quarta-feira, 21 de março de 2012

Medida do amor


 
Pensar em dar medida a um sentimento tão abrangente é o mesmo que tentar medir o volume de água dos oceanos do planeta. É tão vasto que não cabe em nossa realidade, apenas na imaginação. Enquanto crianças, o vôo livre das prisões permite a alma infantil percorrer longas distâncias, voar sem asa delta desafiando a gravidade, criar um mundo imaginário onde tudo funciona de forma mágica, onde o faz de conta funciona como realidade. Então crescemos e a nossa capacidade de racionalizar também cresce conosco. As distâncias a serem percorridas são mais limitadas, em vez de voar, andamos em terra firme e o mundo real onde vivemos, já não funciona a contento. E este vasto sentimento acaba confinado em um compartimento menor do que ele, moldado a situação imposta, apertado entre quatro paredes. Incapaz de desenvolver a sua total capacidade mostra-se, fraco, frágil, intolerante e na pior das hipóteses, passageiro. O pouco que escapa pelas fendas, enobrece a alma dos que o reconhecem, onde trabalha arduamente para aumentar estes orifícios, a fim de que se viva uma vida plena de amor.

O amor cantado em versos e descrito em sua totalidade faz o coração amante divagar; nos diferentes tons de suas cores, na beleza do lugar onde habita, na paixão que move estes corações ardentes, na busca incessante do outro para toda e qualquer demonstração deste amor. Mesmo que seja movido por doces ilusões e moldado em castelos de areia que em parte é levada pelo forte vento, este amor verdadeiro perdura não obstante as intempéries que avassalam terrivelmente na tentativa de destruí-lo. Forte como a morte, ele traz em si múltiplas marcas e, doloridas úlceras, das férias abertas, que o amigo tempo ainda não curou.

Este nobre amor, não é um mero sentimento, mas, o grande mandamento, que influencia todas as áreas da vida. Sem olhar cor, beleza física, posição social, conta bancária, cultura, ele vem de mansinho, chega pra ficar; aquecendo as relações conjugais, familiares, as grandes amizades de todo àquele que se permite atingir por ele.

O ser humano foi criado com uma forte necessidade de amar. Uma pesquisa com bebês recém-nascidos, que foram tirados do seio materno e alimentados artificialmente, recebendo apenas cuidados para manterem-se vivos, sem nenhum outro contato físico que envolvesse amor de espécie alguma, constatou que estes bebês atrofiaram-se, regredindo tanto que estavam fadados à morte. Em resumo, o ser humano foi criado para viver em amor com os seus semelhantes. O amor traz vida e a mantém. E porque em vez de vivermos em amor, sempre damos um jeito de complicar as situações? Será que desestabilizar o relacionamento, para que este amor seja testado é regra contratual? Porque a cada dia que passa o amor parece mais egoísta, preocupado consigo mesmo em vez do outro?

Em I Coríntios 13 temos a descrição do verdadeiro amor. Ele é paciente, bondoso, não é ciumento, não é orgulhoso, não é vaidoso, não se conduz de forma inconveniente, não é egoísta, não fica irritado, não guarda mágoas, não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. O amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Linda descrição, que parece pertencer a um mundo distante do nosso. Parece surreal diante da forma como sabemos amar. Mas, o problema não é do amor, e sim o fato de que somos incapazes de lidar com esta forma tão abrangente e pura. Nossa natureza corrompida nos impede de dar prosseguimento em amar cada dia mais, até que este amor nos enobreça de tal forma que vivamos em absoluto amor.  

Podemos resumi-lo em paciência, bondade e alegria. Três qualidades fundamentais ao ser humano que deseja pautar a sua vida no amor; sem elas o amor se extingue do coração. Dentre outras oito que descrevem o que ele não é. O amor não é ciumento, não é orgulhoso, não é vaidoso, não se conduz de forma inconveniente, não é egoísta, não fica irritado, não guarda mágoas, não se alegra com a injustiça. E quatro que descrevem sua ação totalitária, pois tem parte com a verdade. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Encerrando com a afirmativa de que o amor uma vez começado, jamais acaba. Esta passagem é base para tudo o que se tem escrito, falado, discutido, sentido e vivido acerca do amor; colocando-o acima de tantas outras coisas que achamos de suma importância. No topo de tudo que deve permanecer em nós; maior do que a fé e a esperança, o seguimento do amor norteia nossos passos para uma vida de maturidade. Por este fato, Jesus resumiu o mandamento dizendo em Lucas 10:27, “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”.

Certo dia, Sueni, minha filha do meio, estava sofrendo com terríveis cólicas menstruais, num exato momento gritou, chamando-me ao lavabo, onde estava ajoelhada vomitando bastante, então abaixei a seu lado, sentei no chão e puxei-a para o meu colo. Enquanto chorava de dor, apertei-a contra o meu seio dizendo em tom suave “mamãe está aqui”. Isto parece irrisório diante daquela dor insuportável. Naquele instante, numa divagação de pensamentos, fiz uma pergunta a Deus. É assim que e o Senhor me ama? De modo que quando eu estou em dor, tu me pegas no colo e me amas de um modo especial, mesmo que eu não me dê conta disso? Sei que teus fortes braços estendidos para criar o universo, arremessaram cada planeta em sua órbita, foram os mesmos fragilizados na Cruz, no ato de amor que mudou nossa história e são os mesmos que me envolvem quando a dor chega, fazendo-me sentir segura, bem protegida. Um amor que atravessa a eternidade, passa pela graça conduzindo-a ao homem, que consola docemente e ainda assim não se pode medir; medi-lo é o mesmo que limitá-lo.

Este amor imensurável deseja fazer parte do nosso cotidiano, de forma real, não apenas dos versos nos belos poemas, nas cartas de amor, nas declarações esporádicas, nas celebrações, no nascimento e na morte. Ele é vivo, real, presente e gratificante. Mas, quem ama a Deus e ao seu próximo como a si mesmo, descobre a fórmula do bem-viver. Paga um alto preço para viver e continuar vivendo em amor, pois na verdade, tomar a cruz é o ato de amor.
Deus nos abençoe com Seu amor.

