quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sempre amigos


 Ontem assisti a um filme que me fez pensar bastante. Tratava-se da história de amizade incomum, entre dois garotos adolescentes. Aos treze anos de idade, Max é um gigante, que se interiorizou por sofrer um trauma de infância, ao presenciar o assassinato da mãe. Tem dificuldades para ler e se comunicar. Zombado e olhado por todos, por causa do seu tamanho, considera-se uma aberração da natureza; então às vezes se refugia em baixo da cama, olha fixamente o estrado, onde mergulha profundo, num lugar reservado de sua mente e flutua como uma nuvem que se desfaz com a chuva, e desaparece.

Kevin, um nerd que mudara para a casa geminada, sofria de uma doença rara, cuja musculatura atrofiou, enquanto seus órgãos internos continuaram a crescer. Sua coluna vertebral fazia um arco visivelmente alterado. Andava com a ajuda de muletas, mas conseguia se superar. E o seu refúgio também era na mente, porém de forma inteligente e criativa. Ele vibrava com a vida e a sua mente o levava a mundos onde as pernas não conseguiam.

Dois adolescentes em grande contraste.

Um dia Kevin quis assistir aos fogos de artifício e pagou cinco dólares para que o seu vizinho Max o levasse. No meio da multidão o pequeno amigo não podia ver nada a não ser ouvir o som da subida e do estouro, mas nada do belo colorido dos fogos de artifício. Então ele disse ao amigo, abaixe para que eu possa ver. De repente, Max abaixa e fita os olhos de Kevin com muita compaixão, suspende-o a altura dos ombros, enquanto as muletas caem. Ao passar a ver a multidão e todo o parque do alto, se sente uma pessoa completa outra vez. Levanta o braço em direção ao céu e grita de alegria, sentindo-se como um dos poderosos cavaleiros dos livros de aventura, que tanto amava ler.

O amigo gigante passou a carrega-lo nos ombros, pois ouviu a sábia sugestão: Eu posso ser o seu cérebro e você as minhas pernas. E assim, os dois passaram a se completar. Kevin o ensinou a pensar e a organizar de forma inteligente seus pensamentos. Certa vez, o ensinou sobre o Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda, em toda a sua mensagem de justiça. Assim, a dupla passou a ser defensora dos fracos e oprimidos.

Mas, o pobre Kevin piorava a cada dia, e fazia da morte o seu brinquedo inevitável. Certo dia, por simples divertimento, comeu rápido demais e engasgou-se, parando de respirar; fato que afetou o cérebro. Mas, Kevin havia sido mais do que amigo, ele foi mestre. E um mestre deixa marcas, profundas na vida do discípulo. Max, que a princípio mal sabia soletrar, passou a descrever brilhantemente as aventuras vividas pelos dois. Um livro de oito capítulos foi o resultado desta marcante amizade que revolucionou e eternizou a vida dos dois amigos.

Parece uma triste história. Mas, é história de vida. História de gente que sabe viver acima dos problemas e das dificuldades que lhes é imposta. Gente que descobre que a amizade é para sempre e que o amor além de belo, é mais forte que a morte.

Gente que descobre que vale apena investir no potencial e que não desiste enquanto não vê resultados positivos. Que descobre a beleza das coisas simples e faz dela a sua riqueza. Gente que vive um mundo colorido onde só consegue enxergar as cores brilhantes de quem vive em sintonia com o amor.

Kevin ensinou a Max, a celebrar a vida e ele aprendeu muito bem a lição. Nunca mais foi o mesmo. Sua vida deu uma guinada de 360 graus, apenas por ter se dedicado a uma grande amizade. As pessoas entram na vida da gente com um propósito e aquelas que são sinceras e realmente valem a pena, precisam de espaço para escrever sua passagem por nós. As taboas do coração são infinitas, cabe um enorme número de histórias. Embora muita gente insista em deixa-las em branco pelo medo de se ferir. Tudo que é falado e aprendido, gestos, cada encontro, passeio, tristezas e alegrias que marcam presença, abrindo passagem para o aprofundamento das relações, fixam na mente para o resto da vida. O verdadeiro amigo sente a dor e a alegria do outro, mesmo que esteja distante. O amigo sabe calar e falar em tempo certo. Não julga, mas sabe amar a despeito das decepções. O verdadeiro amigo mergulha no atoleiro, arriscando a vida e a reputação para buscar seu afeto, não importando o perigo.

Vez por outra, quando a mente volta a cinquenta anos atrás e vai a Vaz Lobo, sinto falta de uma amiga de infância chamada Luiza, irmã do Guinho, e filha da D. Manuelina, que lavava roupa para a mamãe. Eu e ela brincávamos bastante, mamãe nos ensinava a ler e a escrever, porém o que marcou foi o fato de eu não gostar de comer, então mamãe a chamava para me fazer companhia e eu me alimentava melhor. Às vezes quando penso nos bons momentos da infância, oro por ela. Tenho uma vaga lembrança do seu rosto, mas a gente não deixa de amar os amigos só porque eles se vão. Se eu fosse comentar cada flesh, de boas lembranças junto aos muitos amigos, teria que escrever um livro e não apenas um texto.

Volte no tempo e procure amigos perdidos por lá. Pessoas que marcaram a sua vida, com grandes ou pequenos gestos, vão surgir na lembrança. Recentemente eu estou tendo a experiência de encontrar amigos perdidos nas voltas que o mundo dá. O Orkut e o Facebook, para muita gente pode não significar nada, (especialmente para quem perde tempo em bisbilhotar e comentar a vida alheia) mas, para mim tem sido útil, no sentido de me reaproximar de pessoas que fizeram parte da minha história de vida. Pessoas que amo, porque sou apaixonada pela vida, e por quem Deus colocou no meu caminho. Pois, nada acontece por acaso e ninguém se aproxima se outra pessoa sem objetivo algum. Ame ao seu próximo, mas também procure a sua amizade. Estreite relacionamentos. Não permita que as pessoas passem pela sua vida, sem que você encrave nelas as marcas da amizade. Desta forma, elas te levarão por toda a vida.

          Poema (os amigos que bem me conhecem, sabem que tudo comigo acaba em poesia kakaka)

Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.


“Sendo assim, a sua amizade, é um grande milagre de Deus na minha vida”.

A todos os meus queridos amigos, “obrigada por existir”.

Denise Figueiredo Passos