Estamos bem adiantados em nossa lista
de gigantes a combater. Quem nunca encarou um destes de frente? Eles se
apresentam na vida de qualquer pessoa; a princípio de forma branda, quase
imperceptível, fincam seus tentáculos sutilmente nos sentimentos e
gradativamente minam a vida.
Frustração,
em seu significado relacional, tem o sentido de privar (a outro) do que espera,
iludir, baldar, malograr, inutilizar-se. Resulta também em reação de amargura,
rancor, ansiedade. Frustração é o resultado de sonhos
irrealizados que vão pouco a pouco decepcionando a pessoa, criando sensação de
inutilidade progressiva. Este gigante traz consigo armadilhas sagazes, criando
uma barreira dentro de nós se contrapondo aos objetivos e as bênçãos que
precisamos alcançar.
A
frustração é sentimento que nos acompanha desde os primeiros traumas ocorridos
na infância, mas ela só arvora quando é alimentada pelos colegas gigantes que
falamos anteriormente. Uma pessoa precisa aprender a lidar com as situações
frustrantes desde a infância. Mães que dão tudo a seus filhos e fazem todas as
suas vontades, não permitindo que conquistem coisas pelo próprio esforço, criam
adolescentes rebeldes, voluntariosos e adultos infantilizados, com graves
problemas de adaptação, justamente por não terem desenvolvido resistência à
frustração.
Nossa
meditação de hoje está baseada na história de um homem comum, que sonhou por 38
anos até alcançar seu objetivo. “João capítulo 5:1 a 9, narra a história de um
homem paralítico, que jazia junto ao poço de Betesda, junto a um grande número
de enfermos, esperando por um milagre. E aí um anjo descia de tempos em tempos e agitava as
águas e o primeiro que entrasse na água era curado de qualquer enfermidade.
Jesus surgiu no local e parou junto ao homem que durante trinta e outo anos de
sua vida não fazia outra coisa a não ser ir aquele tanque. Perguntou-lhe: Queres
ficar curado? A resposta foi objetiva. Eu tenho vindo aqui por longos trinta e
oito anos e não tenho amigos que me lancem em primeiro lugar na água, após ser
agitada. No que Jesus replicou: Vai, toma a tua cama e anda”.
O
homem da nossa história, durante trinta e oito longos anos perseguiu a sua
oportunidade. Um herói anônimo, que venceu todos os gigantes que descrevemos
nas postagens anteriores. Venceu o “Eu, que lhe dava razões suficientes para
desistir; a língua que reproduzia as mensagens negativas enviadas pelo eu; a
negligência, que tentava roubar-lhe os motivos para estar lá, o desânimo que
tirava a vontade de tentar outra e outra vez, a auto piedade que lhe dizia não
ser merecedor daquela situação e principalmente a frustração, que andava ao
redor mostrando a sorte do seu próximo”.
Eu
imagino aquele homem, ano após ano esforçando-se para chegar ao tanque, pedindo
favor a terceiros, ouvindo piadas, fazendo um esforço descomunal para não
entender a má vontade de outros. Que tipo de sentimentos frustrantes invadia o
seu coração, todas às vezes que outra pessoa era curada e ele precisava continuar
esperando e, mais uma vez voltar se arrastando para casa?
Frustração é não ver os resultados esperados.
Este
homem tinha motivos suficientes para se revoltar; ele estava esperando por
quase toda a vida. O abando dos sonhos é o produto da multiplicação das
frustrações. Esperamos tanto da vida e nada acontece. Nem sempre a família é do
jeito que queremos, nem sempre o casamento é feliz como idealizamos, pelo
contrário, é frustrante a cada dia que passa; o emprego não nos traz o retorno
desejado, a casa própria e o carro novo se distanciam cada vez mais...
O
acúmulo de frustrações causa inutilização da fé. Mas, aquele homem não desistia
de crer e esperar por sua vez, por isso eu o chamo de herói.
O
sentimento de frustração até certo ponto é natural. Como humanos, às vezes nos
frustramos passageiramente, mas levar uma vida inteira chorando pelo leite
derramado aprisiona-nos onde o fato frustrante aconteceu, impedindo que sigamos
adiante, que prossigamos em busca da realização dos sonhos.
A
grande necessidade, aliada a uma fé que não desiste, levou Jesus àquele homem
no tanque de Betesda. Jesus sabia que ele estava esperando por um longo tempo.
Ele esperou mais tempo do que Abrão, José ou mesmo Davi. Esses tiveram sonhos,
unção, promessa, da parte de Deus e aquele homem não tinha uma promessa em particular,
ele pegou o que encontrou na geral. Esperava junto ao povo do lugar.
O
tempo passa... Porque nunca chega a minha vez? Mas, de repente ele olha para o
caminho, de onde vem um homem comum, andando devagar em sua direção, para e
coloca-se ao lado dele. Naquele dia em especial, Jesus não foi para o lado da
multidão de enfermos, mas na direção daquele homem, cuja persistência fez mover
o Seu coração especialmente em favor dele. Jesus não precisa mover as águas
para lhe te abençoar, ele apenas pergunta: Você quer ser abençoado? Eu vim
por você. É a persistencia em fé, que agita o coracão do Mestre em nosso favor.
Frustração é decepção acumulada.
E
se você acumula decepções não dando a volta por cima, perde a oportunidade
quando ela chega. Não importa quanto tempo leve; caminhe em direção ao tanque
todos os dias, se for preciso. Não dê ouvidos à frustração que o tempo traz
consigo, pois, mesmo que você ainda não tenha alcançado o seu objetivo, a esperança nunca te despede vazio.
Eu
quase posso ver aquele homem lutando contra as circunstâncias e dizendo a si
mesmo, enquanto o soluço sufocava o peito e a lágrima escorria pela face, “da próxima
vez, vai acontecer”!
O
tempo que passou, ficou para traz. Mantenha o coração confiante e os olhos fitos
no caminho de onde o Mestre vai chegar. Falta pouco. Já ouço os passos em sua
direção...
Deus
nos abençoe.
Denise
F. Passos.