o sofrimento, mas a alma tem sede...

Deixando o lembrete, de que “a sede, já é o corpo pedindo socorro pela falta do líquido precioso”, lanco a seguinte pergunta: Quão sedenta está a nossa alma? Há em nosso interior água o suficiente para fazer jorrar fonte de água viva? Se há fonte jorrando, ela está crescendo em volume de forma a saltar para a vida eterna?

Deus nos abencoe com fonte de água viva em nosso interior!!!


Denise Figueiredo Passos






domingo, 10 de junho de 2012

A perfeita engrenagem do amor


A estrada da vida de um cristão tem diferentes etapas. Ao longo desta estrada, há placas sinalizadoras que avisam o que vem pela frente, igual nas estradas comuns, quando são feitas longas viagens e estas nos avisam de perigos, curvas, entradas das cidades, lugar para abastecer, fazer refeições, pousadas, etc. Só entende quem conhece os códigos e observa atentamente as indicações. Assim é toda a verdade deixada como marca e ajuda, para um trajeto seguro nesta estrada, que todo ser humano percorre. À verdade espiritual foi deixada para todos que quiserem fazer uso dela, porém é entendida em todos os seus aspectos por justificados pela fé. Nem todos que professam o Cristo ressurreto, primam pelos passos que seguem este processo: justificação, regeneração e santificação. Apenas desta forma temos paz com Deus, acesso a fé (crescente) e a graça, e por fim a esperança em Sua Glória.

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, Por meio de quem obtivemos acesso pela fé e a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; um caráter aprovado, esperança. E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações por meio do Espírito Santo”.  Romanos 5: 1 a 5

||Português: Nova Versão Internacional||Romanos||5||1



 Parece bastante contraditório quando o escritor aos Romanos diz gloriar-se nas tribulações. Mas, só as tribulações produzem determinados frutos em nós. São elas que nos fazem correr na direção de Deus. Se não fossem as benditas tribulações, as igrejas estariam vazias e o povo não ouviria a Palavra, pois a nossa tendência é ter um amor circunstancial. O povo reconhece que a solução para as suas tribulações está em Jesus, então vai a sua presença por causa das necessidades imediatas e não por amor. Vai a sua presença, por causa do poder que ele tem em decretar as soluções e busca manipular este poder em causa própria.

Se todo cristão entendesse a grandeza do período de tribulação, reclamaria menos. A maior expressão de louvor do coração que podemos oferecer, que agrada e alegra o coração de Deus, é quando estamos atribulados. Não há motivos plausíveis para fazê-lo. Do ponto de vista humano, é insano adorar a Deus na hora da dor. Mas, é justamente nesta hora que há demonstração total do amor desinteressado. Há algumas coisas que nunca ponderamos e passam batidas durante toda a nossa trajetória cristã. “Eu louvo e adoro, porque amo a Deus ou porque ele tem bênçãos para me dar? Quero ir ao céu para fugir do tormento do inferno, ou porque amo a Deus e quero habitar com ele? Congrego com meus irmãos porque são perfeitos, ou porque o Cristo que nos une lhes cobre as imperfeições”?...

As tribulações são necessárias, pois o resultado delas, é a nota da integridade do nosso coração que vai em nosso boletim, para Deus. Deus é o Senhor da nossa vida em qualquer situação? Jó disse a sua mulher: (em outras palavras) Porventura, o meu Deus só me daria às bênçãos, sem nunca provar a integridade do meu coração, permitindo o mal se cercar?

A tribulação produz perseverança (paciência). V5

A firmeza em conservar os pensamentos e a mente cativa a Cristo mantêm coeso, os sentimentos e proporciona inteireza de coração. A perseverança analisa os caminhos do coração na sondagem que Davi pediu ao Senhor: Sonda o meu coração e vê se há em mim algum caminho mau.

Ninguém persevera se não fizer revisão interior e tomada de atitude em não desistir do objetivo de acertar o alvo.

A perseverança nunca te desaponta, mas te leva a outro nível.

A perseverança produz um caráter aprovado. V4

Sou de um tempo, onde à palavra de uma pessoa valia tanto quanto do que um pedaço de papel assinado. As famílias primavam por ensinar a seus filhos a ser pessoas de bem, de forma que na educação já ia formando um caráter humano digno. Quando somos recebidos por Cristo, devemos passar por um processo de regeneração. Não para ser uma pessoa “boazinha”, mas para assimilar o caráter de Cristo. Nós estávamos mortos (espiritualmente) em nossos delitos e pecados. O messias, enviado por Deus para resgatar o homem, possuí o caráter de Deus e é este caráter que você e eu devemos assimilar. De nada adianta ter nascido num lar cristão, e aprendido a Bíblia de capa a capa, se não formarmos o caráter de Cristo em nós.

