Em setembro do ano passado fomos ameaçados por um tornado que
veio do Caribe de forma contundente, machucando o sossego por onde passava. Dias
antes estava viajando de Washington para New York, com a minha amiga Loide e
vimos um movimento estranho no ônibus. O passageiro da poltrona ao lado levantou-se e
perguntou ao motorista se conseguia comunicação com a central para saber se a
notícia que tinha chegado a ele era verdadeira. Minutos antes eu senti um
balançar do ônibus, e um efeito como uma tonteira, e instantaneamente lembrei-me
do terremoto em João Câmara há muitos anos atrás.
Estávamos de férias na casa da minha irmã em Natal, RN, já
deitados para dormir. Eu e as minhas três filhas que ainda eram crianças, numa
cama improvisada no tapete da sala, descansamos depois de um longo dia de
atividades, de forma que o meu ouvido estava praticamente no solo, pois para
pegar no sono viro de bruços e retiro o travesseiro. Enquanto o sono não chega
costumeiramente, falo com Deus, mesmo tendo orado antes de deitar. Estava num
papo agradável, quando caí na asneira de pedir que Deus falasse comigo,
duvidando que ele estivesse me ouvindo, afinal tanta gente ouve a voz de Deus,
porque eu não poderia?
De repente começou a surgir um barulho, como um grande urro, vindo
de dentro da terra e crescia com intensidade tal, movendo tudo ao redor. Um som
que me paralisou terrivelmente. Levantei assustada, olhei as crianças que nem
se deram conta do que estava acontecendo. Nesse instante, meu cunhado, Marcelo,
saiu pulando do quarto e gritava: Denise é terremoto, Denise é terremoto... E a
gente não sabia o que fazer e enquanto eu ensaiava pegar as crianças olhei para
cima e pedi perdão, prometendo a Deus que, jamais duvidaria que estava sendo
ouvida por ele.
A central da empresa rodoviária confirmou que houve um
terremoto na intensidade de 5.8 no estado de Virginia, bem perto de onde
estávamos. Todos no ônibus tentando falar com seus parentes para saber se tudo
estava bem, e graças a Deus nada de grave havia acontecido. Escapamos do
terremoto, porém do furor do tornado era difícil escapar. O canal do tempo se
encarregava de aterrorizar e dizer as pessoas para se prevenir com bastante
água e comida não perecível. Loide e eu voltamos para Maryland na sexta-feira
de madrugada e a nossa oração era para que aquele tornado por nome Irene tomasse
a direção do mar.
De igual modo aconteceu há alguns anos atrás quando o furacão
Isabel passou por nosso estado e nem foi num tão grau elevado. Lembro de ter
deixado o trabalho mais cedo e passado no mercado para estocar alimento e água.
O vento já era forte. O Bobby, nosso cachorro, olhava para a coleira e olhava
para a porta, olhava para a coleira e olhava para a porta, com vontade ir
atender as suas necessidades, mas quando abríamos a porta ele voltava com medo
do vento. Forcei-o a ir e, acho que ele nunca as fez tão rápido, nem escolheu
lugar apropriado. Foi a nossa primeira experiência com este tipo de intempérie
da natureza. Um furacão quando recebe um nome feminino é porque vem para
arrasar.
As pessoas ligavam umas para as outras para passar um pouco
de calma, esperança e confiança na bondade de Deus. Muitos queriam ir ter
conosco para juntos enfrentarmos a tormenta. Minha enorme casa era de esquina,
ao lado de um lindo bosque e as grandes árvores nos ameaçavam. Quando anoiteceu
nos reunimos em família e oramos para que Deus guardasse a nossa vida,
guardasse a nossa casa e não nos deixasse sem luz e água.
Em sua grande maioria, as casas nos Estados Unidos são feitas de
madeira, para calafetar melhor por causa da discrepância de temperatura entre o
verão e o inverno. A madeira trabalha melhor a temperatura, mas por outro lado
é mais frágil. A casa rangia com o vento forte, sentíamos o movimento da
madeira se contorcendo e o medo nos rondava a cada rangido. Num dado momento,
logo após o noticiário avisar que o tornado passaria em Silver Spring, a cidade
onde morávamos, meu cunhado Marcelo que morava conosco, levantou-se e disse:
Vamos ordenar a este tornado que tome outra direção, porque Deus já deu a voz
de comando. Então nos reunimos outra vez, clamamos ao Senhor e em nome de Jesus
ordenamos ao Furacão que tomasse outra direção.