Denise F. Passos








    

    

    


quinta-feira, 15 de março de 2012

Soberba “Derrubando Gigantes interiores”


Este é o último estudo da nossa série, aqui em Delaware. Os gigantes que devemos observar e dominar são muitos, porém estes sete que estamos estudando, são os principais dominadores da atualidade. A “soberba” age como um elo, unindo todos os gigantes desta série, podendo fazer com que a sua vítima entre num círculo vicioso. A soberba faz com que seu portador se ponha acima de outras pessoas, querendo ocupar o mais elevado posicionamento. E talvez seja um dos defeitos mais completos que existe, por isso a colocamos como elo no círculo vicioso dos gigantes.

Soberba é o sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre os demais. O termo vem do latim – supervia. Ela pode ser individual ou grupal. A soberba é um sentimento que age como um vírus. Quando ataca determinados indivíduos com inteligência aguçada para o mal, promove todos os tipos de racismo, corporativismo, elitismo, doutrinas de povos escolhidos ou eleitos e outras concepções semelhantes, que tendem a subjugar os concebidos, inferiores. A manipulação da soberba e seus derivados sobre a população, serve aos interesses políticos que a usa como massa de manobra, gerando os grandes conflitos regionais e mundiais.

Procurando definições e sinônimos, corremos as vistas em grande lista, mas para termos uma ideia da dimensão da soberba e dos seus muitos aliados, vamos defini-la dando alguns significados. Ela também pode significar:

Orgulho – soberba ridícula, manifestação de alto apreço.

Empáfia – demasiado orgulho de si próprio.

Altivez – manifestação do orgulho ofendido.

Arrogância – Altivez que deixa ver o pouco caso que se faz do adversário, insolência.

Altanaria – soberba insolente.

Presunção – Sentimento de grande valorização que alguém tem de si próprio, afetação, vaidade, elevação.

Vaidade – sentimento de supervalorização que alguém tem de si próprio, futilidade sem solidez, sem duração.

Fatuidade – Vaidade infundada.

Ufania – Vanglória; gabar-se, jactar-se.

Pretencioso, inchado, desvanecido, sobranceiro, rompante, inani, soberbete...

Este gigante destrói a vida particular da pessoa afetada, alguns que foram infestados por ele, chegaram às raias da loucura. Ele destrói famílias, afasta pessoas, destrói igrejas, arrasa nações... E no contexto atual, está pouco a pouco destruindo o nosso planeta.

A reação do invejoso é guardar dentro de si, remoendo o motivo da inveja internamente. Ao contrário, o soberbo, tem a tendência de se mostrar, pois está tão enamorado de si mesmo que apenas alcança prazer se sobrepujar a outros. Se ele está no lugar de domínio superando a outros, vai tudo bem, mas se é superado em qualquer área, deixa-se dominar pela inveja e o ódio. Quando é superado ou se sente ameaçado, é dominado por uma inveja no sentido ruim da palavra e não descansa enquanto não se vingar pelas vias mais baixas. Devemos ter muito cuidado com a “falsa modéstia”. O soberbo não aceita ser mediado com outros, então se ele não consegue ser o melhor, vai para outro extremo. Se não consegue ser o mais “inteligente”, então será o melhor dos “ignorantes”.



A Bíblia descreve com bastante propriedade, em Ezequiel 28: 13, um ser que foi criado em completa perfeição, para viver em harmoniosa glória na habitação de Deus, até o dia que gerou e deu a luz à soberba. A soberba corrompe a sabedoria, então, Deus abate. A soberba macula o amor. Veja bem, Deus não pode obrigar ninguém a ama-lo, isto deve ocorrer por livre e espontânea vontade, nem os anjos são impostos ao amor. Este é o livre-arbítrio. A soberba tem ligações infernais, pois é o primeiro sentimento negativo existente. A soberba produz morte.



Mateus 15:21-28

“E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós.

E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.

E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! (em outras traduções diz ”por causa das tuas palavras”) Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã”.

A mulher sírio-fenícia estava com um grave problema, sua filha estava terrivelmente endemoninhada. Este era um caso que os médicos não poderiam resolver por mais especialistas que fossem; ela estava conscientizada disso. Em primeiro lugar precisamos ter consciência da nossa necessidade. Ela sabia no seu coração que só Jesus poderia liberta-la. Mas, o que fazer, se ela não tinha direitos legais. Jesus ainda não havia conquistado na cruz o direito para todos os povos, para que não houvesse mais, judeu ou grego, livre ou escravo, rico ou pobre, macho ou fêmea... Ela não pertencia à casa de Israel, só poderia comer do prato pelas beiradas.

Mas, aquela mulher foi gritando por misericórdia por todo o caminho por onde o Mestre passava, até que se ajoelhou e o adorou. Ela precisou dominar um terrível gigante chamado “orgulho” e declarar a sua fé. A soberba é um inimigo que é resistido através da verbalização, como Jesus fez no período da tentação. Para cada um “está escrito”, existe um “também está escrito”. Mateus 4: 1 a 11

Só a HUMILDADE corrige e extirpa a soberba da vida de uma pessoa.

Jesus nos ensinou humildade quando não usurpou ser semelhante a Deus enquanto não foi assunto aos céus. Quem é de verdade, não precisa ficar mostrando a todos, flui naturalmente. É exaltado justamente por causa da simplicidade que denota. A mulher do texto reconheceu que precisava de Jesus, então não deu ouvidos aos mil pensamentos soberbos que lhe passaram pela cabeça. Soberba, é o pecado dos pecados. Quem opta pela sua prática, é auto-suficiente, não precisa de ninguém, muito menos de um Deus invisível.

