sábado, 3 de dezembro de 2011

Conflitos internos exteriorizados

No dia dezenove de novembro voei de Salisbury para Atlanta a fim de passar o feriado de Thanksgiven com a minha filha Suelaine. Fiz conecção em Philadelphia e ao transitar pelo aeroporto, observei várias famílias viajando de um lado para o outro no mesmo propósito. Atualmente, por contingências da vida, vivo distante das minhas três filhas, além das duas que criei por alguns anos, porém nossa família mantêm inquebráveis os vínculos do coração. A amizade e o respeito que construímos ao longo destes anos me traz orgulho, pois vencemos muitas barreiras para chegar aonde chegamos. Hoje, quando eu ouço que sou o anjo que Deus colocou na vida delas, agradeço a sabedoria que me foi concedida para construir mulheres fortes e preparadas para a vida.


Quantas pessoas podem dizer o mesmo? No dia a dia percebemos a dificuldade de relacionamento entre as diferentes gerações. Em todos os seguimentos da sociedade, mas escolho falar sobre quatro seguimentos dentre os muitos existentes: pais, filhos e avós; professores, diretores e alunos; patrões, chefes e empregados; pastores obreiros e membros.


Falamos a mesma língua, mas não a mesma linguagem. O próximo, a quem amamos, já não está tão próximo. E mesmo que haja proximidade física, os corações distam em quilômetros uns dos outros. O que está acontecendo? Os problemas sociais, como desemprego, saúde, violência e criminalidade, educação, desigualdade social, habitação, além de outros, se aglutinam e são considerados os vilões, pois desembocam em muitos problemas de ordem psicológica causando transtornos talvez irreversíveis.


Entre pais, filhos e avós, a comunicação tornou-se um grande problema. A geração informatizada não precisa aprender o básico da vida com os mais velhos. Tudo que precisam já está programado nos sites especializados em “família virtual”. Já não se dá importância ao respeito que deve haver com os mais experientes, para não dizer idosos. Em outras culturas, os velhos são considerados detentores da sabedoria, na nossa, uns chatos. A crise de modelo faz com que os nossos jovens olhem pessoas completamente desvirtuadas para se espelhar, e assim, assumem a imagem distorcida como padrão. Aproximar estas três gerações que vivem em mundos completamente diferentes, é um grande desafio para o amor. É ele que vai dar base ao equilíbrio para criar um censo comum no relacionamento familiar.  Os integrantes machucados se afastam cada vez mais do verdadeiro sentido de família, quando deveriam se empenhar para fazer do seu ninho um “lar doce lar”. No período de formação, minhas filhas sempre me ouviam dizer “família não é uma porção de gente morando junto”. Quando brigavam e a coisa ficava feia o castigo era, ficar abraçadas por um período repetindo uma para a outra, “irmãs não brigam, amo você”. E funcionou muito bem, são amicíssimas.


Professores, diretores e alunos se agregam dentro de um mesmo prédio em diferentes realidades. As escolas em países emergentes ainda enfrentam grandes desafios, onde, ensinar ficou muito difícil! Os professores ainda se formam cheios de entusiasmo, achando que vão educar seus alunos para mudar o mundo, mas logo se deparam com a realidade dos colégios. A falta de recursos básicos; o mau ensinamento dos anos anteriores que não lhes permitem realizar um bom trabalho; a violência que passeia nos pátios, podendo chegar às classes; pais que não ensinam o respeito aos mestres; os conflitos de todo tipo e que não são deixados do lado de fora, passam a frequentar as salas de aula, formando alunos que aprendem cada vez menos.


Ao pensar na infância, lembro-me do respeito que nutríamos pelos professores. Quem da minha geração não se lembra do nome da sua primeira professora? Eles eram nossos ídolos. Quem da minha geração não aprendeu amor a Deus e ao próximo, respeito, civilidade e civismo na escola? Os valores atuais instituídos são totalmente inversos.