O vento não tinha cessado ainda e era madrugada. Fizemos uma
cama enorme na sala, para não ficarmos na parte de cima da casa e nem no
basement, (porão) e assim permanecermos juntos. Assistimos ao noticiário nos
intervalos de alguns filmes apenas para desopilar. Já que estávamos todos lá,
resolvemos dormir em família e até o cachorro, Bobby Passos insistiu em
participar.
No dia seguinte, vimos o resultado da forte ventania. Galhos
de árvores espalhados, grandes e pequenos, a grama coberta de folhas e ainda
encharcada. Algumas casas foram atingidas e pessoas morreram por causa das
árvores que caíram. A água não faltou na torneira e quando a noite chegou
pudemos constatar que a nossa, era uma das poucas casas que não faltou energia
elétrica, que só veio a normalizar depois de quatro dias. Soubemos depois que
lamentavelmente o furacão fez muito estrago no estado vizinho.
De forma que quando o furacão Irene passou, nos prevenimos
com água e alimentos, mas o medo não nos assolou. Eu e minha filha Sueni,
estávamos sós em casa. E da mesma forma na experiência anterior, oramos e
pedimos que o furacão se desviasse para o mar, então dormimos em paz durante
toda a noite. Agora com a família reduzida, espalhada e sem o cachorro, tivemos
que contar com Deus e uma com a outra, mas sobrevivemos pela misericórdia dele.
Neste dia uma das casas perto da casa da minha irmã, teve o telhado literalmente
arrancado pelo furacão.
Assim também são as tempestades que vem para destruir o que
há de melhor em nós. A gente não vê o vento, mas percebe o seu movimento que
desarrumando a vida, tira tudo do lugar, tudo o que planejamos; tudo que construímos.
Mas, o Deus que intervêm nas intempéries naturais é o mesmo que nos livra da
fúria das tempestades e nos dá autoridade para dizer ao vento: Aquieta-te.
Mesmo que para o nosso crescimento, seja necessário, o Senhor
nos convidar a andar ao encontro dele sobre as águas, a fim de conhecermos a
intensidade do perigo, até então apenas visualizado e, só assim experimentarmos
a total dependência; ele o fará. O senso de humor de Deus é fantástico, quando
nos empurra em direção ao crescimento.
Tem gente que serve a Deus há muito tempo e ainda é convidada
a andar sobre as águas. Quando recusa o convite repetidas vezes, o balanço das
ondas o projeta nas águas, num mergulho sufocante, para a profunda experiência que
se propõe unicamente ao aprendizado. Toda teoria que aprendemos no conhecimento
de Deus será valiosas nestes momentos. As duas precisam se fundir para um
melhor resultado na vida cristã. Teoria e experiência. Elas completam a nota,
no boletim, das provas a que somos submetidos, para a passagem de nível na
carreira cristã. Às vezes as histórias se repetem e se entrelaçam parecendo tão
confusas. Mas, elas acontecem como uma chance para nos aperfeiçoarmos, naquilo
que fomos mal sucedidos anteriormente.
O Senhor não retira o mal. Até que aprendamos que o Mestre
está sempre perto, ao alcance da nossa voz e a dependermos dele; o mal continua
presente. Basta estender a mão em sua direção e clamar por socorro. O coração do
Senhor Jesus, está ávido a se mover de compaixão para voltamos a ter segurança
completa, mesmo em meio à tempestade. Não é seu desejo nos ver inseguros. Mas,
tão certo como DEUS É, há um tempo, em que Ele ordena e o vento e as águas revoltas
são obrigadas a obedecer e a acalmar. Nenhuma tempestade dura para sempre. Elas
são esporádicas.
Portanto, coloque a sua fé em ação... O Mestre está perto, ao
alcance da sua mão. Clame - insista - não desista.
Deus nos abençoe com uma vida de paz!!!
Denise F Passos
Nossa seu relato é impressionante imagino mesmo a agonia que passaram, mas ainda bem que deu tudo certo.
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