Em Cristo, Deus quer fazer os homens iguais e assim aniquilar a soberba de uma vez por todas. Só estamos prontos para receber as dádivas de Deus quando dominamos os gigantes, sejam quais forem.

Deus ainda não pode trazer avivamento a Sua igreja, porque ela está dominada por gigantes, que agem, rachando as paredes do coração do povo, a começar pelos líderes. Tudo escoa pelas rachaduras como diz Jeremias 2: 12 e 13. As nossas razões nos fazem perder os tesouros da salvação e pela Misericórdia, ainda conseguimos entrar pela porta e estacionar no hall de entrada da habitação de Deus. Não podemos nos enganar. Se não formos pelo caminho mais fácil, Deus nos levará pelo caminho mais tortuoso, para nos fazer chegar onde é necessário. Ele nos ama que de tal forma que não deixa a Sua obra incompleta, em nossa vida.

Deus nos abençoe.



Denise Figueiredo Passos

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulher, especial porque???


A natureza é praticamente inesgotável em sua biodiversidade e no que tange aos três reinos: animal, vegetal e mineral.  Por isso, demanda a busca contínua de oesquisa para novas descobertas, revelando o multiforme poder do Criador. O fabuloso arquiteto do Universo para completar a sua obra criou  o homem, colocando nele seu DNA. Imagem e Semelhança.

Este homem, chamado de “coroa da criação”, formado para dominar sobre tudo o que foi criado antes dele, passou a viver com um propósito definido – exaltar a Deus com a sua vida. Ele vivia feliz no Éden, mas Deus resolveu presenteá-lo com uma grande mulher que completaria a sua felicidade.

Então Deus abriu uma janela perto do coração e a partir dela criou a mulher, dando a ideia de unidade e pertencimento.

UNIDADE – Que não se divide. 
PERTENCIMENTO – Veio do homem, é parte dele. 

A mulher tem estas características, por isso ela se torna tão especial. Assim como Deus criou o homem partindo de Si em seu espírito, a fim de viver a sua glória, destinado a voltar para Ele; da mesma forma criou a mulher, parte do homem, destinados a se buscarem harmoniosamente vivendo um para o outro.

Exemplificando: Se o homem é tido como coroa da criação, dito de forma majestosa pelos entendidos; posso considerar a mulher, como o cetro que compõe a realeza. Coroa e cetro, se completam, trabalham juntos em harmonia. Se a coroa é sinal de soberania, é o cetro que aponta esta autoridade a outros.

Ester 4: 11 “Todos os oficiais do rei e o povo das províncias do império sabem que existe apenas uma lei para homem ou mulher que se aproxime do rei no pátio interno sem por ele ser chamado: será morto, a não ser que o rei estenda o cetro de ouro para a pessoa e lhe poupe a vida...”

Ester 5: 1 “Três dias depois, Ester vestiu seus trajes de rainha e colocou-se no pátio interno do palácio em frente ao salão do rei. O rei estava lá de frente para a entrada. Quando viu a rainha Ester ali no pátio, teve misericórdia dela e estendeu-lhe o cetro de ouro que tinha na mão. Ester aproximou-se e tocou a ponta do cetro”.

Isto significa que é necessário passar pelo cetro para compartilhar da coroa. Note que Ester precisou tocar a ponta do cetro de livre e espontânea vontade para não morrer.

Esta definição serve para dar entendimento ao elo fundamental na criação homem-mulher. Um vivendo pelo outro, pois, são parte do outro. Mas, porque esta mulher é tão especial? Ou, melhor dizendo. Como uma mulher pode se tornar tão especial? Um dos grandes atributos da mulher é o fato dela ter sido criada com uma diversidade enorme. É como se ela fosse um ser múltiplo. Como se existissem várias dentro de uma só. Ela dá conta de uma série de coisas ao mesmo tempo, sem se estressar. Ela trabalha fora de casa, administra a casa e gerencia com muita atenção a vida do marido e dos filhos e ainda lhe sobra tempo para se embelezar e interagir socialmente.

Mulher, especial, porque?

Primeiro porque foi criada por Deus como obra-prima para o homem. A forma como esta mulher foi criada, da a entender que ela é como uma cerca de proteção. A mulher pode ser especial em todos os sentidos, bem como genérica ou até mesmo banal. Depende dela, escolher o seu papel, na vida das pessoas que a cercam.

“Não é bom que o homem viva só”.


“E eu achei uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são redes e laços, e cujas mãos são ataduras; quem for bom diante de Deus escapará dela, mas o pecador virá a ser preso por ela. Eclesiastes 7:26”.


A mulher precisa se fazer especial com base no próposito para qual foi criada. Para alguém se fazer especial, há um longo caminho a seguir, muito a observar, atitudes a tomar. A mulher para fazer-se especial, precisa cultivar algumas virtudes básicas. Ela precisa ser amiga, verdadeira, gernerosa, amante, alegre, sensata, íntegra. Porém, só alcanca esse objetivo se tiver maturidade. E isto independe de: idade, beleza, posição social, cultura, etc. A maturidade de uma pessoa é de ordem social e sexual. Se ela for madura nestas duas áreas, sua vida correrá dentro da normalidade.


A maturidade social no relacionamento que comeca em família, expande-se para fora no contexto social interno. Se a mulher que é a matriarca se relacionar bem em sociedade, o restante da família também o fará. Maturidade inclui saber ouvir, avaliar situacões, saber julgar, ter doçura e firmeza quando necessário.


A maturidade sexual só pode acontecer com a vasta compreensão da sua sexualidade. Entender a si mesma, conhecer as suas necessidades, gostos, conhecer o seu corpo, toda a sua potencialidade, livrar-se dos tabus; estes são apenas alguns ítens que a mulher madura sexualmente pode adquirir.  A falta de compreensão pode ocasionar problemas de ordem física e psicológica, criando barreiras que passarão a acompanhá-la, tornando a vida íntima um grande fracasso, e se essa área fracassa muitas outras poderão desmoronar em conjunto. Por falta de maturidade sexual há muitas mulheres que são como um poço vazio, onde ninguém que as rodeia, onde ninguém encontra sequer vestígio de água.


