sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

“A língua”...DERRUBANDO GIGANTES INTRERIORES


 Na semana passada começamos uma série de estudos e orações, com o objetivo de identificar alguns pontos a trabalhar em nós mesmos. Com o título “Derrubando gigantes interiores”, estes estudos visam apenas alertar para a necessidade que cada um tem consigo mesmo em se conhecer e avaliar. Vale a pena adquirir o saudável hábito que nos aconselha o apóstolo Paulo “examine-se o homem a si mesmo...”. A contemplação é um hábito pouco praticado pelos ocidentais, e isto não facilita este exame tão necessário. Antes, porém, nos achamos aptos a avaliar a vida do próximo, o que é um erro grotesco.

A natureza humana é composta por muitos fatores que trazem influencia negativa ou positiva, dependendo da estrutura de formação. O “Eu” somado a todos os ISMOS foi identificado como o primeiro gigante a ser dominado, pois na verdade, nós podemos ser o nosso melhor amigo ou o nosso pior inimigo. Depende muito do bem que queremos ao homem interior que possuímos.


Partindo do princípio de que, a boca fala do que o coração está cheio, chegamos a conclusão do segundo gigante que devemos controlar. A “língua” é muito íntima do “eu”, por isso o “eu essência” deve ser trabalhado e, se a outra face do “eu” já estiver em domínio fica mais fácil controlar os parceiros. Esta parceria acentua-se quando alimentamos o ego com os nossos achismos, quando não paramos a fim de avaliar situações e assim ter a misericórdia necessária com o próximo.


Este é um assunto tão sério que a Bíblia afirma o seguinte: “A vida e a morte estão no poder da língua; aquele que a ama, comerá do seu fruto”. Provérbios 18:21


A língua é um órgão muscular, responsável pelo paladar. Uma série de ossos, glândulas e outros músculos trabalham para o seu bom desempenho. Este é o único músculo voluntário que não se fadiga, isto é, não se cansa quando se esforça. A língua que faz identificar os diferentes sabores, também ajuda a jogar a comida de um lado para outro, mantendo-a no devido lugar durante a mastigação. Seria impossível ao ser humano poder falar, sem a ajuda da língua. Também é de sua responsabilidade trabalhar os diferentes fonemas da fala, tal a sua mobilidade.


Quem já ouviu a frase: “tenho uma bomba pra te contar”? Acho que todos nós já ouvimos de uma forma ou de outra. O termo deriva da bomba de fissão nuclear. Quando um núcleo é bombardeado ocorre uma fissão. O núcleo se divide em dois e estes dois atingem a outros que também são divididos, ocorrendo uma multiplicação em cadeia até chegar a um ponto de pressão tão grande, que explode. Da mesma forma são as “inocentes bombas”, não menos atômicas do que as consideradas reais, que são disparadas através da língua e explodem com a moral da vítima.


Vida e morte são dois extremos antagônicos. Não há como ter vida e morte, caminho de vida e caminho de morte ao mesmo tempo. Mas, podemos e devemos escolher. A Bíblia não á drástica neste versículo, apenas revela o que há por traz de tudo que proferimos. Tudo que deixamos nascer com a exteriorização do pensamento através da fala. Enquanto um pensamento não for verbalizado é mantido sob controle e, inofensivo à vida de outros, porém quando pronunciado ocorre um efeito que pode ser benéfico ou catastrófico, dependendo do que se fala.


Eu tive uma criação bastante rígida, e agradeço a educação que tive dos meus pais. Eu e meus irmãos nunca ouvimos nossos pais fazerem comentários maliciosos ou jocosos em questão da moral de outras pessoas. Os assuntos ministeriais eram tratados de forma privada e a particularidade dos membros era preservada. Lembro-me de sempre ouvir a frase “não vi e não sei, cabem em todo lugar”, em nosso período de formação; mas hoje, é comum as famílias sentarem em torno da mesa para falar mal de todos os conhecidos e até muitos que consideram amigos. Os próprios pais ensinam a seus filhos a não ser confiáveis.


A coisa é que, isto vai crescendo dentro da pessoa de tal forma que ela se acostuma a falar o que não deve sem se dar conta, como se estivesse chupando uma simples bala. Em algumas isto se acentua tanto que se transforma em cinismo tornando-as malignas na deformidade do caráter. Infelizmente de um jeito praticamente irreversível, visto que são aprisionadas pelos defeitos que se tornam estilo de vida e infelizmente carregam o estigma de fofoqueiros, caluniadores, intriguistas, mexeriqueiro, bisbilhoteiros. Nada agradável ter alguém assim por perto. O máximo que estas pessoas podem chegar perto da vida de outra é no nível da trivialidade.


O caluniador é o mentor e o fofoqueiro o seu criado, fazendo o sujo serviço de entrega. Os dois trabalham em conjunto no departamento de demolição da vida alheia. Quebram sem dó nem piedade o que levou anos para ser construído; a moral do próximo. Uma das coisas que aprendi é que nunca se fala da moral alheia. Afinal, todos temos uma parte do telhado feito de vidro.


Tiago descreve com bastante clareza o assunto em sua epístola, no capítulo 3, versículos de 3 ao 6, onde pondera que colocamos freios na boca dos animais para os dominar e, os navios que impelidos por fortes vento, são dirigidos por um pequeno leme, e que basta uma fagulha para incendiar todo um bosque. Da mesma forma a língua é um pequeno órgão do corpo, que age como o fogo, que sendo inflamada pelo inferno, incendeia todo o curso da nossa vida. De forma que, alguém que se orgulha em ser religioso, mas não controla a sua língua, a sua religião para nada presta. ISTO É MAIS SÉRIO DO QUE IMAGINAMOS.


 Suelen, minha filha mais velha, foi bastante peralta. Um dia subiu na janela da nossa sala de estar e enquanto conversava com as amigas que estavam do lado de fora, resolveu pular. Ao cair no chão com a força do deslocamento do corpo, a língua que ficou entre os dentes foi mordida e sangrou muito. Lá fomos nós para o hospital costurar a língua da Suelen. Como o tecido da língua é poroso e escorregadio, os pontos não seguravam e ela precisou costurar a língua por três vezes, em dois dias.


Este órgão, que foi criado com tanto esmero para o prazer do ser humano, deveria ser melhor utilizado; para falar o que é certo no momento certo, para falar de amor e abençoar a vida de outra pessoa, para degustar a diversidade de  tudo que foi criado a fim de nos alimentar, para proteger o organismo não permitindo que nada estragado seja ingerido, para beijar deliciosamente. O que deveria ser bênção na vida da pessoa ela mesma é capaz de transformar em desgraça. Tem muita gente que precisa dar uma boa mordida na língua para evitar que ela fale o que não deve, a fim de deixa-la costurada dentro da boca por mais tempo.


O assunto parece sem importância, mas é bastante sério. Este pequeno órgão, criado para o prazer do homem, pode ser destorcido em prazer de destruir. Este enorme gigante precisa ser controlado, antes que destrua o que temos de melhor, a integridade.


Para finalizar volto às palavras de Tiago, 3:2, “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para refrear todo o corpo”.  Como expliquei no texto da semana passada, esta perfeição é no sentido de inteireza de coração. Se alguém prejudica a seu próximo, mesmo com palavras que parecem tão simples, não pode estar inteiro com Deus.

Deus nos abençoe.


Denise F Passos