O caráter aprovado é que conduz a esperança. V4

Quando chegamos a um ponto de fé que não mais desistimos (Jó), tendo perfeita comunhão com Deus, tendo deixado (aborrecido) as coisas (transgressões) que nos afastam do nosso Criador, que nos criou perfeitos a Sua imagem e semelhança, não mais nos decepcionamos com nada. A confiança plena advém do amor derramado em nosso coração. V5 Quem tem o amor de Deus enraizado em si através de Jesus, nunca perde a fé e a esperança.

Então chegamos ao ponto de viver em amor, esquecendo-nos de nós, pela causa maior. A engrenagem do amor é complexa; com pecas que se encaixam para um perfeito funcionamento. Onde uma coisa leva a outra e uma depende de outra para funcionar.

 Veja bem o que nos diz o texto de I João 4: 16 a 21.

“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem está em amor está em Deus, e Deus nele. Nisto é perfeito o amor para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos nós também neste mundo. No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor. Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois, quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão”.

Conhecer e crer no amor de Deus por nós.

Deus é amor – essência.

Amor - Contêm ou está contido? O “contêm e está contido” é que define o que “pertence ou não pertence”. O amor de Deus é exato tal qual a matemática.

Confiança gerada pelo amor.

Amor perfeito, sem espaço para os mais variados medos.

Amor sem culpas.

Podemos analisar várias partes desta engrenagem maravilhosa que é o amor. Um pequeno texto com grande conteúdo. Mas, a explanação, fica para matérias subsequentes... Como dizem nos filmes, esta é, uma outra história...



Deus nos abençoe em SEU AMOR.

Denise F Passos

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Deixando a caverna


Tenho um casal de amigos que tem por esporte explorar cavernas. Fico imaginando que deve ser excitante, mas ao mesmo tempo difícil. Pouco oxigênio, fendas apertadas, terrenos desnivelados, muita humidade, escaladas em pedras. Não faz o meu gênero.que Deus nos escolheu a dedo para estarmos naquele lugar, pelo que somos imensamente agradecidas.


Caverna é no máximo, lugar apreciar a beleza natural, descansar refazendo energias após de longa caminhada. Não é lugar para se estabilizar.


O homem primitivo habitava as grandes cavernas por falta de opção, Não podia transportá-las em suas migrações, mas assim que idealizou moradias mais confortáveis, abandonou a sombria caverna, edificando vilas, lugarejos e cidades.

O homem agora vive em casas, com grandes janelas envidraçadas, onde o sol penetra e a claridade lunar é intensamente incidente. Pela janela, pode-se contemplar a natureza criada para o homem que, completa a bela paisagem. Quando fui morar em Brasília, uma das coisas que me fez fascinar pelo local, foi acordar pela manhã com o canto dos pássaros, abrir a cortina e a janela e participar da dança das borboletas, bailando de flor em flor, fazendo um lindo contraste com o azul do céu, o verde das árvores e do gramado e, ao fundo o vermelho da terra daquele lugar. Que linda sensação de liberdade, de paz, de leveza! Eu ficava ali por algum tempo, fazendo a minha oração matinal.

Um dos fatos de a caverna não ser o lugar apropriado, é por causa da escuridão frequente; não deixa a pessoa ver além. As sombras são constantes. É necessário tatear e não perder a visão de claridade da abertura, da porta de entrada e obviamente onde deve sair. Dentro, as cavernas podem ter labirintos intermináveis e poços profundos. Pode vir a ser um lugar muito perigoso. No mito da caverna Platão descreve com propriedade que seja o motivo que for, a caverna não é habitacão e sim alienacão.

Pessoas há que vivem a vida inteira na escuridão de uma caverna, criada por situações de ordem emocional, onde, fugindo da realidade que lhes assusta, abrigam emoções atordoadas do passado, trilhando os longos labirintos, vivendo a vida sob luz artificial.