Ao palestrar sobre este assunto para as mulheres, fiz a seguinte dinâmica. Enquanto falava, foi passado de mão em mão, uma folha de papel em branco contendo um minúsculo ponto no centro. Antes de terminar eu peguei o papel e perguntei o que elas haviam visto. Todas responderam que viram um pontinho numa folha.


As mulheres especiais e tão maravilhosas se deixam levar pelas dificuldades e decepções da vida, tornando-se amargas e ninguém suporta viver ao lado de uma mulher amarga, seca, vazia. Mulheres que gastam tempo e espaço na vida, cuidando mais das frustrações do que da parte fundamental, da parte que realmente deve chamar atenção. Esquecem-se do quanto são únicas, e por isso mesmo, especiais. Especial, não apenas porque alguém disse, porque alguém elogiou, mas de fato e consciente. Ter consciência do que somos e do que podemos vir a ser, é fundamental para a saúde mental e porque não dizer física.


O pontinho preto realça tanto que retira a atenção do foco central, que deve ser a parte branca da folha. Esta é a parte principal, ocupa a maior parte. O sofrimento causado pela decepção, o sofrimento que é comum à realidade de todos nós, não deve ser o carro chefe da vida de ninguém É apenas um pontinho. 

Freud vai colocar o sofrimento em três etapas.


Sofrimento do corpo – mudanca corporal, a não resposta do corpo, a incapacidade pela idade.


Sofrimento nas questões externas – desastres, perdas...


Sofrimento nas relações interpessoais – Para Freud esta é a área mais complicada... Como eu vou me relacionar com o outro?


Apenas a maturidade pode nos mostrar a potencialidade que há no sofrimento. Com ele aprendemos a ver o lado positivo do sofrimento e o quanto ele pode nos fazer crescer. E se conquistamos este patamá de mulher especial na vida dos maridos, dos filhos, dos parentes, dos vizinhos, dos colegas de trabalho, dos irmãos da igreja, ao longo da vida, não podemos deixar que este brilho cesse. A mulher que conquistou o título de especial não deve perdê-lo em hipótese alguma, pois mesmo que alguém a deprecie, sempre será especial para Deus.


Ao longo da história feita pelos homens, Deus usou o potencial feminino para realizar grandes feitos. A Biblia está cheia de exemplos: a mulher mãe, sogra, filha, esposa, juiza, rainha, empresária, costureira, pastora de ovelhas, diaconisa, etc. Deus sabe o potencial que ele mesmo colocou em nós, por isso mesmo, conta conosco para tarefas às vezes muito difíceis, mas que somos capazes de realizar, na capacidade que Ele já nos concedeu.


Feliz dia Internacional das Mulheres, para todas as minhas filhas, para a minha irmã, netas, primas, sobrinhas, amigas, irmãs... Vocês são especiais na minha vida. Amo a todas de foma especial.


Deus nos abençoe.


Denise F Passos

 Estas são algumas das mulheres
                                    mais importantes na minha vida

 Minha querida mãe, Ilma, tia Dalva, tia, Ilda e tia Fausta

 

Minhas queridas primas e cunhada Paula 
Minhas queridas filhas, Suelen, a neta Giulia, Sueni e Suelaine. Minha querida irmã Catia

Minha querida Nema







Minhas queridas amigas, Loide e Marcia
ÉRAMOS QUATRO AGORA SOMOS SEIS... DEUS NOS ACRESCENTOU COM DULCE E ROZALIA

sexta-feira, 2 de março de 2012

“FRUSTRAÇÃO” DERRUBANDO GIGANTES INTERIORES


        Estamos bem adiantados em nossa lista de gigantes a combater. Quem nunca encarou um destes de frente? Eles se apresentam na vida de qualquer pessoa; a princípio de forma branda, quase imperceptível, fincam seus tentáculos sutilmente nos sentimentos e gradativamente minam a vida.


Frustração, em seu significado relacional, tem o sentido de privar (a outro) do que espera, iludir, baldar, malograr, inutilizar-se. Resulta também em reação de amargura, rancor, ansiedade. Frustração é o resultado de sonhos irrealizados que vão pouco a pouco decepcionando a pessoa, criando sensação de inutilidade progressiva. Este gigante traz consigo armadilhas sagazes, criando uma barreira dentro de nós se contrapondo aos objetivos e as bênçãos que precisamos alcançar.


A frustração é sentimento que nos acompanha desde os primeiros traumas ocorridos na infância, mas ela só arvora quando é alimentada pelos colegas gigantes que falamos anteriormente. Uma pessoa precisa aprender a lidar com as situações frustrantes desde a infância. Mães que dão tudo a seus filhos e fazem todas as suas vontades, não permitindo que conquistem coisas pelo próprio esforço, criam adolescentes rebeldes, voluntariosos e adultos infantilizados, com graves problemas de adaptação, justamente por não terem desenvolvido resistência à frustração.


Nossa meditação de hoje está baseada na história de um homem comum, que sonhou por 38 anos até alcançar seu objetivo. “João capítulo 5:1 a 9, narra a história de um homem paralítico, que jazia junto ao poço de Betesda, junto a um grande número de enfermos, esperando por um milagre. E aí um anjo descia de tempos em tempos e agitava as águas e o primeiro que entrasse na água era curado de qualquer enfermidade. Jesus surgiu no local e parou junto ao homem que durante trinta e outo anos de sua vida não fazia outra coisa a não ser ir aquele tanque. Perguntou-lhe: Queres ficar curado? A resposta foi objetiva. Eu tenho vindo aqui por longos trinta e oito anos e não tenho amigos que me lancem em primeiro lugar na água, após ser agitada. No que Jesus replicou: Vai, toma a tua cama e anda”.