Patrões, chefes e empregados trabalham com o objetivo de trazer sucesso à empresa, conquanto a competitividade desenfreada produz grande rivalidade entre os escalões, onde a regra se torna esta: “sai da frente que eu estou passando”. A tensão do desemprego gera instabilidade emocional e o empregado se não for bem preparado para o serviço, fica ainda pior. Patrões visam o seu lucro, os chefes querem agradar os patrões e o pobre do empregado que se lasque. Eu trabalhei no registro de diploma da Faculdade Nuno Lisboa, e gostava muito do serviço que fazia, porém tinha um chefe que era deficiente no corpo e na alma. O sujeito era intragável. Um dia ele levou uns diplomas do curso de engenharia para serem registrados no MEC, trazendo outros já devidamente registrados e ao voltar deveria me prestar contas para que eu os protocolasse e não o fez. Cerca de um mês depois o formando veio requerer o diploma que simplesmente sumiu.
A culpa foi parar em quem? Obviamente chefes nunca são culpados de nada. Eu revirei aquela sala de ponta a ponta, até no arquivo morto eu procurei, e nada. Sobrou apenas a mesa do chefe. Dirigi-me a ele e disse já ter procurado em todos os lugares possíveis e impossíveis, apenas não havia procurado na mesa e armário privativos dele. A reposta foi: você pode procurar, mas aqui é impossível de estar e você precisa dar conta deste documento. Revirei as gavetas da escrivaninha com vontade de esganar o chefe e quando abri a porta do armário, ei-lo. O diploma estava na bolsa do chefe. Aquela situação me causou um enorme transtorno, eu estava grávida de dois meses da minha primeira filha e as dores e o sangramento de um princípio de aborto me colocaram numa encruzilhada e eu escolhi deixar o emprego para não perder o meu bebê.

Os novos programas interativos das empresas sérias, que visam o bem-estar do funcionário, são louváveis.   


Pastores, obreiros e membros, não escapam dos problemas. As igrejas deixaram de ser meditativas para serem contemplativas. O valor educativo na igreja está se resumindo ao que o povo vê e sente e não ao que ouve e aprende. A cultura oral deu certo ao longo de muitas gerações. A língua hebraica e a Torá foram preservadas milagrosamente mesmo com toda dificuldade que este povo passou. Eles entendiam a necessidade de sobrevivência da sua cultura e assim os pais ensinavam aos filhos e estes aos seus filhos e assim sucessivamente. Cada um se sentia parte do todo. Qual a dificuldade em continuar?


Hoje o miraculoso computador cerebral se recusa a aprender o que lhe é inconveniente. Depois que as meias verdades começaram a ser aceitas e o “isto não tem nada a ver” começou a andar de boca em boca, a confusão generalizou. Cada um faz o que quer. Troca-se de igreja como se troca de roupa. Aprender? Nem pensar. Tenho acompanhado de perto a dificuldade de pastores que levam com seriedade o seu pastorado no discipulado do seu rebanho, mas o povo anda indomável. Eles pensam, “já que a igreja é a casa do meu pai, posso fazer o que bem entender”. Ledo engano. Neste contexto, não é apenas a diferença entre as várias gerações pertencentes ao grupo, o problema é de sujeição à autoridade imposta por Deus.


Após esta resumida exposição podemos dizer que falta bastante equilíbrio nas situações destas áreas. Poucos se preocupam em fazer um caminho para chegar ao outro. Os construtores de pontes entre os corações afastados estão em escassez. O que vai ser das gerações futuras? Que legado deixar para elas? E a tendência é piorar, pois ninguém dá o que não recebeu.


Deus se fez um de nós, viveu a nossa humanidade para nos entender como somos. Porém, nós não nos fazemos um do outro para sentir as dificuldades; entender os tropeços sem apontar o dedo em rosto; chorar as dores e sorrir as alegrias; servir de cura as dores da alma; carregar no ombro se necessário for; perdoar as ofensas.


Quem vê alguma deficiência torna-se responsável em divulga-la e supri-la. Tenho sido bastante incomodada com estas situações, por isso mesmo decidi compartilhar. Espero ter sido útil e se quiserem falar sobre qualquer dos assuntos, podem enviar comentário ou mesmo e-mail.


Obrigado.

Sejam grandemente abençoados.

Denise F Passos

2 comentários:

  1. deveras vc participou de quimeras mil ao ser educada de uma forma tao provincial caridosa amorosa protetora imperativa mas com fundamentos especificos e baseado no inicio de um amor fraterno paterno inusitado. nossos pais se preocupavam diuturnamente conosco. orientavam o vestir falar portar se. era educação cosmopolita tinham seus limites, mas venciam os obstaaculos para nos lançar mais adiante.
    vc tem berço tem veracidade tem condiçoes de esrtabelecer parametros por isso pode orientar induzir e fortalecer o id de cada um dos seus. que vc nunca perca a docilidade que diferencia a mulher do homem.

    ResponderExcluir
  2. olá vim conhecer teu blog através do blog da Patricia ! gostei do blog estou seguindo e voltarei sempre que der!!!

    ResponderExcluir