Isto lhes é o bastante. Quando alguém pergunta “Como vão? A resposta é: Como Deus quer”. Esqueceram, ou nunca souberam na verdade o que é a liberdade. O que é viver fora da caverna. Dentro das sombras, quer seja dia ou noite. Outras buscam intensamente e, até com certo desespero, a saída dos labirintos desta vivencia, dia após dia. Muitas precisam de tratamento psicológico e não fazem a mínima ideia disto. Outras necessitam de libertação, inclusive de possessão demoníaca. Tem áreas que os profissionais de saúde podem e devem tratar, mas a parte que cabe a Jesus libertar, só Ele pode fazer.

Duas semanas atrás fui a um retiro de mulheres promovido pela Assembleia de Deus em Orlando. Vindas de diferentes cidades, as mulheres se reuniram num lindo lugar, com a grande expectativa do que Deus havia reservado para cada uma delas.

A Adoração foi perfeita. O louvor preparou corações e mentes para a grande atuação do Espírito de Deus naquele lugar. “Abro aspas para destacar a minha repugnância aos cultos mecânicos, onde animadores de auditório programam show business, vazios da presença de Deus. Onde a glória é pessoal e não divina; onde o Espírito que consola, já não é Santo e nem requer santidade; onde o Cristo adorado ainda tem às mãos atadas a cruz e, portanto, inaptas para libertar o povo em densas trevas, que clamando por socorro, anda tão preso quanto o Cristo apresentado por estes”.

Que haja um real despertamento para o Teu povo, Senhor!

Minha amiga, pastora Ozanides, fez a abertura da palestra, abordando o tema do congresso. O que você tem em sua bagagem? O tema aparentemente comum, contudo sugerindo uma revisão interior, foi baseado em Gênesis 28:18 e serviu para motivar a reflexão de tudo que foi vivido até aquele dia. Há muito que se ponderar em questão de coisas desnecessárias, que ao longo do tempo tornam-se um fardo para carregar e, outras que precisam ser adquiridas para sairmos da superficialidade vivida.

A Doutora Branca, psicóloga que falou à tarde, nos fez entender as diferenças entre os problemas espirituais, físicos e emocionais, fazendo correlação entre corpo, alma e espírito. (Fez a doação de um tratamento psicológico para uma das mulheres do retiro)

A preletora oficial que veio de New York e nos contou o seu testemunho de vida e como Deus a transformou de uma terrível traficante, que até o medo tinha medo dela (conforme suas palavras) em uma anunciadora do evangelho da paz. Falou-nos das muitas prisões da alma que lhe cerceavam o direito de ser feliz. Contou-nos também que estas prisões continuaram mesmo depois que se tornou cristã, pois eram em grande número. A devassidão em que viveu requeria um minucioso trabalho de Deus em seu interior. Ela precisava ser livre das prisões, para o ministério de libertação de outras vidas, que a aguardava.

...”onde abundou o pecado superabundou à graça”. Rm 5:20

Na reunião noturna, após a palestra, à Missionária France Valdez, abriu oportunidade para as mulheres que quisessem compartilhar a sua história, abrindo o coração para cura de toda dor trazida na alma, deixando ao pé da cruz todo o peso que carregavam, talvez, durante toda a vida. Mesmo sendo cristãs professas, muitas mulheres traziam dores enormes, de fardos que carregavam e ainda não tinham sido depositados na cruz de Cristo.

Naquele instante, várias mulheres foram à frente e uma a uma, começou a contar a sua história de vida. Ouvimos durante toda a madrugada os vários problemas e prisões em que ainda viviam. Eu não imaginava que em uma sala de conferências relativamente pequena, coubesse junto, pessoas tão quebradas pela vida. A cada depoimento, a cada grito de socorro, meu coração soluçava de dor. A minha vontade era de coloca-las no colo, abraça-las e lhes enxugar as lágrimas. Entre elas, mulheres com problemas de: abuso, violência, sequestro, roubo, aborto, homossexualidade, lascívia, desamor, portadora de vírus HIV, com histórico familiar de zoofilia, traição, dependência química, possessão demoníaca, entre tantos outros. Todas em busca de alívio e verdadeira alegria para viver. Tenho certeza de que Deus nos escolheu a dedo para estarmos naquele lugar, pelo que somos imensamente agradecidas.


As que por fé, deixaram ao pé da cruz o seu fardo, foram aliviadas, depois de um longo tempo andando em círculos na caverna da vida. Que haja mais encontros como este! Não apenas um retiro, mas um verdadeiro “hospital da alma”.

Deus nos abençoe com verdadeira PAZ.

Denise F Passos