[O texto supracitado faz parte de uma cosmovisão mítica dos antigos acerca de coisas não entendidas. Como eles não conseguiam compreender a maneira como a água transbordava, agitava-se no tanque – vinda por um aqueduto – criou-se uma tradição mítica em torno da situação. Pensavam os antigos a efervescência das águas era em razão da presença de um anjo que agitava as águas. Mas isso se tratava apenas de uma visão mítica de um fato natural que não conseguiam conceber como fato natural. Por isso que em algumas traduções da Bíblia o texto de João aparecem entre parênteses. A ênfase deve sempre recair no Criador e não a criatura. Não era a água, não era o lugar, não era o anjo, mas a misericórdia de Deus pelos homens e isto raramente foi enxergado, como também acontece em nossos dias]


O homem da nossa história, durante trinta e oito longos anos perseguiu a sua oportunidade. Um herói anônimo, que venceu todos os gigantes que descrevemos nas postagens anteriores. Venceu o “Eu, que lhe dava razões suficientes para desistir; a língua que reproduzia as mensagens negativas enviadas pelo eu; a negligência, que tentava roubar-lhe os motivos para estar lá, o desânimo que tirava a vontade de tentar outra e outra vez, a auto piedade que lhe dizia não ser merecedor daquela situação e principalmente a frustração, que andava ao redor mostrando a sorte do seu próximo”.


Eu imagino aquele homem, ano após ano esforçando-se para chegar ao tanque, pedindo favor a terceiros, ouvindo piadas, fazendo um esforço descomunal para não entender a má vontade de outros. Que tipo de sentimentos frustrantes invadia o seu coração, todas às vezes que outra pessoa era curada e ele precisava continuar esperando e, mais uma vez voltar se arrastando para casa?



Frustração é não ver os resultados esperados.

Este homem tinha motivos suficientes para se revoltar; ele estava esperando por quase toda a vida. O abando dos sonhos é o produto da multiplicação das frustrações. Esperamos tanto da vida e nada acontece. Nem sempre a família é do jeito que queremos, nem sempre o casamento é feliz como idealizamos, pelo contrário, é frustrante a cada dia que passa; o emprego não nos traz o retorno desejado, a casa própria e o carro novo se distanciam cada vez mais...


O acúmulo de frustrações causa inutilização da fé. Mas, aquele homem não desistia de crer e esperar por sua vez, por isso eu o chamo de herói.  


O sentimento de frustração até certo ponto é natural. Como humanos, às vezes nos frustramos passageiramente, mas levar uma vida inteira chorando pelo leite derramado aprisiona-nos onde o fato frustrante aconteceu, impedindo que sigamos adiante, que prossigamos em busca da realização dos sonhos.


A grande necessidade, aliada a uma fé que não desiste, levou Jesus àquele homem no tanque de Betesda. Jesus sabia que ele estava esperando por um longo tempo. Ele esperou mais tempo do que Abrão, José ou mesmo Davi. Esses tiveram sonhos, unção, promessa, da parte de Deus e aquele homem não tinha uma promessa em particular, ele pegou o que encontrou na geral. Esperava junto ao povo do lugar.


O tempo passa... Porque nunca chega a minha vez? Mas, de repente ele olha para o caminho, de onde vem um homem comum, andando devagar em sua direção, para e coloca-se ao lado dele. Naquele dia em especial, Jesus não foi para o lado da multidão de enfermos, mas na direção daquele homem, cuja persistência fez mover o Seu coração especialmente em favor dele. Jesus não precisa mover as águas para lhe te abençoar, ele apenas pergunta: Você quer ser abençoado? Eu vim por você. É a persistencia em fé, que agita o coracão do Mestre em nosso favor.



Frustração é decepção acumulada.

E se você acumula decepções não dando a volta por cima, perde a oportunidade quando ela chega. Não importa quanto tempo leve; caminhe em direção ao tanque todos os dias, se for preciso. Não dê ouvidos à frustração que o tempo traz consigo, pois, mesmo que você ainda não tenha alcançado o seu objetivo, a esperança nunca te despede vazio.


Eu quase posso ver aquele homem lutando contra as circunstâncias e dizendo a si mesmo, enquanto o soluço sufocava o peito e a lágrima escorria pela face, “da próxima vez, vai acontecer”!


O tempo que passou, ficou para traz. Mantenha o coração confiante e os olhos fitos no caminho de onde o Mestre vai chegar. Falta pouco. Já ouço os passos em sua direção...





Deus nos abençoe.





Denise F. Passos.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

AUTOPIEDADE "Derrubando Gigantes Interiores"

Esta é a quinta semana da nossa campanha e já identificamos quatro gigantes que tentam subjugar o nosso homem interior, tornando-o completamente distorcido. O “Eu” com todos os seus ismos, a “língua” que bate em todas as direções, a insensata “negligência”, o danificador “desânimo”. Todos são inimigos cruéis que se instalados, deturpam o q ue há de humano, em nossa essência.

O quinto gigante escolhido é a autopiedade, que é um sentimento corrosivo, altamente destrutivo. Tem seu começo na pessoa que se sente injustiçada pela vida, colocando-a no lugar de vítima. Ao reclamar de tudo, lamenta pelo que não tem e não é capaz de enxergar e se alegrar com o que possui. Ela é perfeita a seus próprios olhos, vive presa ao passado e a culpas, lamenta-se o tempo inteiro e este sentimento, evolui para uma espécie de tortura mental, que torna o convívio consigo mesma e com o outro, impossível.



Todos nós temos um ser ideal, (aquele que idealizamos como modelo para nós) e o ser real (aquele que realmente somos), e o ser ideal está sempre julgando o ser real. Da severidade deste julgamento, nasce um sentimento de culpa. Culpa por não sermos tão bons quanto gostaríamos, culpa de não termos alcançado o sucesso que almejávamos, culpa por não alcançarmos as nossas expectativas, nem as expectativas na relação com o outro. Esta culpa culmina num grande sentimento de inadequação com a vida, pois a autopiedade é seguida da autopunição.


Se em primeira mão a vítima da autopiedade se acha coitadinha, mal entendida, desvalorizada... A tendência sequencial é vestir a carapuça “talvez eu mereça passar por essa situação”,gerando um estado de culpa. A culpa por sua vez vai levá-la a autopunição e, a autopunição a induz ao pensamento de que não merece ser feliz. Este pensamento conduz a depressão, que funciona como resultado de sentença da qual a própria pessoa se impõe a pena. Com essa atitude ela se coloca como vítima das circunstâncias, como se os outros conspirassem contra ela e se sente mais infeliz ainda; sentindo uma culpa cada vez maior. Então, a pessoa é enredada num círculo vicioso de autopiedade, culpa e autopunição.


Eu posso falar por experiência própria, pois no passado experimentei este terrível sentimento. Como sou uma pessoa de fácil convivência, me achava “boazinha” demais e não merecedora de atitudes de críticas e afrontas de outras pessoas. Meus pais criaram a mim e a meus irmãos para vivermos um mundo cor-de-rosa, onde o sol sempre brilha e onde as pessoas são maravilhosas. Eu era uma pessoa tão amiga, prestativa, companheira, porque recebia ingratidões? Eu não entendia nada da realidade da vida. Dei um pouco de trabalho a Deus para me libertar deste gigante. Um dia, Deus me deu um sacode e me disse: Denise, o Meu Filho é que não merecia... Então, eu acordei para a realidade, e com muita oração me livrei deste mal que me corroeu durante muito tempo. E que por vezes intenta voltar, mas eu luto contra ele, para que não se instale; nunca mais... A casa foi limpa e adornada... Glória a Deus! Não há nada melhor do que a sensação de ser livre. “...esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Filipenses 3:13,14

O homem tem cada vez mais conhecimento e controle do mundo ao seu redor e cada vez mais se afasta do seu mundo interior. Vivemos mais a exterioridade do que a interioridade, pois a nossa teologia está pontuada no comportamental, no estereótipo. Damos pouca importância aos valores que nos conduzem e nos mantêm no Reino de Deus. A Bíblia aconselha que precisamos nos analisar periodicamente, a fim de nos conhecer e saber o que está acontecendo em nosso interior. O culto agradável a Deus é o racional, e como podemos oferecê-lo sem conhecimento próprio? Cada pessoa é um universo e partindo deste princípio há muito que ser analisado.


A narrativa de l Reis 19:8 em diante, nos mostra claramente o sentimento que o profeta Elias adotou para si. No capítulo anterior relata a sobrenatural atuação de Deus em resposta a oração do profeta, mandando fogo do céu e consumindo todo o holocausto preparado no altar. E por causa da morte dos profetas de Baal, em retaliação, Jezabel mandou matar a Elias, que fugiu, andando por muitos dias a caminho do Horebe, chamado o monte de Deus. Chegando ali, se abrigou em uma caverna, onde passou a noite, sentindo-se seguro; totalmente abrigado. Deprimido por causa da situação, começou a despejar em Deus toda a sua autopiedade. “Eu fiz tudo direitinho, da forma que o Senhor mandou; é assim que Tu me pagas? A minha cabeça está a premio e agora eu preciso viver fugindo e escondido. Todos aqueles que foram fiéis a Ti estão mortos, só eu fiquei. Acaba comigo também...”

O pecado da autopiedade nos faz rastejar nas emoções e a princípio nos escondemos numa espécie de caverna, que fabricamos, ao juntar as pedras que nos são atiradas ao longo da vida. Depois de algum tempo a caverna é que habita em nós e a escuridão da alma passa a ser tremenda. Neste ponto, as pessoas já estão totalmente dominadas por esse gigante que tira pedaços, fazendo grandes buracos na alma, quando na verdade deveríamos pertencer integralmente a Deus.


A autopiedade é a tortura mental, desprovida de amor, que consome a mente, noite e dia. O amor que dá vida, amor que impulsiona; amor que nos faz férteis. A nós foi dado o livre-arbítrio, o direito de escolha, e podemos olhar pelo seguinte prisma. Eu controlo os meus pensamentos, isto é certo; sou dona deles até o ponto que não me permito aprisionar. Se eu sou capaz de controlar os pensamentos e, já que os sentimentos são gerados pelos pensamentos, eu também consigo controlar os sentimentos negativos, não permitindo a sua instalação. Porque, depois que eles se instalam, pra mandar embora só com muito esforço, terapia e oração. Não posso impedir um pássaro de pousar na minha cabeça, mas eu posso impedir que ele faca o seu ninho.


José esteve dentro de um poço, onde foi colocado por seus irmãos para morrer. Ele trazia uma grande carga por causa dos problemas familiares e ficou tão decepcionado que mesmo após ter saído do poço e vendido como escravo para um mercador que o levou para o Egito, o poço não saiu de dentro dele. Ele o carregou durante muitos anos até que finalmente o seu cativeiro foi mudado e viu cumpridos, os sonhos de Deus para a sua vida. Mas, isso levou muitos anos, porque ele permitiu a instalação de determinados sentimentos em sua alma ferida. “Deus me fez crescer, na terra da minha aflição”, disse José ao dar a seu filho Efraim. Depende de nós, ir adiante ou ser embarreirados pelos gigantes. Augusto Cury, no seu livro “Você é insubstituível” diz que “Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais.” José sonhou, mas precisou livrar-se dos seus fantasmas para ver os realizados e ser completo outra vez.

Lute contra as prisões, mas sobre tudo, as arranque de você. Mantenha subjugado o gigante da autopiedade, que tenta a todo instante manter controle sobre a sua vida.

Deus nos abençoe.

Denise F Passos

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Desânimo “Derrubando Gigantes Interiores”

Esta é a quarta semana de estudos e orações que estamos realizando na igreja Shalom Pantecostal em Delaware. Com o tema “Derrubando Gigantes Interiores” estamos identificando um a um, os algozes que se levantam para embargar a nossa vida. Já descobrimos que o “eu”, a “língua” e a “negligência”, precisam ser mantidos sob controle para não nos afetar. Esta semana falaremos sobre o inimigo denominado “desânimo”. Basta uma pitadinha de tristeza cuidada com todo o carinho para que ele comece a existir. Estar desanimado é se encontrar com o estoque de sentimentos motivadores, vazio e assim não poder administrar o interior quando a confusão de sentimentos se instalada.

Quando criança, eu ganhei uma bicicleta dos meus pais de presente de natal, mas como não sabia andar precisava das rodinhas adicionais para ajudar no equilíbrio. Azul e branca, com duas faixas vermelhas, pneus largos, com boa estabilidade, mas eu ainda não sabia como andar. Minha amiga Luzia, mais velha que eu já sabia, embora sua mãe não tivesse condições de compra um presente daqueles para ela. Ao entardecer eu a convidava para brincarmos em frente à casa  e por um bom período dávamos  muitas voltas, uma de cada vez. Observei que quando ela pedalava fortemente a lanterna iluminava e quando eu, que ainda não sabia exercer a forca necessária para manter o ritmo, nada acontecia. Às vezes uma fraca claridade aparecia. Poucos dias depois, pedi a meu pai para retirar as rodinhas e então pude andar na mesma velocidade que Luiza, acendendo todas as lanternas da bicicleta.

Desânimo segundo ao dicionário é desalentar, descoroçoar, desanimar, esmorecer, perder coragem e o estímulo. Quando ocorre por um pouco de tempo é normal, faz parte da nossa humanidade, mas quando se instala como estilo de vida, é um perigo. Um estado de letargia vai tomando conta sem que se perceba. Isto ocorre principalmente quando a pessoa tem uma profunda tristeza na alma, que corrói toda base onde a vida é fixada. Quando o desânimo cresce assustadoramente passa do natural, então nos inutiliza, causando um sério estado de letargia. É como se a pessoa tivesse uma grande bola de ferro, presa a sua perna com uma grossa corrente, que a arrasta cada vez mais para dentro dos seus males.

A falta de perspectiva de vida vem assolando um grande número de pessoas, que olham nas quatro direções e não sabem para onde seguir. Um exagerado desânimo, uma tristeza profunda que causa dor na alma, uma irritabilidade sem causa aparente, melancolia constante, coisas que atrapalham as atividades físicas e sociais e a pessoa não sabe como reagir contra. Em casos graves, até para descansar a pessoa é desanimada. Se não houver reação contra este tipo de coisa, a armadilha da distimia, uma doença de ordem psicológica; um determinado tipo de depressão, que se apega com prazo indeterminado para retirada, se instala.

A Bíblia nos dá sábios conselhos, entre eles que devemos pedir a Deus que aumente a nossa fé. Por quê? Em primeiro lugar, porque sem fé e impossível a gradar a Deus e é ela que produz a esperança, não permitindo que o desânimo e seus aliados se instalem em nossa mente. Para que houvesse luz na lanterna da bicicleta eu tive que aprender a pedalar forte para que o dínamo gerasse energia, pois a bicicleta não tinha luz própria, precisava gerar luz através do movimento. Da mesma forma, o esforço que fazemos através da fé, para reagir contra todo tipo de mal e se manter inteiro como é propósito de Deus para a vida do Homem, é que gera a luz. A luz que é vista por outros. A luz que faz a diferença, conduz outros a deixar a escuridão.

Todas as vezes que cremos contras as circunstâncias que se apresentam no cotidiano e às vezes se arrastam por um longo tempo, parecendo que vão nos enlouquecer de tristeza, fazemos com que a fé gere força, afastando o desânimo, “sugador de energia”. É a nossa atitude que vai determinar a derrota ou a vitória.
 “Chegai-vos a Deus e Ele se chegará a vós outros...e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração”. Tiago 4:8
Para iluminarmos este mundo caótico em escuridão precisamos nos achegar a Deus. Apenas a luz que a fé produz em nós, trará esperança e solução ao caos instalado. Aos que tem ânimo dobre que, hoje é interpretado como um tipo de bipolaridade, precisam usar de bastante esforço, para limpar o coração. É necessário persistência para curar-se deste mal. A neurociência dobra-se a fé, reconhecendo que tem coisas que só ela pode realizar no ser humano.

Como vimos, este gigante que surge de repente pode transformar-se num grande e poderoso inimigo. Começando com uma simples tristeza mal administrada ou uma pequena frustração não resolvida, aliadas a outros fatores, gera desânimo; este inocente sentimento pode crescer de forma sorrateira e tornar-se como um câncer que corrói a beleza da vida. Lutar contra ele é necessário. Mantê-lo subjugado se não puder destruí-lo, é preciso. Não entregue os pontos sem antes lutar bravamente. Não desista, você nasceu para vencer.
Deus nos abençoe.


Denise F passos

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

NEGLIGÊNCIA - Derrubando Gigantes Interiores

Na série de estudos e orações que estamos realizando na igreja Shalom em Delaware, identificamos os dois primeiros gigantes a serem dominados, a fim de que tenhamos uma vida mais integral. O “eu e a língua”, foram apontados como cabeças da listagem. O terceiro gigante, não menos nocivo que outros, atrapalha bastante a vida pessoal e em sociedade. A “negligência” é uma grande inimiga que atravanca a vida, dificultando o avanço em muitas áreas.  

Quando ouvimos este termo, não temos noção de como é abrangente, requerendo muito cuidado para não nos enredar na esparrela da falta de compromisso. Uma pessoa começa negligenciando pequenas coisas e, se desde criança não for ensinada a cumprir certas responsabilidades, o caos se instala, então quando a pessoa se acha num mundo, onde a confiança dos cidadãos é destruída dia a dia, sem alternativa ético-política-religiosa, que dê soluções plausíveis ao caos social, encerra-se numa prisão, de onde não consegue sair. Porque o termo prisão? Porque o negligente com o passar do tempo, cria um determinado conforto na situação, acomodando-se ao estigma de “incapaz”.

 Como é de costume, pesquisei o tema no google, porém das tantas páginas que recorri apenas dois ou três tópicos abordavam o assunto de forma geral e a grande maioria em outras áreas, do tipo: negligência médica, jurídica, paterna etc. Parece que o tema em foco é quase nada trabalhado na elaboração do indivíduo, em sua estrutura. E o que ocorre é que a negligência é vigente, atualíssima, participativa na conduta humana, em todas as áreas cabíveis.

O dicionário nos dá uma vasta lista de significados: desleixo, falta de diligência, preguiça, ausência de reflexão necessária. Suas características principais são a inação, indolência, inércia e passividade. A negligência “insensatez” faz parte da cultura do vazio que avassala a nossa sociedade. O vazio mental é uma grave alteração estrutural da mente, que mesmo sendo tão vasta não consegue conter conteúdos devido à afetação.

 “Havendo vontade, abre-se o caminho”. Bowes

É comum, que as pessoas tenham o seu lado autônomo, independente de terceiros, donos de si e de sua história, livres para pensar e decidir, por outro lado, elas se encontram totalmente vulneráveis, com dificuldades de cultivar e manter relacionamentos e compromissos pela grande dificuldade de se auto identificar. O negligente vive em torno de si mesmo, vivendo a mercê das ondas, entregando-se as paixões vazias, onde a extrema fragilidade as deixa vulneráveis. O negligente está tão perdido dentro de si, que prioriza as grandes futilidades. Os meios de comunicação inadvertidamente contribuem para este estado de coisa, com programações chulas; humor barato, nada inteligente, ofertas de consumo exacerbado, notícias alarmantes e nada educativas.

Tudo o que é bom, tudo que enobrece a beleza da vida, a boa música, o enriquecimento interior, estão sendo relegados pela cultura do vazio, pois na atual conjuntura, promover a ociosidade está em voga. A realidade atual insiste em que, gastar tempo com o que bom e reto, é perder tempo.

Em estudo realizado na relação pais-filhos verificou-se após analise de todas as queixas que a maior parte dos distúrbios de conduta foram gerados pela negligência educacional. O produto final na criação moderna está evidenciando por uma geração de negligentes.

Apenas uma pincelada no que diz a psicanálise acerca do assunto, para entendermos que a negligencia pode evoluir em patologia, que é um transtorno de personalidade, que se não for cuidada em tempo cria um grande desvio. Isto porque o alardeado progresso provoca sentimento de impotência,  porque o homem não busca tempo para aquilo que o refaz em seu homem interior. Ao contrário apegam-se ao que é fútil, ao sexo exacerbado e a diversão ilusória, tentando arrastar o céu para o chão a fim de que fique no mesmo nível, na luta inglória contra a depressão.

Vamos focar o que a Bíblia diz a respeito. Ela trata a negligência como o pecado de “insensatez”. O texto bíblico diz: “Maldito o que faz com negligência o trabalho do Senhor...”. Jeremias 48:10a

A chamada de atenção da parte de Deus é pelo fato de que, mesmo inconscientemente, a negligência é uma desistência pelo todo da vida.  É um desapaixonar-se, não se dando conta das coisas mais importantes e relevantes da vida. É um não querer por causa da pouca forca para querer. É mais do que apenas o fato de deixar de fazer alguma coisa que lhe compete, é não sentir nenhum motivo para fazer. Os filhos do profeta Eli negligenciaram o serviço da casa de Deus. Eles banalizaram o sagrado, agindo com leviandade e grande insensatez. Deus os rejeitou e Samuel herdou o direito deles na sucessão.

Portanto, tudo que fazemos para Deus deve ser por amor a Ele. Se não temos motivação alguma para realizar o melhor, o que está acontecendo de errado? Quando decidimos viver para Deus de modo que ele faca parte do nosso cotidiano, a negligência por ser um abandono de si mesmo não mais nos cabe dentro dela. Nossa humanidade nos deixa em baixa vez por outra, isso é normal, mas não é normal o estado de letargia que e negligência provoca.

Apenas a presença de Deus pode banir de uma vez por todas tudo que nos deprime, pois como afirma a Escritura, em Sua presença até a tristeza salta de prazer. Servimos a um Deus que quer ser presente e atuante e ter liberdade em nosso ser. Mas, coisas como o vazio mental impedem a atuação do Espírito de Deus em nós. Impedem a nossa adoração. Impedem o relacionamento. Mas precisamos lutar para conseguir vencer este tipo de coisa. Nada vem de graça, precisamos conquistar.

Já passei por momentos na minha vida que eu precisei me confrontar para poder sair das prisões em que me meti. Lembro-me de um dia em que estava tão deprimida, então peguei uma cadeira coloquei no meu quarto, deitei na minha cama e comecei a desabafar com Deus. Falei tudo que me veio à mente, abri o verbo, falei com sinceridade tudo que estava ocorrendo comigo e que necessitava de mudança, de forca, coragem. Eu não o vi, mas sei que ele estava lá, pois levantei outra pessoa. Naquele dia Deus fez o carinho necessário que a minha alma necessitava. Eu não aceito estacionar em determinadas situações ruins da vida, já que tenho um Deus grandioso para me ajudar.

O gigante da negligência precisa ser controlado ou mesmo banido de nós e assim estarmos livres para um verdadeiro compromisso com Deus.

Grande abraço.

Denise F Passos